Porto de São Chico muda regras após queixas sobre navios fura-filas
Novidade nas regras de atracação atende pedidos de importadores de fertilizantes
João Batista [editores@diarinho.com.br]
A administração do Porto de São Francisco publicou nova normativa que regulamenta a atracação dos navios. A principal alteração é que a atracação será por ordem de chegada e não com prioridade conforme o tipo de carga. A medida atende parte das reivindicações da Associação Catarinense dos Importadores de Adubos (Acia), que em agosto denunciou atrasos na descarga de navios de fertilizantes e que a norma estaria beneficiando navios “fura-fila”.
Apesar da mudança, o atraso na entrega de fertilizantes aos produtores ainda preocupa o setor, pois a atualização da normativa passará a valer somente a partir de 4 de outubro. Até lá, conforme o setor, o problema dos navios que já estão aguardando deve persistir e as indústrias temem atrasar a entrega dos adubos às cooperativas.
Para a próxima temporada, a expectativa é que nova norma resolva a situação. Para a Acia, a mudança na regra de atracação atende a necessidade de igualdade para os usuários que operam nos berços do porto público 102 e 201, destinados para cargas de fertilizantes, produtos siderúrgicos e madeira.
“Os fertilizantes representam aproximadamente 70% do volume descarregado nestes berços e mesmo com as limitações técnicas que requerem investimentos, acabamos compensando com a capacidade de infraestrutura de armazenagem de todas as indústrias. Não fosse isto, o problema seria bem maior”, comenta o secretário da Acia, Renan Saldanha da Silva.
Ele frisa que as empresas da associação representam 91% de todo fertilizante que é aplicado nas áreas cultivadas de Santa Catarina. Como as mudanças só ocorrerão em outubro e ainda há atrasos com as entregas, Renan informou que a rota do navio Basic Glory, que chegaria a São Francisco do Sul na próxima semana e aguardaria mais 30 dias para atracar, será direcionada para Imbituba, onde a fila é menor.
“Assim, 30 mil toneladas serão transportadas de caminhão até as indústrias de São Francisco do Sul, o que representa um prejuízo de R$ 4 milhões”, reclama. A entrega dos insumos é fundamental para o plantio do milho e da soja neste ano. O congestionamento no porto de São Francisco do Sul mantém as cooperativas e agricultores preocupados. O plantio da soja começa na próxima semana e há risco de clientes ficaram sem os fertilizantes.
Na comparação com meses anteriores, Renan informa que na média geral a fila se mantém em 19 dias, ainda acima da normalidade, que seria até 12 dias. Em agosto, foram 25 dias de filas no berço 102 e 12 dias no berço 201.
A associação vai seguir cobrando melhorias. Uma delas é a proposta pra criação de um conselho consultivo pra apoiar a gestão portuária, com participação de representantes dos segmentos de operam no porto público.
“Este conselho teria como foco o desenvolvimento de soluções voltadas para a maior produtividade de descarga, abordando temas como prancha diária e a infraestrutura logística de armazenagem de cada segmento e propor o modelo de berço dedicado por segmento, como já acontece com o berço de exportação de grãos no Porto Público”, adianta Renan.
Economia catarinense mais forte
O congestionamento em São Francisco do Sul tem a ver com a alta nas operações no porto, que movimentou 9,9 milhões de toneladas neste ano, até julho, 11% a mais que o mesmo período de 2023. O acréscimo foi puxado produtos siderúrgicos, que somaram 2,4 milhões de toneladas (+25%) e pelos fertilizantes, 1,4 milhão de toneladas, numa alta de 10% na comparação com 2023.
A chuva, porém, teria prejudicado as operações, aumentando o tempo médio de espera dos navios nos últimos meses. “Em julho, enfrentamos sérios problemas climáticos, incluindo chuvas intensas e densa neblina, que paralisaram as atividades do porto por vários dias. Apesar dessas adversidades, conseguimos manter a tendência de crescimento”, justificou o presidente do porto, Cleverton Vieira.
Apesar do atraso nas entregas de fertilizantes, a safra de verão 2024/2025 em Santa Catarina promete ser melhor que a anterior para os cultivos da soja, arroz, feijão, milho, maçã e banana. A projeção é dos técnicos do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Epagri, que apresentaram as estimativas da próxima safra em evento na semana passada.
A perspectiva leva em conta o aumento de áreas plantadas e uma safra com menos chuvas. Entre 2023/2024, o plantio não teve bons resultados por causa do mau tempo. O setor agroindustrial é um dos pilares da economia do estado e liderou a alta da participação na arrecadação do estado em agosto. O aumento foi de 53%, alavancando a receita estadual, que somou R$ 4,4 bilhões no mês passado.
Dando seu ok, você está de acordo com a nossa Política de Privacidade e com o uso dos cookies que nos permitem melhorar nossos serviços e recomendar conteúdos do seu interesse.