Adolescência

Por que o ódio às mulheres viraliza entre os jovens?

Feminista mais perseguida da atualidade, Lola Aronovich fala sobre como as plataformas lucram com o ódio na internet

“Todo Natal falam que vai ser meu último Natal”, diz Lola Aronovich, docente da Universidade Federal do Ceará, blogueira, pedagoga e ativista feminista que convive com ameaças há mais de 15 anos. A Agência Pública recebeu a pesquisadora para um bate-papo ao vivo com a repórter Amanda Audi, transmitido pelo canal de YouTube da Pública. O tema “Adolescência: por que o ódio às mulheres viraliza entre os jovens?” foi escolhido por uma votação dos Aliados da Pública, que também indicaram a participação de Lola. 

Lola Aronovich é considerada a feminista mais perseguida da atualidade. Em 2008, ela criou um dos primeiros blogs feministas do país, e, desde então, vem sofrendo ameaças que se intensificam ano após ano. Por causa do ativismo em seus textos, ela se tornou alvo de grupos masculinistas – supostos defensores dos “direitos dos homens” que se consideram vítimas de um sistema com privilégio feminino. 

Continua depois da publicidade

Em conversa com a repórter, Lola contou como os ataques evoluíram de “trolls da internet” – pessoas que publicam mensagens para provocar, incitar e perturbar outros usuários – para grupos de homens que se organizam e formam um movimento em crescimento. Esse avanço, segundo ela, tem sido impulsionado pelas próprias plataformas, que não apenas valorizam como lucram com esse tipo de conteúdo.

“As plataformas têm poder demais e não querem cumprir as leis do país que elas estão hospedadas. [A internet] não pode ser uma terra sem lei e as plataformas deveriam ter suas responsabilidades, não só em discursos de ódio, mas, em geral, como em golpes”, defende Lola, ao falar sobre a importância da regulamentação das plataformas.

Continua depois da publicidade

Para ela, a misoginia é “a porta de entrada para drogas mais pesadas na internet”. Segundo a pesquisadora, o ódio às mulheres é o denominador comum que une e atrai os grupos masculinistas, movimentos que têm ganhado força e legitimidade com o avanço da extrema-direita no mundo. 

Enquanto canais que disseminam discursos de ódio seguem monetizando vídeos e lucrando em plataformas como o YouTube, Aronovich teve seu canal banido da rede e não consegue mais acessá-lo. “É uma tristeza. Infelizmente, a gente acaba tendo que se acostumar com esse tipo de ação, porque não há muito o que fazer. A gente vai sobrevivendo. […] É terrível, mas a gente se acostuma com isso”, relata.

Em 2018, foi sancionada a Lei nº 13.642/2018 – conhecida como Lei Lola, em homenagem à pesquisadora – que atribuiu à Polícia Federal a responsabilidade de investigar crimes de misoginia praticados na internet, como a disseminação de conteúdos que promovam ódio ou aversão às mulheres. Desde então, Lola percebe uma leve melhora na atuação das autoridades. Antes da lei, não havia integração entre as polícias civis e federais e nem o monitoramento sistemático deste tipo de crime. “Mas isso não quer dizer que os ataques tenham parado”, ressalta. “São essas mudanças que a gente vê, mas ainda falta muita coisa”, destaca.

Assista a entrevista completa:




Conteúdo Patrocinado



Comentários:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Clique aqui para fazer o seu cadastro.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

WhatsAPP DIARINHO

Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






216.73.216.80

TV DIARINHO


Uma briga de vizinhos movimentou a tarde de sábado no loteamento Promorar, em Itajaí. O popular Nazareno ...



Podcast

Denúncias de rachas em Balneário Camboriú

Denúncias de rachas em Balneário Camboriú

Publicado 21/05/2025 18:38



Especiais

Como indígenas quebram estereótipos e preconceitos no mercado

Aldear direitos e trabalho

Como indígenas quebram estereótipos e preconceitos no mercado

Por que o ódio às mulheres viraliza entre os jovens?

Adolescência

Por que o ódio às mulheres viraliza entre os jovens?

Filha vira advogada para ajudar a inocentar a mãe 12 anos após acusação de homicídio

JUSTIÇA

Filha vira advogada para ajudar a inocentar a mãe 12 anos após acusação de homicídio

Maternidade atípica: os desafios do cuidado e da aceitação

DESAFIADOR

Maternidade atípica: os desafios do cuidado e da aceitação

Escravizador na pele de abolicionista: abolição teve apoio de políticos que escravizaram

POLÍTICA

Escravizador na pele de abolicionista: abolição teve apoio de políticos que escravizaram



Blogs

Corvina ameaçada

Blog do JC

Corvina ameaçada

Long Distance de Triathlon agita capital paraiba

A bordo do esporte

Long Distance de Triathlon agita capital paraiba

Macarronada das boas

Blog da Jackie

Macarronada das boas



Diz aí

Criador do canal Vogalizando a história participa do Diz aí!

AO VIVO

Criador do canal Vogalizando a história participa do Diz aí!

“Eu acho que isso pode acontecer. Pode acontecer do PSD estar com o PL”

DIZ AÍ, FABRÍCIO OLIVEIRA

“Eu acho que isso pode acontecer. Pode acontecer do PSD estar com o PL”

“Não sou favorável a golpe, e também não acredito que houve tentativa do golpe”, diz Fabrício Oliveira

DIZ Aí!

“Não sou favorável a golpe, e também não acredito que houve tentativa do golpe”, diz Fabrício Oliveira

Ex-prefeito de BC participa do programa “Diz aí!”

BALNEÁRIO

Ex-prefeito de BC participa do programa “Diz aí!”

"A gente praticamente dobrou o número de serviços semanais"

Diz aí, Aristides!

"A gente praticamente dobrou o número de serviços semanais"



Hoje nas bancas

Capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.