BALNEÁRIO

Pacientes lamentam veto do prefeito de BC a remédios à base de cannabis pelo SUS

Tratamento é “milagroso” e alivia dores, conta paciente; prefeito Fabrício alegou "vício de origem"

(foto: João Batista)
(foto: João Batista)
miniatura galeria
miniatura galeria

O veto do prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira (PL), ao projeto que cria a política municipal de saúde à distribuição de medicamentos à base de substâncias derivadas da cannabis, planta da maconha, desagradou pacientes e especialistas.

O servidor público Wilson, de 39 anos, conta que ele e a esposa, a professora Tatiane, de 37, têm receita pra uso de óleo de canabidiol, mas os preços não são acessíveis nas farmácias. Wilson tem prescrição pra tratar o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Já Tatiane sofra com fibromialgia e toma o remédio com mais frequência contra as crises de dores.

Continua depois da publicidade

Leva de 5 a 10 minutos pra aliviar a dor, e a medicação custa mais de R$ 2 mil, no caso do Prati-Donaduzzi, de 200mg. “As dores da fibromialgia são terríveis e este medicamento chega a ser ‘milagroso’ no tratamento. Disponibilizar pelo SUS é de extrema importância. Quem é rico pode comprar e quem não é, fica sem”, disse Wilson.

Entrar com uma ação judicial tem sido a alternativa, mas o processo demora. O morador lamentou o veto ao projeto. “Talvez o motivo do veto seja o desconhecimento ou até mesmo preconceito. Uma pena, pois só quem perde são os pobres;  os ricos continuam a ter o acesso ao tratamento e qualidade de vida”, ressaltou.

A professora da Univali Márcia Maria de Souza, doutora em Ciências Biológicas e pesquisadora de plantas medicinais, tinha comemorado a aprovação do projeto. A decisão pelo veto foi recebida com decepção e avaliada como um retrocesso.

“Muitos pacientes já fazem uso dos medicamentos canabeicos, mas infelizmente os mesmos são caros e de difícil obtenção. Na maioria das vezes, o paciente é obrigado a se inserir em associações para a obtenção dos mesmos”, diz.

Márcia explica que há estudos já consolidados sobre a eficácia para vários casos, incluindo Alzheimer, Parkinson, epilepsia e autismo. “É lamentável o veto de um projeto tão importante para a população”, completa.

A farmacêutica e especialista em medicinas naturais Adriana Russowsky, ajudou na elaboração do projeto. Ela acredita que o veto foi motivado por preconceito e falta de conhecimento. Ela destaca a importância da medicação ser fornecida pela rede municipal. “Evidências científicas embasam as constatações, e a comunidade demanda por estes medicamentos, que têm um valor muito elevado, e as doses são variáveis, muitas vezes exigindo diversos frascos ao mês”, relata.

 

“Prejudica as pessoas que mais precisam”, diz vereador

Continua depois da publicidade

Vereador Eduardo Zanatta avalia que o veto tem caráter político e prejudica as pessoas que mais precisam

Vereador Eduardo Zanatta avalia que o veto tem caráter político e prejudica as pessoas que mais precisam

 

O projeto prevê o programa “PraVida”, com fornecimento gratuito dos remédios nas farmácias municipais de Balneário Camboriú. O autor da proposta, vereador Eduardo Zanatta (PT), defende o uso da cannabis medicinal, que é utilizada principalmente no tratamento de epilepsia, fibromialgia e transtorno do espectro autista, com benefícios comprovados aos pacientes.

Continua depois da publicidade

Zanatta avalia que o veto tem caráter político e prejudica as pessoas que mais precisam. O produto chega a custar R$ 2500 nas farmácias e pode ser importado por valores mais baratos. “Hoje quem tem dinheiro, tem acesso, e quem não tem dinheiro? A gente precisa garantir esses medicamentos pra quem não tem condições de pagar”, comentou.

O vereador ainda destacou que o veto desconsidera o trabalho construído junto a entidades como a Associação de Pais e Amigos do Autista (Ama Litoral) e a Associação de Fibromialgia de Camboriú (Fibro Camboriú), além de pesquisadores e especialistas.

O esforço do vereador agora é mobilizar a comunidade para buscar a derrubada do veto, previsto pra ser votado na sessão da próxima terça-feira.

Continua depois da publicidade

 

Prefeito Fabrício alegou vício de origem

O veto do prefeito teve base em um parecer da procuradoria do município. O entendimento é de que o projeto tem vício de iniciativa. Isso porque o projeto aprovado na câmara impõe obrigações administrativas à prefeitura, o que é proibido.

“A procuradoria do município orientou pelo veto pela proposta conter vício de origem, se tratando, portanto, de um ato inconstitucional. A Câmara de Vereadores não tem competência para aprovar legislação que tenha previsão de despesas ao município”, diz nota com o posicionamento do prefeito.

O prefeito defende uma regulamentação nacional para o tema. “A solução definitiva, não impondo a necessidade de as famílias terem de ingressar com ação para ter um direito atendido, deve ser construída nacionalmente”, completa.

 

Tendência no Brasil é de inclusão

Em Santa Catarina, Braço do Norte foi a primeira cidade do estado a regulamentar a distribuição da cannabis medicinal na rede municipal. No Brasil, a primeira foi Búzios (RJ). Em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) sancionou em janeiro o projeto que garante o remédio pelo SUS naquele estado.

Hoje, são 25 produtos à base de cannabis aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), vendidos sob prescrição médica. No Brasil, a legislação prevê controle da maconha e de substâncias derivadas da planta. O canabidiol é considerado uma substância controlada, enquanto o THC é proibido, assim como a própria maconha.






Conteúdo Patrocinado



Comentários:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Clique aqui para fazer o seu cadastro.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

WhatsAPP DIARINHO

Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






216.73.216.135


TV DIARINHO


🏦🎉 NOVO POSTO INAUGURADO! A Ailos Cooperativa Credifoz tá com casa nova no São Vicente, em Itajaí. O ...



Especiais

Afinal, quanto dinheiro o Brasil recebeu de financiamento climático?

CLIMA

Afinal, quanto dinheiro o Brasil recebeu de financiamento climático?

Boulos substitui Macêdo com desafio de levar temas sociais para Secretaria da Presidência

ESCALA 6X1

Boulos substitui Macêdo com desafio de levar temas sociais para Secretaria da Presidência

O plano do governo para manter territórios indígenas seguros

E depois da desintrusão?

O plano do governo para manter territórios indígenas seguros

Do palco de Mariah Carey às mudanças climáticas

Ilha do Combu

Do palco de Mariah Carey às mudanças climáticas

Por que a Espanha avança e o Brasil caminha para mais restrições?

Debate do aborto

Por que a Espanha avança e o Brasil caminha para mais restrições?



Blogs

Dona Justa manda vereador tirar vídeos contra secretário

Blog do JC

Dona Justa manda vereador tirar vídeos contra secretário

Placas pioram o trânsito de Itajaí

Blog do Magru

Placas pioram o trânsito de Itajaí



Diz aí

"O Metropol era o melhor time do estado. O Marcílio era o segundo"

Diz aí, Anacleto!

"O Metropol era o melhor time do estado. O Marcílio era o segundo"

"Tem que entregar. Ninguém está garantido nesse governo. Nem nós."

Diz aí, Rubens!

"Tem que entregar. Ninguém está garantido nesse governo. Nem nós."

“Acho que a atividade-fim tem que se manter 100% pública, que é a educação”

Diz aí, Níkolas!

“Acho que a atividade-fim tem que se manter 100% pública, que é a educação”

"Nosso projeto é de clube formador, de dar oportunidades aos jovens talentos"

Diz aí, Bene!

"Nosso projeto é de clube formador, de dar oportunidades aos jovens talentos"

“O gargalo que a gente enfrenta é a mão de obra e a qualificação da mão de obra”

Diz aí, Thaisa!

“O gargalo que a gente enfrenta é a mão de obra e a qualificação da mão de obra”



Hoje nas bancas

Capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.