Passado o susto de quase morrer afogada depois que seu carro foi jogado no rio Itajaí-açu, a zeladora Angela Maria Pureza Gonçalves, de 55 anos, e sua família, agora tentam ser ressarcidas pelo prejuízo. O acidente aconteceu no sábado passado, quando o carro caiu no rio Itajaí-açu, em uma curva do parque náutico Odílio Garcia, em Itajaí. O Fox 1.6 Plus que Angela dirigia não tinha seguro e a empresa dona do caminhão, a Gratidão Empreendimentos, ainda não confirmou se vai arcar com os danos provocados pelo motorista.
O filho de Angela, Jefferson Galdeano, de 34 anos, afirma que está numa luta para conseguir o reembolso do prejuízo. Ele tenta contato com a seguradora, já que o Fox teve perda total, mas encontra ...
O filho de Angela, Jefferson Galdeano, de 34 anos, afirma que está numa luta para conseguir o reembolso do prejuízo. Ele tenta contato com a seguradora, já que o Fox teve perda total, mas encontra dificuldades porque a habilitação de Angela estava vencida. “Foi como eu falei pra eles: habilitação vencida não anula o que o motorista fez. Foi ele quem bateu no carro da minha mãe e o veículo estava com o documento certo. A CNH dela é um ato administrativo, ela é habilitada. Agora estão querendo se isentar da culpa”, critica.
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Além dos danos materiais, Jefferson lembra que a mãe sofre com o trauma de quase ter morrido. “O motorista fugiu, não prestou socorro. Minha mãe teve prejuízo psicológico, moral e material, e vai sair sem nada. Está sem celular, sem carro, com psicológico abalado, poderia ter morrido porque não sabe nadar. Está passando mal, vomitando, por conta da água que engoliu, não consegue comer...”, relata.
Segundo Jefferson, em nenhum momento a empresa ou o motorista procuraram saber como Angela está. “Nem pra saber se ela consegue trabalhar. Nem sequer se ofereceram para pagar um exame psicológico. Minha mãe está afastada das atividades por conta de problemas psicológicos. Está difícil, sem verba. Somos só nós dois aqui”, desabafa.
Ele afirma que a empresa admitiu ser dona do caminhão envolvido no acidente e que sabe quem era o motorista. “Eles sabem quem dirigia. O BO está feito, o corpo de delito também. Estou aguardando”, diz.
Trocaram o motorista
Um leitor entrou em contato com o DIARINHO para denunciar que a empresa teria trocado o motorista antes de apresentá-lo à polícia. A suspeita é que o condutor verdadeiro esteja com a CNH suspensa. Segundo o leitor, o motorista foi até o porto de Itajaí levar um contêiner e, na volta, bateu no carro de Angela, que caiu no rio. “Ele fugiu porque não podia dirigir caminhão. Ele é chefe da Gratidão, de Navegantes, antiga Rogério Phillips. Volta e meia eles pegam o caminhão pra fazer coleta ou entrega. Dessa vez deu zebra”, relatou.
Ainda segundo os denunciantes, câmeras do caminhão podem confirmar quem dirigia no momento do acidente.
A delegacia de trânsito de Itajaí instaurou procedimento para apurar o caso. O delegado Luiz Ângelo conduz a investigação, que poderá confirmar a denúncia feita ao DIARINHO.
Nasceu de novo
Angela, natural de São Paulo e moradora de Itajaí há sete meses, voltava do plantão na FP Serviços Terceirizados quando percebeu que algo estava errado com o caminhão que seguia atrás. “Vi que ele vinha com tudo... desde lá de trás. Não estava perto dele. Só senti um toque sutil e continuei. Quando vi, já estava indo pro rio”, contou logo após o acidente.
O impacto fez o Fox subir no parque náutico, derrubar a estrutura metálica e cair no rio. O caminhão seguiu sem prestar socorro. Giovane Souza e um venezuelano que estavam no parque pularam no rio para ajudar Angela. Sem conseguir sair pela janela, eles forçaram a porta para resgatá-la. A água invadiu o carro, que submergiu, e Angela desapareceu por alguns segundos. A tensão tomou conta do parque até que ela emergiu ao lado do carro. “Engoli muita água. Ainda bem que Deus me deu força pra subir, porque o carro já tinha afundado comigo...”, relatou à reportagem, sentada na escadaria logo após o salvamento.
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Angela não teve ferimentos físicos, mas agora tenta se recuperar do trauma e do prejuízo.