Não é por acaso que os pescadores João Rubens Storino e Marlon Braz Jr. fisgaram robalos grandões no molhe da praia do Atalaia, em Itajaí. A espécie robalo-flecha, capturada por eles em setembro deste ano e em novembro de 2024, vive em estuários, pertinho do mar, se alimenta de outros peixes e pode chegar a pesar 24 quilos. O recorde da pescaria no molhe é de Marlon, com seu robalo de 19 quilos, no ano passado. Na última segunda-feira, João Rubens pegou um peixão de 17 quilos. Ambos venderam os robalões após a pescaria graúda.
O oceanógrafo Paulo Ricardo Schwingel, professor da Univali, explica que, conforme a literatura, o robalo-flecha pode alcançar 24 quilos, 140 centímetros de comprimento e viver até sete anos. Já ...
O oceanógrafo Paulo Ricardo Schwingel, professor da Univali, explica que, conforme a literatura, o robalo-flecha pode alcançar 24 quilos, 140 centímetros de comprimento e viver até sete anos. Já o robalo-peva é um pouco menor, não passando de 50 centímetros e cinco quilos. Os dois se alimentam de peixes menores, e também de crustáceos, como camarões e caranguejos.
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O professor reforça que o molhe é uma rota de migração de várias espécies do ambiente estuarino, que é salobro e marinho, como no Saco da Fazenda, e frequentada pela espécie para se alimentar e se reproduzir. “Também existe a questão da logística, que a gente não pode esquecer, que a pesca acontece na beira dos molhes. Você lança um anzol, alguns metros, e chega a uma coluna de água de cinco metros, avançando a linha você chega nos 14 metros. Você tem uma coluna de água muito grande e você tem um espaço propício para pescar. Os peixes se concentram nessa região por causa do alimento, mas o pescador também utiliza o espaço por uma questão de praticidade”, reforça.
A espécie de robalo é encontrada da região sul do Brasil até o Caribe. “Região do Golfo do México, sul da Flórida, toda essa região tropical, tu encontras essa espécie centropomus undecimalis. Em toda essa área tropical”, explicou.
O período de reprodução do robalo é entre o fim do inverno e o início da primavera, justamente entre setembro e novembro, quando ocorreram as grandes pescarias no molhe. “Eles se aproximam para a reprodução nessa foz ou desembocaduras de estuários nessa época, quando estão mais vulneráveis”, explica.
O professor lembra que a fecundação dos robalos é externa: os gametas femininos e masculinos são lançados na água e se encontram ao acaso. Por isso, os peixes se agrupam para aumentar as chances de sucesso na fecundação. Mas ele alerta que, para a carne do peixe permanecer gostosa e saudável, é melhor que os robalos não fiquem muito tempo no rio. “Quanto menos tempo eles ficam nos estuários, melhor. A nossa região aqui do Itajaí-açu, na porção estuarina, não tem muita qualidade na água”, explica.
Apesar de os molhes estarem virando point de grandes pescarias, não existe um ranking oficial que registre o tamanho dos peixes. As informações sobre os peixes graúdos são passadas de boca em boca pelos próprios pescadores e muitas vezes registradas pela imprensa, como no caso do DIARINHO, que está acompanhando a disputa para ver quem vai pescar o maior robalo do molhe.