Diz aí, Leandro Índio!

"O hospital [Ruth Cardoso]passa a ser, de fato e de direito, regional e estadual"

O chefe de gabinete da prefeita Juliana Pavan, Leandro Arthur Rodrigues da Silva, o Leandro Índio, foi entrevistado pela jornalista Fran Marcon e pelo colunista JC

(FOTOS: FRAN MARCON)
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O senhor é considerado o “primeiro ministro” do governo Juliana Pavan. Quando conheceu a prefeita Juliana e como recebeu carta branca pra cuidar do primeiro escalão do governo?

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Índio: Eu refuto esse título. Geralmente, quando o chefe de executivo é uma mulher, a gente acaba até concordando com a eventual ilação de que tem alguém que fique como ...

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Índio: Eu refuto esse título. Geralmente, quando o chefe de executivo é uma mulher, a gente acaba até concordando com a eventual ilação de que tem alguém que fique como sombra. A Juliana é uma prefeita bastante centralizadora, detalhista, uma política que entende muito bem da estrutura do governo, tem uma visão da cidade. Na campanha e na transição, eu acabei ficando mais próximo do gabinete, mas não tem um ato, uma decisão que não é tomada sem a ciência dela. Nós nos conhecemos nos anos 2000, ela ainda estava no PDT, minha família já era do PSDB. Durante o mandato de vereadora, a gente sempre trocou bastante figurinhas, ideias e sugestões e em 2024 veio o convite.

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O senhor nasceu no oeste, veio morar em BC, mas sua experiência iniciou na prefeitura de Blumenau. É muito diferente Blumenau de BC?

Índio: Eu diria que a diferença eu encontrei no pleito do ano passado, porque em Blumenau, mesmo em tempos de guerra, há limites. Em Balneário Camboriú, a eleição de 2024 ultrapassou qualquer limite do aceitável, do ponto de vista de estratégia, de ataque, de uso de material apócrifo contra uma candidata. Tenho dito que aquilo que ocorreu em 2024, muitas vezes com a leniência do poder judiciário e das forças de segurança do Estado, não pode se repetir em outros países, porque acaba desequilibrando o jogo. A Juliana se manteve num perfil muito equilibrado, debatendo propostas. Eu vim para Balneário Camboriú no início da década de 90, ainda criança, mas me recordo da eleição que sucedeu ao prefeito Castro em 96, onde teve até distribuição de panfletos apócrifos contra o Pavan de avião pela cidade. Depois daquilo, mesmo nos momentos de maior intensidade de rivalidade política com o ex-prefeito Periquito, nunca houve o desrespeito que se registrou em 2024. [Ainda existem demandas judiciais eleitorais não resolvidas?] Tem! Na semana passada, a gente teve mais uma série de depoimentos, tem processo de abuso de poder econômico. Da nossa coligação tem, acredito, quatro processos tramitando. Estamos colaborando também com outros processos em que outras coligações fizeram denúncias acerca do uso da máquina pública no mandato anterior, por parte do então prefeito por seu candidato. [Ficou uma questão pessoal da Juliana e Fabrício?] Olha, a prefeita Juliana respeita todos os ex-prefeitos. Temos um grupo no WhatsApp com todos os ex-prefeitos vivos da cidade. Lá estão Castro, Dado Cherem, Fabrício, Periquito, Pavan e Rubens Spernau. Ali nós encaminhamos todo tipo de convite, de informações úteis para todos os ex-prefeitos. Ela tem proferido frases de que “perdoa, mas não esquece”. [Fabrício Oliveira foi empossado secretário estadual de Planejamento. Ele entrou em contato com a prefeita para se colocar à disposição de BC?] Não, não houve esse contato. Acredito que ontem [segunda] em um evento no Expocentro, os dois tiveram oportunidade de encontro. Mas se solicitar agenda, com certeza a prefeita vai atender.

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O senhor foi indicado como o secretário que liderará a transição da gestão municipal do hospital Ruth Cardoso para o governo do Estado. Por que a prefeitura resolveu entregar a gestão ao estado?

Índio: O Ruth Cardoso, quando foi concluído, naquela transição entre o governo Rubens Spernau e Edson Periquito, a cidade tinha outro cenário. Nós não tínhamos nenhuma unidade de pronto-atendimento. A cobertura de estratégia de saúde da família não ultrapassava 40%. Nós tínhamos o único hospital que fazia o atendimento público da cidade em um colapso geral. Houve muita crítica nesse período sobre a abertura do hospital de porta aberta. Mas eu reconheço que foi um ato de coragem do prefeito Edson Periquito. Não havia o caminho ideal. Havia uma decisão necessária. O hospital, durante todo esse tempo, atendeu muito bem à comunidade. Tem problemas e desafios, como qualquer instituição hospitalar, o corpo de pessoal que lá trabalha, os servidores são extraordinários. Mas o fato concreto é que ele tem um caráter regional e é custeado, boa parte dele, pelo município de Balneário Camboriú. O reconhecimento do governador Jorginho Mello eu acho que é algo extraordinário, porque o hospital passa a ser, de fato e de direito, regional e estadual. [Quando começou a se construir a parceria com o governo do estado?] A partir da transição. A prefeita esteve em novembro na Secretaria de Estado da Saúde. O secretário Diogo Demar afirmou que a prioridade para a nossa região, dentro de um plano de conclusão de intervenções, no Instituto Carlos Renaux, no Hospital de Itapema, na inauguração da UPA da Barra, o próximo passo seria o Hospital Marieta, e depois de resolvido o encaminhamento referente ao Marieta, viria o Ruth Cardoso. O fato concreto é que em seis meses avançou muito a questão do Marieta. Quando houve aquela situação da morte da criança, que foi algo que nós lamentamos muito, especialmente pelo uso político por parte de algumas lideranças, a prefeita, ao transferir o gabinete, fez uma imersão na gestão do hospital para entender realmente o nível da gravidade e conversando com os servidores, com os prefeitos, com os vereadores que lá estiveram...

Terminou a transição da gestão, o hospital vira estadual: terreno, prédio, equipamentos, tudo é transferido e pertence a partir daquele momento ao governo do estado?

Índio: Haverá a transferência do patrimônio via doação, caso os vereadores assim aprovem. Depois da tramitação do projeto na Câmara de Vereadores, tem que ter a tramitação também pela Assembleia. O governador, na última conversa com a prefeita, informou que ele gostaria de encaminhar no pacote agora de projetos antes do recesso de julho. Para que isso ocorra, nós precisamos abrir esse processo em Florianópolis até segunda-feira. A prefeita pediu ao governador que os servidores que lá estão sejam contratados preferencialmente pela nova instituição que vai assumir. O governador respondeu que isso tem sido praxe. [Qual a contrapartida, além de o município não ter mais esse aporte mensal para manter o hospital, que o estado dará ao município?] A gente precisa ter o entendimento de que, quando a prefeita tomou posse, nós tínhamos uma licitação para homologação de um contrato de 10 anos, somente para custeio, no valor de um bilhão de reais. Eu vi um ex-promotor, por quem eu tenho respeito, falando nas redes sociais que todo o patrimônio do hospital, o terreno e a área construída, somariam R$ 500 milhões. Num contrato de 10 anos, se o Estado assumir o custeio integral, esse valor já se paga por si só. As pessoas questionam: vamos perder patrimônio? Não, vai passar de um CNPJ municipal para um estadual. O ente é público. O repasse do governo federal é mínimo para o Ruth, porque, burocraticamente, a prefeitura também nunca buscou ampliar esse repasse. E, do ponto de vista de contrapartida, eu acho que é o respeito aos demais municípios. Aquela ação que foi judicializada, se o Estado não paga, quem poderia pagar? São os demais prefeitos.

 

"A oposição, a ampla maioria, é vinculada ao PL e acredito que não vai votar contra uma proposta que tem a digital do governador"

 

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Balneário Camboriú terá algum cargo na administração desse hospital estadual?

Índio: Não foi alvo da negociação, não foi alvo da solicitação. Na verdade, foi uma discussão realmente institucional em torno de política pública, buscando uma saída. Até reitero: nós fazemos essa recordação da luta dos ex-prefeitos, porque o prefeito Periquito tentou estadualizar com três governadores, Raimundo Colombo, Eduardo Pinho Moreira e Carlos Moisés. Não houve um entendimento político de que o Estado tinha o compromisso de assumir na integralidade, porque era outro momento. Agora, na condição que nós temos, o cenário mudou totalmente, a região está estruturada do ponto de vista de saúde pública, tem recebido investimentos importantes. [O senhor acredita que o projeto terá tramitação tranquila na câmara e na Alesc?] Hoje os deputados participantes foram a Paulinha, Carlos Humberto e Ivan Naatz. Carlos Humberto é o deputado da cidade. É o deputado aliado ao nosso grupo político. Um parceiro de primeira hora. Com certeza vai fazer a frente da articulação para viabilizar a aprovação. Sobre a lógica da análise do projeto no município, nós temos na base do governo 11 votos. Eu falei hoje de manhã: nós temos a base do governo, a oposição e os neutros. Os neutros já se declararam a favor. A base, naturalmente. A oposição, a ampla maioria, é vinculada ao PL e acredito que não vai votar contra uma proposta que tem a digital do governador do Estado.

No início do governo houve o relatório sobre a situação das escolas e se anunciou investimentos de R$ 50 milhões. Existe algum tipo de processo de responsabilização por determinados atos do governo passado?

Índio: Em várias áreas. Nós encaminhamos ao Ministério Público e aos órgãos de controle externo na Emasa; nós encaminhamos na área da educação os relatórios de engenharia, os relatórios da defesa civil para o Tribunal de Contas, até porque toda a comunidade sabe que foram realizadas reformas nos educandários nos últimos anos, com valores exorbitantes. A estrutura que lá está não é condizente. A gente não quer ficar olhando para trás. O fato concreto é que nós temos uma grande demanda na área educacional. A gente encontrou documentos, depois de tomar posse do governo, afirmando que já havia um acordo para privatizar a educação municipal. A decisão da prefeita foi retirar Balneário Camboriú dessa discussão. Não temos interesse. Até porque, se você tem um município rico, com um orçamento de mais de R$ 2 bilhões, e não consegue prover assistência social básica, qual é a função do governo?!

A aproximação do governador Jorginho e a prefeita Juliana pode abalar o palanque eleitoral do pré-candidato a governador João Rodrigues em BC?

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Índio: Não. O prefeito João Rodrigues também estadualizou um hospital. Aliás, ele estadualizou dois com apoio do governador Jorginho. O que houve foi um ato de cooperação institucional entre a prefeita e o governador. A questão política a gente deixa para 2026. [O senhor acredita que o PSD e o PL podem caminhar juntos em BC?] Na política até boi voa. Mas se nós estivermos juntos, num cenário muito atípico, o constrangimento não é nosso. Infelizmente, o PL de Balneário Camboriú nos atacou mais do que deveriam ter atacado os inimigos políticos dele. Não existe uma grande dificuldade do PL de BC ou PSD caminharem na próxima eleição. A dificuldade quem criou foram eles. Quando atacaram o PSD, muito mais do que atacaram o PT. Aí não é só em BC. Isso ocorreu em Criciúma também. Nós votamos no governador para senador.

O prefeito de Camboriú, Leonel Pavan (PSD), declarou que seu candidato a deputado estadual é Carlos Humberto (PL). A prefeita Juliana já citou nomes como Napoleão Bernardes. Como Carlos Humberto, que à revelia do partido apoiou Juliana no último pleito, se insere nesse cenário?

Índio: A prefeita Juliana e o prefeito Leonel Pavan têm como candidato a deputado estadual o deputado Carlos Humberto. [Existe algum nome a federal também?] Não, ainda se está estudando um nome que possa unir a cidade e a região. Mas a prefeita sempre diz para nós: compromisso assumido é compromisso cumprido.

A prefeita tem falado em reforma administrativa, mas até o momento promoveu remanejamento de nomes e funções. Haverá uma reforma?

Índio: Haverá mudanças, por exemplo, eu acomodo duas secretarias hoje, tem que ficar só uma. A prefeita anunciou que as mudanças iniciariam na semana passada e iriam perpassar até o aniversário da cidade. [Como está a relação do governo Juliana com a Câmara?] Tem vereadores que estão conosco que antes faziam parte do grupo do Fabrício. E se somaram ao projeto, para viabilizar essas reformas que o governo está liderando. Eles falam para nós: nunca havia reunião com a base do governo para debater projetos. [A oposição é atendida?] Sim. Os que não são atendidos são aqueles que não procuram o governo.

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