O Ministério da Pesca lançou na terça-feira a proposta do programa emergencial para controle do peixe-leão, que virou uma praga no litoral brasileiro. Um estudo sobre a espécie, feito pela Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), foi apresentado pelo ministro André de Paula com soluções pra reduzir os impactos ambientais e socioeconômicos.
O peixe-leão é um animal exótico e que não tem predador natural. A reprodução de forma descontrolada da espécie afeta os estoques de camarão e lagosta no Brasil. A espécie invasora, originária ...
O peixe-leão é um animal exótico e que não tem predador natural. A reprodução de forma descontrolada da espécie afeta os estoques de camarão e lagosta no Brasil. A espécie invasora, originária dos oceanos Índico e Pacífico, teria chegado ao Atlântico a partir da soltura de aquários nos Estados Unidos, migrando para o Caribe até chegar à costa brasileira, onde já está presente em oito estados do Norte e Nordeste.
No Brasil, o animal se tornou um problema para o setor pesqueiro e pra quem vive da pesca artesanal, além de ser uma ameaça ao meio ambiente e trazer riscos à saúde. A falta de predadores naturais faz o animal se reproduzir sem controle – ele pode colocar até 30 mil ovos. O peixe-leão ainda come de tudo que é menor que o seu próprio tamanho (de até 47 cm) e consegue comer até 20 peixes em meia hora.
Os maiores impactos do animal no litoral do país envolvem a predação de espécies nativas, diminuição da produção pesqueira, redução de espécies importantes para o equilíbrio ambiental e risco à saúde.
Com listras brancas e em tons de vermelho, laranja e marrom, o peixe-leão tem nadadeiras gigantes e 18 espinhos venenosos. O veneno não é fatal para pessoas saudáveis, mas causa dor, náuseas e até convulsões.
Comunidades pesqueiras
O peixe foi encontrado pela primeira vez no Brasil em 2014, mas desde 2020 os registros passaram a ser comuns, avançando pelo litoral. O plano de contenção do governo federal prevê o controle e o monitoramento da espécie.
Pelo estudo apresentado em Brasília, o programa deve atuar em quatro frentes: captura e extração do peixe-leão, pesquisa e monitoramento, plano de comunicação e educação ambiental. As ações teriam foco no litoral, com objetivo de engajar pescadores artesanais e populações locais na captura e futura inserção do peixe-leão em uma cadeia produtiva, além de prevenir acidentes com os espinhos do animal.
Segundo o presidente da Confederação Brasileira de Pesca e Aquicultura, Abraão Lincoln, esse é um modelo de atuação que foi adotado em outras situações de invasores pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “A ideia é unirmos esforços para que entidades não-governamentais e governo atuem em todo o Brasil para tentar coibir a ação predatória desse peixe”, disse.
Segundo o especialista ambiental Geovane Oliveira, que chefiou a pesquisa, muitos países, inclusive Estados Unidos e regiões do Caribe, já tentaram erradicar o peixe-leão, mas, pelas características da espécie, a missão foi impossível. “A comunidade científica já está convencida que manter o controle a partir da captura é a única solução para reduzir o seu impacto”, informa.
O ministro André de Paula destacou que a pesquisa servirá de base pra elaboração de políticas públicas e uma ampla campanha de conscientização. “A CBPA nos oferece um estudo muito consistente, inclusive com um diagnóstico da situação e sugestões de ações que podemos desenvolver conjuntamente”, comentou.