DIZ AÍ, FABRÍCIO OLIVEIRA
“Eu acho que isso pode acontecer. Pode acontecer do PSD estar com o PL”
O ex-prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira (PL), foi sabatinado pela jornalista Fran Marcon e o colunista político Jotacê. Ele falou sobre o programa Legendários, sua parceria com o comentarista Caio Copolla, debateu as eleições estaduais e fe
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]


Depois de deixar a prefeitura de BC, o senhor tem se dedicado à produção de conteúdo nas redes e a liderar o grupo Legendários. Pode explicar a quem nos acompanha o que é o Legendários e como ele surgiu?
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Fabrício: O Legendários é, na verdade, uma reestruturação de princípios em sociedade, princípios em família, que têm a ver com a identidade do homem. De servir à sociedade, servir ...
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Fabrício: O Legendários é, na verdade, uma reestruturação de princípios em sociedade, princípios em família, que têm a ver com a identidade do homem. De servir à sociedade, servir à família, com princípios cristãos. Eu participo do movimento. É muito dignificante ver homens que, realmente, estão dispostos a melhorar a sua consciência e servir à sociedade. Melhorar a sua consciência como homem, como marido, como pai, como empreendedor, como atleta, como funcionário. É um movimento que tem crescido muito pela sua entrega. [Por que nessa concepção do grupo, as mulheres não participam diretamente?] Porque ele é um programa específico para homens. Importante entender que não é algo separatista nem misógino. Uma coisa que é bem interessante: 78% dos suicídios são praticados por homens. 95% do sistema carcerário no mundo, a população é masculina. 70% das pessoas que estão internadas em clínicas de recuperação são do sexo masculino. [A violência doméstica, na grande maioria dos casos, é praticada pelo marido contra a mulher. O feminicídio foi justamente criado para a tipificação penal diante da violência cometida pelo homem contra a mulher pela questão de gênero. Isso também é tratado no programa Legendários?] O Legendários tem como princípio o servir, o servir à família. Ele entende que a família é a principal célula da sociedade. A família é, na verdade, a grande célula que fortalece uma nação. Quando o Legendários traz essa proposta do homem servir, do homem ser um provedor, não somente na parte financeira, mas na parte emocional, na parte espiritual e na parte social, isso traz um grande ganho para a sociedade. É muito bonito ver a consciência do que acontece na vida desses homens, na transformação na vida desses homens, que não tem a ver com religião. Eu quero deixar isso claro para vocês. Deus é uma referência de comunhão entre pessoas, de verdade. Deus é uma referência de servir. Numa hipótese espiritual, na qual eu acredito, Deus é o Criador. [E Legendários são homens cristãos e de direita?] Nós não fazemos acepção se a pessoa acredita ou não acredita em Deus. Ela pode pertencer a qualquer religião, a qualquer igreja ou não pertencer. Ela pode pertencer a qualquer movimento político, ideológico ou não. Se é de direita, se é de esquerda, se é ateu ou se é crente em Deus.
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“O Legendário é, na verdade, uma reestruturação de princípios em sociedade, princípios em família, que têm a ver com a identidade do homem”
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O senhor publicou vídeos com o comentarista Caio Coppolla. Tem interesse em largar a política pra se dedicar à carreira de influencer?
Fabrício: Não! Eu continuo sendo um político, eu continuo participando da política, uma das características da política, ou do político, é justamente opinar e manifestar a sua opinião sobre diversos temas. Eu estou fazendo um trabalho com Caio Coppola, justamente uma análise, uma leitura especial sobre Santa Catarina, vinculado a alguns temas nacionais. [Os temas dos vídeos vocês discutiram antes?] Nós definimos alguns temas. O último foi especialmente sobre pacto federativo – é um tema importante. Nós temos mais um gravado, mas vamos gravar mais vídeos. Nós temos uma programação, se não me engano, de 12 vídeos. Vamos fazer podcast, vamos fazer também alguns encontros para debater vários temas, além da política.
“Não converso com o Carlos Humberto, não tenho relacionamento com ele”
O senhor fala em sistema, mas os vídeos que eu assisti se posicionam contra o governo Lula, na sua maioria. Não seria um sistema que vocês estariam criticando, mas sim o governo?
Fabrício: Nós falamos do sistema também. Nós criticamos o governo Lula, mas também nós falamos do sistema. O pacto federativo é um sistema que deve ser repensado. Essa analogia que nós fizemos ao governo foi justamente pelos impostos e pelo custo da máquina de impostos de um pacto federativo que tem que ser repactuado e tem que ser repensado. [O pacto federativo não acontece só nesse governo, mas em todos...] Há críticas de que maneira o governo está usando esses impostos. Especialmente aqui no caso dos gastos. Nós estamos vendo o aumento de gastos, nós estamos vendo a inflação, nós estamos vendo a elevação de juros. Nós fazemos uma análise do sistema com o governo atual. Em alguns vídeos nós tratamos especialmente do governo atual.
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“Eu não sou favorável a um golpe. Ponto final! E também não acredito que houve a tentativa de golpe”
O senhor costuma elogiar a gestão de Jair Bolsonaro que se tornou réu por tentativa de golpe de estado. O senhor apoiaria um novo golpe militar no Brasil contra o resultado das eleições?
Fabrício: Eu refuto esse apoiamento do Bolsonaro ao golpe. Até porque na minha leitura, até mesmo do ponto de vista jurídico, para haver uma tentativa, para caracterizar uma tentativa, como tipificação de algum crime, tem que haver um impedimento que seja independente da vontade daquele que está praticando. Isso não se comprova, na minha análise, em tudo que tenho lido, em tudo que tenho visto. Eu não sou favorável a um golpe. Ponto final! E também não acredito que houve a tentativa de golpe. Porque o fato de haver supostamente uma discussão, não caracteriza uma tentativa. Nós estamos hoje vivendo as narrativas de discussões. [Mas existe uma investigação da Polícia Federal, com denúncia da PGU... Tem provas de áudio, tem depoimento de delação, o senhor acha que isso é, no seu ponto de vista, insuficiente para considerá-lo réu?] Pelo ponto de vista que eu acompanhei, ele não imputa a ele um crime de golpe de Estado. [Mas o golpe de Estado estava a caminho?] Não, não houve uma ordem específica. Você não vê uma determinação para que o golpe pudesse acontecer. Portanto, a tentativa do golpe não se caracteriza – essa é a minha visão.
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“O pacto federativo é um sistema que deve ser repensado”
Fabrício, seu nome chegou a ser citado para a secretaria estadual de Turismo assim que deixou a Prefeitura de Balneário Camboriú, mas isso não se confirmou. Como está seu relacionamento com o governador Jorginho Mello?
Fabrício: Eu recebi um convite para trabalhar no governo. Eu estou num processo de fazer algumas coisas que realmente eu tinha vontade imensa de fazer, que não significa de maneira nenhuma abandonar a política, pelo contrário, é continuar construindo a política e buscando conhecimento e dividindo experiências. É o que eu estou fazendo agora. [O senhor recebeu um convite do governador?] Eu recebi um convite do governador e nós ficamos de conversar, de ter mais uma reunião, agora ele está viajando... [Não tinha um cargo específico? Não foi a secretaria de Turismo?] Não. A secretaria de Turismo foi cogitada no começo dessa conversa, no final do ano passado, no convite dele para o turismo. Ele tomou a decisão de permanecer a Catiane [Seif] e está tudo bem, está tudo certo.
“Essa discussão de que o Peeter não era a pessoa que deveria ser escolhida, ela veio muito pela contrariedade do deputado”
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Quando escolheu seu candidato a sucessor, o senhor foi muito criticado por ser um nome fora da política partidária e muita gente se sentiu traída pelo senhor. Se arrepende da escolha de Peeter Grando, que acabou derrotado pela prefeita Juliana Pavan?
Fabrício: Não é fácil, mas talvez seria mais conveniente a gente olhar o resultado, e é evidente que a gente faz uma leitura de acertos e erros. Eu quero dizer algo sobre o Peeter: embora fosse sua primeira eleição, não o descredenciava e não descredencia de ser candidato, respondendo aos atributos de conhecimento sobre a cidade, de caráter, de valores e uma performance que realmente, por muito pouco, não ganhou a eleição. Numa eleição são vários fatores. Dentre eles a não unidade do grupo, especialmente sobre o deputado Carlos Humberto que colocou todo o seu apoio à Juliana. Ele é do grupo do PL e por não concordar com a escolha que, na verdade, sempre foi tratada com ele, ao pleitear a vaga de deputado, ele manteria a vaga no poder legislativo. Uma vaga que é importante para a cidade, é importante para a região, um deputado. Essa discussão de que o Peeter não era a pessoa que deveria ser escolhida, ela veio muito pela contrariedade do deputado. As pessoas que queriam ser candidatas, o primeiro deles era o Carlos Humberto e não foi escolhido por uma razão óbvia: foi acordado que ele ficaria como deputado e mantive o que foi combinado. [Como está o seu relacionamento com o CH?] Não converso com o Carlos Humberto, não tenho relacionamento com ele. Eu tenho visto muitas pessoas, especialmente na imprensa, dizer absurdos a meu respeito, se é a mando dele ou não, eu não posso dizer que seja. O nosso relacionamento não existe. Ele foi meu vice-prefeito, eu o apoiei como deputado na primeira eleição. Depois disso, ele veio ser meu vice-prefeito pela segunda vez. Eu o apoiei como deputado pela segunda vez. Tudo o que nós tratamos eu cumpri. Foi devidamente cumprido pela minha parte. [Não tem relacionamento com ele, mas vocês fazem parte do mesmo partido. Como que está a situação de vocês no PL?] Eu sou presidente do PL local, ele é deputado, a relação dele com o PL estadual e a minha relação com o PL aqui também do estado e municipal. Nós tivemos um candidato do PL, então, portanto, nós somos um partido de oposição, pelas urnas nos colocaram como oposição. Ele não é um agente político de oposição, pelo contrário, é um apoiador. [Ele vai ter o seu apoio se for candidato a deputado no ano que vem?] Não, não terá o meu apoio. [Chegou a pensar em uma expulsão dele?] Não, não cabe a mim pedir expulsão de ninguém. Como também os vereadores que se elegeram agora com o PL e passaram a integrar a base, eu não pedi expulsão dos vereadores. [Se sente traído com isso?] Sinto, sinto que eles não foram condizentes com aquilo que estava sendo tratado, especialmente durante o nosso mandato em que fizeram parte.
“A Educação não foi entregue sucateada”
Como responde às críticas do atual governo, que afirma ter herdado escolas sucateadas e aponta a necessidade de mais de R$ 50 milhões em investimentos na Educação? O senhor entregou a secretaria sucateada?
Fabrício: Eu tenho visto tanta bobagem sendo falada, não só na parte da Educação, mas também em outras áreas […]. Se inchou a máquina, se aumentou o gasto com folha, especialmente com comissionados, aumentou o número de gastos com cargos comissionados. A cidade foi entregue com todo um planejamento de obras, de ações, com uma saúde financeira. A Educação não foi entregue sucateada; foi entregue com muitas escolas reformadas e novas. Ela foi entregue com indicativos e números também importantes. Um deles foi que Balneário Camboriú é a cidade com menor índice de analfabetismo com população de mais de 100 mil habitantes no Brasil. Isso deve-se muito à qualidade dos bons professores, dos bons educadores, mas também de uma visão nossa em relação à educação. Os avanços na educação infantil. A cidade cresceu muito no pós-pandemia. Muitas pessoas vieram morar aqui. Nós também conseguimos absorver, em determinados momentos, zerar a fila da educação infantil. Isso foi um grande avanço que nós fizemos. Houve escolas, sim, que nós tivemos um processo licitatório ou ações frustradas. Houve várias escolas que tivemos processo de licitação e obras concluídas. A escola Ivo Silveira é uma das maiores escolas do município, uma escola que foi entregue praticamente toda nova. [As escolas não estavam abandonadas?] Não! As escolas tinham algumas ações pontuais, elas tinham problemas. Eu não estou dizendo que não tinham problemas. Agora, usar a palavra sucateada, generalizando, é uma narrativa que é incoerente e que não é verdade.
“O problema do hospital é financeiro e estrutural. Não é só dinheiro que vai resolver o problema. O problema também é estrutural em uma saúde que é regionalizada”
A prefeita Juliana declarou que as mortes no hospital Ruth Cardoso têm sido causadas em virtude de contratos DE terceirização de saúde que foram sendo renovados indiscriminadamente na sua gestão. Por que a situação da Saúde foi se tornando caótica numa cidade rica como Balneário Camboriú?
Fabrício: O hospital Ruth Cardoso foi projetado para atender uma população. Ele atende hoje uma população muito maior do que foi projetado. Ele é um hospital de porta aberta que atende, na média que eu estava quando prefeito, 40% de dentro, 60% de fora da cidade. É muito injusto com a cidade de Balneário Camboriú custear o atendimento externo da maneira que custeia. Quando você faz uma análise em relação à qualidade ou ao que é propagado da cidade, logicamente aquele que é morador da cidade sente que o hospital deveria ser um equipamento que atendesse com melhores condições. Isso é uma situação crônica que tem que ser enfrentada. O problema do hospital é financeiro e estrutural. Não é só dinheiro que vai resolver o problema. O problema também é estrutural em uma saúde que é regionalizada. Esse é o ponto que eu faço uma ressalva aqui. Trazendo para a crise da saúde, especialmente o que aconteceu agora, ela tem uma influência dessa situação que eu trouxe, mas também tem aqui uma influência de alguns equívocos. Um deles é, por exemplo, você falou aqui que foi apontado que o fato de a equipe que está lá é um fato determinante para o que aconteceu. A medida de mandar embora a diretora do hospital, como se fosse a culpada do que aconteceu, então também teria que averiguar isso. Por que se a culpa era das empresas, por que a diretora foi mandada embora do hospital? Eu achei até que sobre ela caiu algo que não é justo. [Ela foi secretária do seu governo...] Não estou fazendo essa análise. Eu estou fazendo a análise: por que ela foi exonerada, ela é a culpada do que aconteceu?! Não, agora a culpada é ela, e de uma hora pra outra é a culpa das empresas que lá estavam. Ora, se a culpa é das empresas que lá estavam, responsabilize. Pegue o médico que errou no procedimento e responsabilize. Agora, houve uma conotação administrativa para que influenciasse a decisão do médico ou o que aconteceu? O fato deplorável que aconteceu tem que ser investigado.
“O meu pensamento e o meu foco são para as eleições estaduais”
O senhor já declarou que será candidato a deputado federal em 2026. Pretende voltar a ser prefeito de Balneário Camboriú também?
Fabrício: Eu não tenho esse pensamento. Eu tenho o pensamento de contribuir com a política, de contribuir sendo candidato a senador, sendo candidato a deputado federal, sendo candidato, de repente, até a deputado estadual. Sei que posso contribuir com Santa Catarina e com o Brasil numa esfera que se apresenta agora, que é a das eleições estaduais. O meu pensamento e o meu foco são para as eleições estaduais. [O senhor pode sair a deputado estadual?] É uma conversa que eu farei com o partido, farei com o Jorginho a respeito disso. Eu nunca escondi o meu desejo de ser candidato ao Senado. Essa conversa a gente vai tratar.
O senhor acredita que o prefeito de Chapecó, João Rodrigues, pré-candidato ao governo, possa desistir da disputa e concorrer ao Senado, apoiando a reeleição de Jorginho Mello?
Fabrício: Eu acho que isso pode acontecer. Pode acontecer do PSD estar com o PL. [O senhor estaria no palanque com a Juliana Pavan pedindo voto pro Jorginho, pro João Rodrigues?] A minha discussão foi uma discussão local. Eu estarei apoiando o governador Jorginho. É óbvio que o governador Jorginho, por exemplo, o PMDB faz parte do governo estadual, mas ele também é vice do governo municipal. A esfera hoje é estadual.
Na sua visão, na esfera federal quem deve ser o candidato “da direita”?
Fabrício: Ainda não há uma definição sobre isso. Eu acho que tem que esgotar o candidato hoje, que a direita aponta, que é o Bolsonaro. Mas há os entraves, e esses entraves ainda estão em fase de discussão. Nós não sabemos qual o desdobramento disso. A gente vê vários nomes sendo cogitados, do próprio Tarcísio de Freitas, da própria Michele Bolsonaro, que é um grande nome, e de outros nomes que estão sendo colocados. Mas eu acho um movimento ainda prematuro diante de algumas definições que precisam estar muito claras.