Aos 71 anos, dona Marlene Cardoso convive diariamente com a dor, a espera e a falta de respostas do sistema público de saúde. Moradora de Itajaí, ela carrega um histórico de problemas que começaram há mais de duas décadas, mas que se agravaram nos últimos anos.
“Em 2022, eu fui no postinho porque estava com tremores, dor nos joelhos e tinha caído. Minha perna ficou preta, mas disseram que não era nada, que era só tomar paracetamol. Depois descobri que era ...
“Em 2022, eu fui no postinho porque estava com tremores, dor nos joelhos e tinha caído. Minha perna ficou preta, mas disseram que não era nada, que era só tomar paracetamol. Depois descobri que era trombose nas duas pernas”, relembra.
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Sem conseguir tratamento adequado, Marlene vendeu suas máquinas de costura, sustento de uma vida inteira, para pagar consultas e exames. Mas a luta não parou por aí. Hoje, além das sequelas da trombose, enfrenta Parkinson e incontinência urinária.
“Já faz quase três anos que espero por uma cirurgia de bexiga. Fui encaminhada para Brusque, disseram que ia sair em 15 dias, mas até hoje nada. Já fui quatro vezes na prefeitura com bengala, quase caindo no ônibus, e não resolveram”, desabafa.
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou ao DIARINHO que não constam solicitações pendentes de consultas ou exames em nome da paciente. A pasta orienta que ela, ou um responsável, procure a Unidade Básica de Saúde para confirmar quais encaminhamentos foram realmente enviados à Central Reguladora do município de Itajaí.
A SES explicou ainda que a fila do SUS passa por duas etapas de espera: a primeira para a consulta, e a segunda para o agendamento da cirurgia, que só é possível após o médico preencher a Autorização de Internação Hospitalar (AIH).
No caso de dona Marlene, conforme verificado pela Coordenação Estadual de Cirurgias Eletivas, há apenas uma solicitação de cirurgia eletiva para tratamento de incontinência urinária, registrada pelo município em 2 de julho deste ano. A paciente foi incluída no mapa cirúrgico no último dia 13.
O estado reforça que não insere nem altera os pedidos diretamente, o município é o responsável por registrar as solicitações no sistema e encaminhá-las para a lista de espera. Depois disso, o hospital define o atendimento.
Enquanto aguarda, dona Marlene tenta manter a esperança: “Sou acamada 24 horas. Tenho dificuldade para levantar, tomar banho e andar. Se eu bebo um copo d’água, em uma hora já tenho que correr pro banheiro. Vivo esperando, e nada acontece. Onde estão meus direitos?”, questiona.