Renascimento Italiano

'Os Bórgias': quem foi a família real e o que é verdade na série?

Série disponível no Mercado Play revive a trajetória dos Bórgias e mistura fatos históricos com intrigas que marcaram uma das famílias mais controversas da Europa.

#PubliEditorial

O Renascimento Italiano foi um período de extraordinária efervescência cultural, artística e científica, mas também foi palco de conspirações políticas, traições e lutas de poder que moldaram a Europa. Poucas famílias encarnam a ambição e a controvérsia dessa época como os Bórgias. Para os fascinados por intrigas históricas, a produção os bórgias série, disponível gratuitamente no Mercado Play, captura essa essência com uma narrativa visualmente rica e dramática. Mas, por trás do roteiro e das atuações, quem foram os verdadeiros Bórgias e até que ponto a ficção reflete a realidade?

A ascensão de uma dinastia espanhola em Roma

A família Bórgia (originalmente Borja) tinha suas raízes na Espanha, especificamente no Reino de Valência. Sua ascensão ao poder na Itália começou com Alfonso de Borja, que se tornou o Papa Calisto III em 1455. No entanto, foi seu sobrinho, Rodrigo Bórgia, quem consolidou o nome da família no epicentro do poder mundial ao ser eleito Papa Alexandre VI em 1492.

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Este é o ponto de partida da série. A eleição de Rodrigo não foi isenta de polêmicas. Relatos históricos apontam para a simonia, a prática de comprar cargos eclesiásticos, como um fator decisivo em seu conclave. A série retrata com precisão esse ambiente de corrupção, onde votos eram negociados em troca de terras, títulos e riquezas. Alexandre VI era um homem de fé questionável para os padrões atuais, mas um político e diplomata extremamente hábil. Ele via o papado não apenas como uma posição espiritual, mas como uma ferramenta para elevar sua família a um status de realeza, garantindo poder e segurança para seus filhos.

Os filhos do Papa: peças-chave no tabuleiro do poder

A série foca, com razão, nos filhos mais famosos de Alexandre VI, frutos de sua longa relação com Vanozza dei Cattanei: César, Lucrécia, João e Godofredo. Cada um desempenhou um papel crucial nos planos de seu pai.

  • César Bórgia: Inicialmente destinado à carreira eclesiástica como cardeal, César era um homem de ambição ilimitada e pouquíssimos escrúpulos. A série o mostra como um estrategista brilhante e implacável, uma representação bastante fiel à realidade. Ele se tornou o primeiro homem na história a renunciar ao cardinalato para seguir uma carreira militar, tornando-se um condottiero (líder mercenário) temido em toda a Itália. Sua crueldade e eficiência inspiraram Nicolau Maquiavel a escrever "O Príncipe", um dos tratados políticos mais influentes de todos os tempos. A série explora suas campanhas militares e sua determinação em unificar os territórios papais sob o domínio dos Bórgia.
  • Lucrécia Bórgia: Talvez a figura mais difamada da família, Lucrécia é frequentemente retratada como uma envenenadora incestuosa. A série, embora explore essas acusações para fins dramáticos, também oferece uma visão mais complexa. Historicamente, Lucrécia foi, acima de tudo, um peão nos jogos políticos de seu pai e irmão. Seus casamentos foram alianças estratégicas: seu primeiro marido foi anulado quando a aliança perdeu valor; o segundo foi assassinado, provavelmente a mando de César, quando se tornou um obstáculo. No entanto, após seu terceiro casamento, como Duquesa de Ferrara, Lucrécia se transformou em uma respeitada e competente governante, patrona das artes e uma figura muito mais matizada do que a lenda sombria sugere.

O que é fato e o que é ficção na tela?

Como toda obra de ficção histórica, a série toma liberdades criativas para construir uma narrativa coesa e emocionante. É fundamental entender que o objetivo não é ser um documentário, mas sim dramatizar os eventos.

A principal licença poética está na intensidade das relações pessoais. A notória acusação de incesto entre César e Lucrécia, por exemplo, é um dos pilares dramáticos da produção. Embora existissem rumores na época — muitos deles espalhados por inimigos dos Bórgia para manchar sua reputação —, não há provas históricas concretas que confirmem essa relação. A série utiliza essa ambiguidade para criar tensão e aprofundar a complexidade dos personagens.

Outro ponto de ficção reside na condensação de eventos e na criação de diálogos. Batalhas, negociações e conspirações que levaram meses ou anos para se desenrolar são, por necessidade, resumidas em poucos episódios. As conversas privadas, obviamente, são fruto da imaginação dos roteiristas, baseadas nas personalidades e nos objetivos conhecidos de cada figura histórica.

Apesar dessas adaptações, a produção acerta em cheio ao capturar o espírito da época: a violência endêmica, a opulência da Igreja, o nepotismo desenfreado e a constante sensação de que a vida e a fortuna poderiam ser perdidas em um piscar de olhos. A série os bórgias série é um portal fascinante para o mundo complexo do Renascimento, mostrando como o poder podia corromper e como uma família, movida por uma ambição desmedida, quase conseguiu dominar a Itália.



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