Segundo a Defesa Civil, os tornados foram formados durante a passagem de uma frente fria associada à formação de um ciclone extratropical sobre o oceano Atlântico Sul, que criou um ambiente de alta instabilidade atmosférica, com nuvens de grande desenvolvimento vertical, descargas elétricas, granizo e ventos intensos.
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Violentos
Os tornados tiveram curta duração, mas provocaram danos severos e concentrados, padrão típico desse tipo de fenômeno. Em Dionísio Cerqueira, houve queda de árvores, destelhamentos e interrupção temporária no fornecimento de energia elétrica.
Em Xanxerê, o vento forte causou destruição parcial de estruturas, danos a veículos e o tombamento de um ônibus. Já em Faxinal dos Guedes, os levantamentos identificaram árvores arrancadas em sentidos opostos e telhados danificados, evidenciando o padrão de rotação dos ventos.
Esses danos — de faixa estreita e convergente —, aliados às assinaturas de rotação observadas no radar meteorológico de Chapecó, confirmaram tecnicamente os três tornados. As imagens mostraram dipolos de vento (correntes opostas próximas entre si) e valores reduzidos de correlação (RhoHV), indicando a presença de detritos atmosféricos como telhas, galhos e fragmentos arremessados pela força do vento.
Os meteorologistas destacam que o tornado se diferencia de outros fenômenos convectivos por apresentar núcleo de rotação em contato direto com o solo, o que potencializa a destruição. Mesmo com duração de poucos minutos, as rajadas podem ultrapassar 100 km/h, causando danos severos em áreas restritas.
Estado propenso a fenômenos extremos
Santa Catarina está entre os estados brasileiros com maior incidência de tornados e microexplosões, devido à posição geográfica e à interação entre massas de ar frias e quentes. Esse contraste é mais comum durante a primavera e o verão, períodos marcados por forte convecção e rápida evolução de sistemas meteorológicos.
A Defesa Civil informou que os alertas preventivos foram emitidos com antecedência por SMS, WhatsApp e Cell Broadcast, além de boletins diários ao longo da semana. O trabalho conjunto entre técnicos estaduais e coordenadorias regionais permitiu resposta imediata e atendimento rápido às populações atingidas.
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Tempestades severas e ventos extremos
Além dos tornados, fortes tempestades atingiram todo o oeste catarinense durante a passagem da frente fria. Foram registradas rajadas de vento acima de 80 km/h, granizo de grande porte e chuvas intensas em curtos períodos. Os danos incluem destelhamentos, queda de árvores, interrupções na rede elétrica e bloqueios de vias.
As coordenadorias regionais de Xanxerê e Dionísio Cerqueira relataram danos em estruturas agrícolas, deslizamentos localizados e máquinas destruídas em propriedades rurais. As análises técnicas do radar de Chapecó confirmaram forte atividade convectiva e rotação atmosférica, com características compatíveis a tempestades supercelulares — sistemas capazes de gerar tornados, granizo e ventos extremos em curtas trajetórias.
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Chuvas volumosas no litoral
Enquanto o Oeste registrava tornados, o litoral sul e Santa Catarina foi atingido por chuvas persistentes e volumosas. Em apenas 12 horas, os acumulados chegaram a 124 mm em Jacinto Machado e Tubarão, 110 mm em Sombrio, 108 mm em Morro Grande, 98 mm em Araranguá e 90 mm em Balneário Gaivota e Praia Grande. Os volumes registrados se aproximam da média de chuva esperada para todo o mês de novembro, que varia entre 140 e 200 mm.
As chuvas causaram alagamentos, extravasamento de rios menores e bloqueios de vias em municípios como Morro da Fumaça, Meleiro e Turvo. A Defesa Civil distribuiu lonas e assistência emergencial às prefeituras e segue monitorando áreas suscetíveis a deslizamentos.
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Monitoramento e orientações
A Proteção e Defesa Civil mantém o estado de observação e continua o monitoramento meteorológico 24 horas. As equipes regionais seguem mobilizadas para apoio técnico aos municípios e atualização dos boletins de risco.
O sistema frontal responsável pelos temporais já se deslocou para o oceano, e as condições tendem a melhorar gradualmente.
O órgão reforça as orientações de segurança: evitar abrigo sob árvores, postes ou estruturas metálicas durante tempestades e não trafegar em áreas alagadas.
Em caso de emergência, a população deve acionar o Corpo de Bombeiros (193) ou a Defesa Civil (199).