BRASÍLIA
Bolsonaristas catarinenses “causam” durante protestos no Congresso Nacional
Júlia Zanatta, Zé Trovão e Jorge Seif participaram de “motim” que travou as sessões
João Batista [editores@diarinho.com.br]





Parlamentares bolsonaristas catarinenses “causaram” no Congresso Nacional, em Brasília (DF), durante as manifestações que ocuparam as mesas diretoras e travaram as votações da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. O grupo protesta contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), cobra a votação do impeachment do ministro Alexandre de Moraes e pede anistia para os réus dos atos golpistas do 8 de janeiro.
Em meio ao “motim bolsonarista”, a deputada federal catarinense Julia Zanatta (PL) antecipou o fim da licença-maternidade e levou a filha de quatro meses para a Câmara. Com a bebê no colo, ela se sentou na cadeira do presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), na quarta-feira, e gravou um vídeo para as redes sociais.
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“Estamos na cadeira da presidência aqui da Câmara dos Deputados. Estamos aqui, não vamos sair. E é isso. Obstruímos tudo hoje na Câmara dos Deputados, a oposição está de parabéns! E eu cheguei faz pouco e já estou aqui também. Imagina eu e a Olívia [a bebê] decidindo o que ia pra pauta… Ia só defesa da vida, armamento civil, anistia, prisão pra bandido, isso aí”, disse na gravação. O PT acionou o Conselho Tutelar contra a deputada, que defendeu o direito de levar a filha pra amamentar “onde eu tiver que ir”.
Na ocupação, o deputado catarinense Zé Trovão (PL) aglomerou com outros apoiadores de Bolsonaro durante a invasão da mesa diretora da Câmara na terça-feira. Ele aparece com o grupo com esparadrapos na boca, em sinal de protesto por suposta censura e em defesa do impeachment de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que decretou a prisão domiciliar de Bolsonaro.
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Os bolsonaristas deixaram o plenário da Câmara na noite de quarta-feira, após mais de 30 horas de ocupação. O fim do motim pra retomada das sessões teria sido motivado por um acordo entre líderes com a presidência da Casa pra votação de dois projetos, entre a anistia aos golpistas do 8 de janeiro e a proposta para o fim do foro privilegiado que beneficiaria Jair Bolsonaro se os processos dele saírem do STF.
Senador acorrentado
Com o recuo dos bolsonaristas na Câmara, a mobilização se intensificou no Senado, onde a oposição ainda seguia travando as votações, ocupando a tribuna e a mesa diretora. Pra retomar os trabalhos, o presidente Davi Alcolumbre (União-AP) convocou uma sessão semipresencial nesta quinta-feira.
No protesto contra a prisão de Bolsonaro, o senador catarinense Jorge Seif Jr. (PL) se acorrentou à mesa da presidência e prometeu ocupar o plenário até que o Congresso avance com o “pacote de paz”, que inclui o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. O ato com correntes e cadeados foi junto com outros senadores bolsonaristas, sob a liderança do senador Magno Malta (PL-ES).
Na terça-feira, Seif também havia se manifestado colocando esparadrapo na boca. Davi Alcolumbre considerou o protesto arbitrário e antidemocrático. De acordo com os senadores Cid Gomes (PSB-CE) e Randolfe Rodrigues (PT-AP), o presidente do Senado garantiu que não pautará pedidos de impeachment de ministros do STF e que “não vai se curvar à chantagem”.
Nesta quinta-feira, os senadores bolsonaristas comemoraram a confirmação de 41 assinaturas favoráveis ao pedido de impeachment de Alexandre de Moraes e desocuparam a mesa diretora do Senado. O pedido será encaminhado ao presidente da Casa, que poderá arquivar ou dar andamento.
No “pacote da paz”, o grupo ainda defende a anistia dos golpistas do 8 de janeiro, fim do foro privilegiado e o fim das restrições judiciais ao senador Marcos Do Val (Podemos-ES), que está sob medidas cautelares do STF e pode sofrer suspensão do mandato parlamentar.
Pedido de impeachment
O pedido de abertura de processo de impeachment do ministro Alexandre de Moraes conta agora com a assinatura dos três senadores catarinenses: Esperidião Amin (PP), Jorge Seif (PL) e Ivete da Silveira (MDB). A senadora confirmou apoio na quarta-feira, após sofrer muita pressão dos bolsonaristas e criticou os ataques.
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“Minha decisão não se baseia em insultos ou ataques pessoais. São inaceitáveis as ofensas e até xingamentos. Exijo respeito e dignidade, seja pelo cargo que ocupo legitimamente, seja pela minha trajetória. Minha decisão se baseia em fatos. Em uma conduta que, infelizmente, tem revelado um padrão inaceitável de abusos e de extrapolação dos limites constitucionais”, disse em nota.
Com a assinatura, os bolsonaristas divulgaram que conseguiram 41 votos pra a abertura do processo. Mesmo com a maioria pra fazer a denúncia, a abertura ainda dependerá de decisão do presidente do Senado após receber o pedido. Se o processo for aberto e avançar, um eventual afastamento do ministro precisará do voto de 54 senadores.
A favor do impeachment de Alexandre de Moraes:
- Alan Rick (União Brasil-AC)
- Alessandro Vieira (MDB-SE)
- Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)
- Carlos Portinho (PL-RJ)
- Carlos Viana (Podemos-MG)
- Cleitinho (Republicanos-MG)
- Damares Alves (Republicanos-DF)
- Dr. Hiran (Progressistas-RR)
- Eduardo Girão (Novo-CE)
- Eduardo Gomes (PL-TO)
- Efraim Filho (União Brasil-PB)
- Esperidião Amin (Progressistas-SC)
- Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
- Hamilton Mourão (Republicanos-RS)
- Ivete da Silveira (MDB-SC)
- Izalci Lucas (PL-DF)
- Jaime Bagattoli (PL-RO)
- Jayme Campos (União Brasil-MT)
- Jorge Kajuru (PSB-GO)
- Jorge Seif (PL-SC)
- Laércio Oliveira (PP-SE)
- Luis Carlos Heinze (Progressistas-RS)
- Lucas Barreto (PSD-AP)
- Magno Malta (PL-ES)
- Márcio Bittar (União Brasil-AC)
- Marcos do Val (Podemos-ES)
- Marcos Rogério (PL-RO)
- Mecias de Jesus (Republicanos-RR)
- Margareth Buzetti (PSD-MT)
- Nelsinho Trad (PSD-MS)
- Oriovisto Guimarães (Podemos-PR)
- Pedro Chaves (MDB-GO)
- Plínio Valério (PSDB-AM)
- Professora Dorinha Seabra (União Brasil-TO)
- Rogério Marinho (PL-RN)
- Sergio Moro (União Brasil-PR)
- Styvenson Valentim (Podemos-RN)
- Tereza Cristina (Progressistas-MS)
- Wellington Fagundes (PL-MT)
- Wilder Morais (PL-GO)
- Zequinha Marinho (Podemos-PA)
João Batista
João Batista; jornalista no DIARINHO, formado pela Faculdade Ielusc (Joinville), com atuação em midia impressa e jornalismo digital, focado em notícias locais e matérias especiais.