Essa onda pega

Escola é referência para formação de novos amantes do surfe

Projeto social movimenta a praia do Atalaia

O surfe está no DNA de Itajaí (Anderson Bernardes)
O surfe está no DNA de Itajaí (Anderson Bernardes)

A praia do Atalaia já foi espaço de conflito entre surfistas locais e visitantes que chegavam a Itajaí para aproveitar as ondas de uma das regiões do litoral catarinense mais cobiçadas pelos adeptos daquele que talvez seja o mais popular dos esportes chamados radicais, o surfe. A disputa pelas melhores ondas ainda existe, mas o clima hostil que fez a fama da praia no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980 deu lugar a uma convivência mais harmoniosa que também resulta em desenvolvimento econômico e social para a cidade.

Atualmente, a praia do Atalaia funciona como um local de referência para a formação de novos adeptos do surfe, tenham eles e elas a intenção de seguir uma carreira profissional ou apenas ...

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Atualmente, a praia do Atalaia funciona como um local de referência para a formação de novos adeptos do surfe, tenham eles e elas a intenção de seguir uma carreira profissional ou apenas o desejo de praticar um esporte que propicia o contato mais direto com o mar. E a prova de que os tempos são outros é que uma das pessoas que no passado participava do movimento para manter os forasteiros longe da Atalaia é um dos responsáveis pela escola de surfe que, além de desenvolver projetos sociais e trabalhar com a formação das categorias de base do surfe local, também recebe e dá aulas para turistas de todo o Brasil e até do exterior.

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Ney Machado, coordenador de projetos da Escola de Surfe Atalaia (Esa), chegou a Itajaí com três anos de idade e viveu sua adolescência e juventude na Atalaia, justamente naqueles anos da descoberta do surfe na região. De lá para cá, ajudou a organizar a criação da escola de surfe com a intenção de atrair para a praia as pessoas da cidade que tivessem interesse em aprender a surfar. Para adquirir o conhecimento necessário para formar novos surfistas, Ney retornou ao Guarujá, sua terra natal, onde se formou, em 1998, instrutor de surfe em uma das escolas pioneiras do país.

Ao retornar a Itajaí, em 2001, deu início ao projeto Surfe Solidário, que seria o embrião da Esa. Em um domingo chuvoso, com apenas um aluno, as aulas começaram, mas a iniciativa rapidamente ganhou força e, em 2005, a Associação Escola de Surfe Amigos da Atalaia (ESA) era oficialmente criada, tornando-se uma entidade de utilidade pública apta a receber recursos governamentais para manter projetos sociais.

A popularidade do projeto foi tão grande que, em alguns domingos, a Esa chegou a atender 80 alunos de uma só vez, o que levou a uma reestruturação para limitar o número a 45 por dia e expandir as aulas para outros dias da semana. Porém, com a chegada dos filhos, Ney decidiu se afastar da escola e procurar uma nova colocação no mercado de trabalho com o objetivo de aumentar a renda familiar.

No entanto, o coração do surfista nunca se afastou completamente de sua paixão. Um evento trágico, no qual escapou de um acidente de trânsito que vitimou quatro pessoas da empresa em que trabalhava, foi o ponto de virada para que ele tomasse a decisão de voltar ao surfe. “Era para eu ter ido junto, era para eu estar no carro, mas eu bati o pé e disse que não ia. Depois disso quase entrei em depressão e resolvi voltar”, relembra. Com a rescisão do seu contrato de trabalho, investiu na retomada da escola e passou também a dar aulas particulares de surfe.

O retorno foi marcado pelo sucesso, com pessoas de todo o estado buscando as aulas particulares. Com a crescente demanda, o poder público passou a apoiar a iniciativa, que hoje conta com uma equipe de 12 pessoas. O projeto se diversificou, atendendo não apenas surfistas, mas também pessoas com traumas e medo de água.

Ana Caroline Kasper, corretora de imóveis, é uma dessas pessoas. Teve uma crise de pânico dentro d’água e precisou ser socorrida. Por indicação de uma amiga e contando ainda com o incentivo do marido, que é surfista, decidiu enfrentar as ondas e aprender a surfar. Em sua primeira aula na Esa, já pegou onda e terminou a manhã com uma nova relação com o mar. “Foi uma experiência ótima, a gente tem uma consciência corporal diferente quando está na água”, afirma.

Formação de atletas

Com a evolução das atividades, a formação de atletas, que sempre foi um sonho, também passou a se tornar realidade. O trabalho com as categorias de base atualmente conta com 20 participantes e deu origem ao “Festival ESA”, um campeonato interno para preparar os atletas para futuras competições. Ney acredita que a Esa deve manter o foco no trabalho social, nas aulas particulares e também no trabalho com as categorias de base, mas que esse trabalho deve ser complementado com uma parceria com a Associação de Surf Praias de Itajaí, que pode dar continuidade ao trabalho de formação de atletas para as competições em nível estadual e nacional.

Surfe e turismo

Atualmente, a escola atrai pessoas de diversas partes do mundo, como Itália, Egito, EUA, Singapura, Alemanha e Venezuela, que buscam as aulas para vivenciar a experiência do surfe. Ney destaca que, além do atrativo da beleza natural, a praia da Atalaia é também um local ideal para o aprendizado do surfe, pois proporciona aos iniciantes diferentes formações de onda, dependendo do vento e da maré, além de ser uma opção mais segura em comparação com outros lugares propícios para a prática do surfe, como a praia Brava.

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Além das aulas de surfe que atendem a pessoas de todas as idades, a escola desenvolveu o projeto Itajaí Surf House, que é voltado especialmente para crianças e adolescentes, de seis a 15 anos. É nesse projeto que a escola observa os alunos e alunas que têm potencial para ingressar nas categorias de base. Mas Ney destaca que o projeto vai além, pois é um espaço de educação e socialização que também atende crianças com transtorno do espectro autista (TEA) e síndrome de Down.

Uma das crianças atendidas pelo Itajaí Surf House é o estudante Vítor Silveira, de 11 anos, que há três anos frequenta a ESA. Ele foi diagnosticado com o transtorno do espectro autista e a mãe, Vanessa dos Santos Miguel, descobriu que na prática do surfe o filho tem vários benefícios. “Ele tem uma evolução no contato com as pessoas, fica mais sociável, mais tranquilo em conversar e se adapta melhor aos ambientes. E quando ele não participa do projeto, nos períodos de férias, eu sinto uma grande diferença, ele fica muito mais agitado”, compara. Neste ano, Vanessa também vai matricular nas aulas de surfe a filha mais nova, Manuela Silveira, de seis anos. “Ela também tem o diagnóstico (TEA) e a aula aqui é uma bênção para mim e, principalmente, para eles”, afirma a mãe.



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