A Defesa Civil de Santa Catarina vem ampliando sua infraestrutura tecnológica e firmando parcerias com universidades e centros de pesquisa. Frederico Rudorff, gerente de Monitoramento e Alerta do órgão, explica que a integração entre ciência, inovação e gestão pública tem sido fundamental para antecipar riscos e salvar vidas.
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“Participamos ativamente do projeto Sistema de Alerta Antecipado Multiescalar para Deslizamentos de Terra, em parceria com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o MCTI e o CNPq. A contribuição catarinense é estratégica”, destaca Rudorff.
Outro investimento decisivo é a ampliação da Rede Hidrometeorológica Estadual. Projetada para missão crítica, a rede possui dupla transmissão de dados — por satélite e 4G — e autonomia estendida de energia. O modelo catarinense agora serve de referência para o Rio Grande do Sul.
Santa Catarina também foi pioneira na implantação de um sistema de previsão de inundações e estiagem voltado aos 35 municípios de maior risco, além de plataformas para mapeamento de manchas de inundação, vulnerabilidade e operação de barragens de contenção de cheias.
Realidade cotidiana
As mudanças climáticas deixaram de ser uma ameaça distante para se tornar uma realidade cotidiana. A constatação é do geógrafo Sergey Alex Araújo, coordenador do Laboratório de Climatologia da Universidade do Vale do Itajaí (Univali). “O clima nunca foi estático — o que muda é a velocidade das transformações, e essa aceleração é provocada pela ação humana”, observa.
Segundo o pesquisador, as características geográficas e o uso intensivo do solo tornam o Estado vulnerável a eventos severos como ressacas, inundações e ciclones extratropicais. Ele ressalta que, embora universidades e institutos tenham ampliado suas pesquisas, muitos resultados ainda não chegam à sociedade.
“O poder público opera em um compasso mais lento e burocrático. Ainda assim, há sinergia entre esses atores — com falhas, sim, mas com vontade de mudança”, avalia.
Araújo reconhece, porém, avanços significativos na profissionalização e instrumentalização das Defesas Civis. “Hoje temos estruturas mais robustas e um sistema de monitoramento de chuva, rios e marés muito mais eficiente”, ressalta.
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Defesa do litoral
O oceano está no centro de uma nova fronteira científica. No Brasil, o Grupo Acquaplan, liderado por Fernando Diehl — mestre em Oceanografia, sócio-proprietário e CEO da empresa de tecnologia e consultoria ambiental e presidente da Associação Brasileira de Oceanografia (Aoceano) —, é referência em previsão e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas sobre o litoral.
Com equipes multidisciplinares e décadas de experiência, o grupo alia oceanografia operacional, modelagem numérica e sensoriamento remoto para transformar dados do mar em inteligência preditiva, permitindo agir antes que os desastres ocorram.
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Entre as inovações estão redes de radares, boias meteoceanográficas e sistemas de monitoramento portuário integrados a modelos computacionais e à inteligência artificial, que criam “gêmeos digitais” do oceano — representações virtuais capazes de simular correntes, ondas e ressacas. Essas tecnologias dão suporte a setores como energia offshore, pesca e logística portuária, fortalecendo a Economia Azul e a segurança das operações marítimas.
“O litoral brasileiro vive uma nova realidade climática, marcada por ressacas e inundações mais intensas. O futuro da gestão costeira não depende de uma única tecnologia, mas de um sistema integrado, em que robôs coletam dados, a IA interpreta e a engenharia aprimora soluções naturais”, destaca Diehl.