A Univali em Penha tem registrado casos preocupantes de mortes de toninhas na região. Do início do ano até o momento, o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) registrou 69 toninhas mortas encalhadas nas praias do trecho entre Governador Celso Ramos e Barra Velha. Só neste mês, foram 12 mortes, incluindo dois filhotes recém-nascidos e uma toninha gestante.
As toninhas bebês e a gestante foram encontradas já sem vida na praia de Navegantes, nos dias 12 e 13 de outubro, pelas equipes do projeto e por meio de chamadas feitas pela população. As carcaças ...
As toninhas bebês e a gestante foram encontradas já sem vida na praia de Navegantes, nos dias 12 e 13 de outubro, pelas equipes do projeto e por meio de chamadas feitas pela população. As carcaças dos animais foram encaminhadas para Unidade de Estabilização de Animais Marinhos da Univali, em Penha, para exame de necropsia e coleta de material biológico para análises complementares.
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A toninha filhote encontrada no dia 12 de outubro era um macho de 64 centímetros e 3,65 quilos. Ele tinha parte do cordão umbilical ainda visível, o que indica que o nascimento havia ocorrido há poucos dias. O segundo filhote, do dia 13 de outubro, também era um macho, com 75 centímetros e 5,25 quilos, apresentando sinais de asfixia por afogamento.
Fio de nylon no feto
O caso mais comovente foi o da fêmea gestante. Durante o exame de necropsia foi confirmada que ela carregava no útero um feto de 51 centímetros e 1,8 quilo. No exame foram identificados dois fios de nylon no estômago da mãe, indicando contato com lixo sólido e possível emalhe acidental em redes de pesca, fatores que podem ter levado à morte do feto e da mãe.
As fêmeas das toninhas têm apenas um filhote a cada dois ou três anos, e a gestação dura aproximadamente 11 meses. O principal período de nascimento ocorre na primavera, período em que também aumentam os encalhes da espécie nas praias do litoral. A toninha está na lista oficial das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção desde 2014, na categoria “criticamente em perigo”.
“Infelizmente, a espécie enfrenta grandes desafios para sobreviver. A captura acidental em redes de pesca (emalhe acidental) é hoje a principal ameaça, mas não a única. A toninha também sofre com a poluição dos oceanos e com a degradação do habitat marinho, problemas que se intensificam nas regiões costeiras onde vive”, informa a equipe da Univali.
Boas atitudes contribuem pra reduzir os efeitos das atividades humanas à sobrevivência dos animais. “Cada atitude nossa conta, como evitar o descarte de lixo no mar e nas praias, reduzir o consumo de plástico, respeitar as áreas de pesca e apoiar práticas sustentáveis ajudam a diminuir os impactos sobre a espécie”, ressaltam os pesquisadores.
A mortandade é uma marca triste no mês que se celebra o Dia Nacional da Toninha, em 1º de outubro. A toninha é o menor golfinho do Atlântico Sul que habita as águas do Brasil, Uruguai e Argentina. Ela vive em águas costeiras rasas, geralmente até 50 metros de profundidade, e também pode ser encontrada perto de ilhas, costões rochosos e baias, como na Baia da Babitonga, que é um reduto da espécie em Santa Catarina.