O projeto é esperado desde 2018 e complementa as obras de duplicação da Antônio Heil. A licitação prevê a pavimentação das ligações da rodovia com a BR 101, com extensão de 1,3 quilômetro, inclusive com ponte de 40 metros sobre o rio Canhanduba na avenida Contorno Sul e dois viadutos de 210 metros cada na 101.
O projeto tem orçamento de R$ 54,5 milhões. O prazo de execução dos serviços é de dois anos, contados a partir da assinatura da ordem de serviço. A empresa escolhida, que poderá ser um consórcio, terá um mês pra se mobilizar e instalar o canteiro de obras no local. O governo promete máquinas na pista neste semestre.
Os primeiros serviços contemplam a limpeza e terraplanagem. Depois, virão a drenagem e pavimentação das alças. Serão duas alças em cada lado da BR, dois viadutos marginais e oito eixos viários pra entrada e saída da rodovia e pra acesso a Brusque e ao centro de Itajaí. A construção dos viadutos é prevista a partir do 5º mês de contrato e vai levar 17 meses, segundo o cronograma.
O projeto já tinha ordem de serviço desde 2022, mas a licitação teve que ser refeita com a atualização de valores no ano passado. O contrato inicial era de R$ 35 milhões e não houve acordo pra empresa contratada tocar a obra.
Ainda em 2023, o governo também destravou as desapropriações pendentes que impediam o início das obras.
As obras no local vão aumentar a capacidade de tráfego na Antônio Heil e melhorar as condições de acesso no entroncamento com a BR 101. O trecho é hoje um dos principais gargalos do trânsito de Itajaí e testa a paciência dos motoristas diariamente, com filas na saída e entrada da cidade.
A classe empresarial da região também espera pela obra pra melhorar as condições de escoamento da produção.
Motoristas enfrentam tranqueira no dia a dia
O motorista de transporte por aplicativo Elvis Lourenço, de 39 anos, veio do Mato Grosso do Sul e mora em Brusque. Há dois anos no app, ele enfrenta a tranqueira tanto pra vir pra Itajaí, onde trabalha, quanto pra sair da cidade. Para Elvis, se houvesse mais educação dos motoristas e melhor sinalização, as filas já seriam menores.
Ele relata a falta de placas que indiquem as pistas corretas pra retorno e os acessos da BR o que, segundo ele, contribui para o enrosco embaixo do viaduto da BR 101.
O local é chamado de “rotatória da pequena Índia” dada a confusão que se forma nos horários de pico.
“Ali falta sinalização e falta respeito da população. Principalmente a gente que vem de outra região sente bastante dificuldade, como eu mesmo vejo que a educação e o respeito no trânsito não tem”, critica. Outro problema seria a falta de orientação da PRF e da Guarda Municipal mesmo quando os agentes estão no local.
Os motoristas relatam um tempo médio de 30 minutos pra cruzar o trecho. Nos horários de pico, a espera pode passar dos 40 minutos e chegar até quase uma hora. Pra evitar a tranqueira, é comum os motoristas entrarem pela avenida Itaipava pra pegar a marginal da BR e ter a preferência na rotatória. O mesmo ocorre pra quem está na Contorno e “corta caminho” até a marginal. “Com essa nova via, eu acredito que vai ficar uma mão da roda”, comentou Elvis.
O técnico em fibra ótica André Pinto Moreira, de 43 anos, não é muito otimista quanto ao prazo pra começar a obra, mas espera que o projeto resolva o problema. André roda pela região devido ao trabalho e costuma fazer o trajeto de Navegantes até Balneário todos os dias.
Além do trevo da 101 com a 470, o viaduto com a Antônio Heil é outro ponto de tranqueira para o motorista. “Aqui é a lei da sobrevivência. Não tem como fugir porque é uma travessia pra tudo”, destaca. A alternativa por dentro das cidades poderia ser um escape, mas André relata que já levou 2h30 entre Navega e BC pra fugir da 101 pelo ferry.