A situação de abandono do casarão Nelson Seara Heusi, na rua 15 de Novembro, no centro de Itajaí, é alvo de uma petição do Conselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC) e da classe artística de Itajaí. O manifesto foi lançado ainda em 2021 e ganhou novo impulso neste mês com o agravamento da deterioração do prédio histórico, que teve grades e as portas da entrada principal furtadas. 
As condições do imóvel, que abrigou por mais de 30 anos a sede da Superintendência Regional da Polícia Federal, foram denunciadas em matéria do DIARINHO na semana passada. No momento, a Superintendência das Fundações de Itajaí aguarda a conclusão do processo pra Secretaria do Patrimônio da União (SPU) fazer a cessão do imóvel à cidade. 
O projeto é que o casarão abrigue a Fundação Cultural e também a sede do Conservatório de Música Popular de Itajaí Carlinhos Niehues, além de outros órgãos culturais. A negociação do município com o governo federal vem desde a saída da PF do endereço, em 2020. De lá pra cá, o imóvel sofre com invasões, furtos, depredações e vandalismo, além da falta de manutenção no terreno. 
Os vizinhos já denunciaram diversas vezes a situação de insegurança que o abandono do imóvel traz à região. O uso cultural da construção é defendido pelo setor artístico. A petição do conselho pede a recuperação, ocupação e a proteção do prédio. “Não podemos deixar que mais uma edificação histórica de Itajaí fique sob tais condições e sem ocupação. Nosso patrimônio merece e deve ser respeitado”, diz o manifesto.
“Não depende somente de nós, estamos na luta. Há algum tempo abrimos (CMPC) um abaixo-assinado para solicitar a casa para a Fundação Cultural [...]. Seguimos com a petição para que com ela, agora com este novo governo federal, possamos seguir as tratativas”, comentou a presidente do CMPC, Bárbara Damásio.
Mais de 2000 pessoas já assinaram a petição. A transferência do conservatório de música, que hoje funciona na Casa da Cultura Dide Brandão, é uma das necessidades. A escola oferta formação em música gratuitamente há 16 anos em Itajaí, atendendo cerca de 300 alunos, mas não tem sede própria. 
Bárbara informa que também espera um retorno da SPU sobre a cessão do imóvel para o município. “Essas coisas, infelizmente, são morosas e burocráticas. É preciso muita vontade política pra fazer acontecer. E, como é sabido, a cultura não costuma ser prioridade”, criticou. 
O casarão Heusi foi construído em 1934 pelo empresário e político Nelson Seára Heusi. Ele morou com a família no local até 1951, depois o imóvel virou residência do filho, Marcos Francisco Heusi. A partir de 1959, o prédio passou a ser alugado, até ser vendido para o governo federal em 1986. O casarão de estilo eclético perdeu alguns elementos originais após reformas, mas mantém seu valor histórico e arquitetônico num endereço nobre de Itajaí.

 

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