Integração regional
Cinco obras que podem mudar o futuro da região
Túnel subaquático, interligação de ciclovias, novos parques e transporte integrado são obras sonhadas para melhorar a circulação entre as cidades
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
A construção de cidades inteligentes passa por projetos que vão desde ciclovias seguras até grandes obras de mobilidade que mudam as formas de deslocamentos das pessoas. Entre os principais projetos na Amfri, cinco obras são esperadas para resolver os transtornos do trânsito e garantir mais qualidade de vida.
No pacote, está o túnel entre Itajaí e Navegantes, transporte coletivo regional integrado, nova pista na BR-101, interligação da rede cicloviária e novos espaços de lazer. O arquiteto e urbanista Janio Rech, professor da Univali, lembra que o túnel subaquático faz parte do plano de mobilidade regional.
“O plano propõe a reestruturação do sistema de transporte coletivo para a integração regional das 11 cidades pertencentes à região da Amfri, ou seja, a ligação entre as cidades pelo modal rodoviário e acessível a qualquer pessoa”, comenta.
Ele destaca que o túnel é mais viável tecnicamente. “Uma vez que libera a superfície da lâmina de água do rio Itajaí-açu para o tráfego de navios, o que, com uma ponte, seria praticamente inviável”, ressalta.
A partir das novas ligações, Janio avalia que as cidades farão seus planos de mobilidade conectando ao plano regional, melhorando a circulação em pontos mais críticos. “Além de priorizar os transportes não motorizados e coletivos, também reduz a utilização do transporte motorizado individual”, informa.
Para o professor, uma das opções mais acessíveis do transporte não motorizado é permitir que o ciclista tenha um circuito completo e seguro de ciclovias para o deslocamento em áreas urbanas e entre as cidades.
Na BR-101, a alternativa seria a conexão das marginais para a liberação do tráfego de veículos leves entre as cidades conurbadas da região e um contorno viário de Navegantes a Itapema para o fluxo de cargas sem destino a elas.
Janio considera que as mudanças na região estão no caminho certo. “Nas cidades, os automóveis utilizam grande parcela de espaços e vias das áreas urbanas, diminuindo a qualidade de vida das pessoas pela poluição do ar ou subtraindo os espaços verdes públicos”, completa.
Nova pista na BR 101
A conversão do acostamento da BR 101 numa terceira pista no trecho entre Navegantes e Balneário Camboriú foi estudada como medida viável pela concessionária Arteris Litoral Sul. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apoia a proposta, entendendo que ela reduziria filas, congestionamentos e acidentes na região.
Além da nova faixa, em Itajaí e Balneário Camboriú, dois projetos, em fase de licenciamento ambiental, são previstos para tirar a sobrecarga dos atuais acessos às cidades pela rodovia federal. Em Balneário Camboriú, uma nova rua vai ligar a 101 ao bairro Ariribá. Em Itajaí, uma via será aberta na Canhanduba até a Praia Brava.
Por parte do estado, há projeto de um corredor paralelo à BR-101, entre Joinville e Biguaçu, passando pelo interior das cidades. Nesta semana, o governo ainda lançou edital para elaboração do projeto da ferrovia Interportos, entre Itajaí e Araquari.
O projeto da nova pista da BR 101 precisa ser apresentado pela Arteris à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para autorização da obra na concessão.
Túnel subaquático entre Itajaí e Navegantes
O túnel subaquático ligando Itajaí e Navegantes pelo rio Itajaí-açu foi lançado com a promessa de revolucionar a mobilidade da região. O projeto está em fase de contratação do financiamento internacional, prevendo obras a partir de 2023, com entrega em 2028.
O diretor do Consórcio Intermunicipal da Amfri, João Luiz Demantova, destaca que o projeto, que inclui a nova orla de Balneário e o sistema de transporte coletivo regional, foi pensado para reduzir os problemas de trânsito e desestimular o uso do carro.
“O sistema de transporte coletivo confiável, de qualidade e pontual, com uma tarifa justa, vem com objetivo de justamente incentivar as pessoas a deixarem o seu carro em casa e fazer os trajetos mais longos através do transporte coletivo”, argumenta.
Já o novo túnel, conforme Demantova, representa uma obra de integração regional. “O impacto dele na mobilidade vai ser sentido principalmente na diminuição das filas, tanto em Itajaí quanto em Navegantes, para a travessia via ferry, principalmente quando temos a interrupção da BR-101 por qualquer motivo”, lembra.
Transporte coletivo regional integrado
Entre os projetos que pretendem resolver os gargalos de trânsito entre Balneário Camboriú e Itajaí, o Sistema de Transporte Coletivo Regional, do Plano de Mobilidade da Amfri, é considerado o mais importante pelo gestor do Fundo de Outorga Onerosa de Balneário, Rubens Spernau.
“Nós carecemos de um transporte público mais eficiente e com mais agilidade para estimular as pessoas a utilizarem o serviço”, comenta. Mas ele observa que o sistema não basta por si só, sendo preciso linhas alimentadoras nos municípios. O sistema integrado está no mesmo financiamento do túnel subaquático e prevê frota de ônibus 100% elétricos.
A eficiência do sistema vai depender de outras obras. Em Balneário Camboriú, do prolongamento da avenida Martin Luther, com a licitação da primeira fase prevista em breve, formando um binário com a avenida do Estado Dalmo Vieira. A obra vai se ligar em Itajaí, na região da rua Suécia, com a futura duplicação da rodovia Osvaldo Reis, em fase das primeiras desapropriações no trecho da Praia Brava.
Parques, praças e espaços de convivência
Os projetos de mobilidade na região estão acompanhados de novos parques. Em Itajaí, um deles é o Parque Ecológico e Náutico, ao lado da marina, em licenciamento. Em Balneário, há o parque sob a ponte do rio Camboriú, em licitação, e o parque da orla ao longo da avenida Atlântica. Em Camboriú, as obras do novo parque linear devem começar em breve.
Para o professor da Univali Marcos Arnold Júnior, doutor em turismo, a implantação de parques públicos traz benefícios e pode cumprir vários papéis, seja a revitalização de um espaço degradado ou criando novas opções de lazer e socialização. Nos projetos citados, ele destaca que as obras vão fazer com que as áreas tenham uma nova dinâmica, com novos equipamentos e serviços, além da revitalização da própria paisagem.
Marcos ressalta ainda que as pessoas devem ocupar esses espaços para ter uma melhor qualidade de vida nas cidades. “Quando você tem esses espaços, você não está fazendo só para turistas, a população se apropria também e, ao se apropriar, faz com que eles tenham até mais segurança, mais vida, por estar sendo ocupados”, avalia.
Ciclovias seguras e interligadas
O presidente da Associação de Ciclismo de Balneário Camboriú e Camboriú (ACBC), Henrique da Silva Wendhausen, avalia que os projetos que geram infraestrutura aos ciclistas ajudam na mobilidade e deixam o trânsito mais seguro.
Ele cita que a nova ciclovia da reurbanização da orla de Balneário e a da duplicação da Osvaldo Reis vão gerar mais segurança e estimular o uso da bicicleta, principalmente se houver interligação com os centros das cidades.
“Vai haver uma demanda muito grande pelo equipamento bicicleta, haja vista que as pessoas vão se sentir mais seguras e vão considerar outras vantagens, não só da economia na gasolina, mas também com a melhora nos aspectos da saúde”, comenta.
Sobre a ciclovia da orla de Itajaí até Balneário, em licenciamento ambiental, Henrique ressalta a valorização para o comércio, moradores e turistas, que poderão conhecer os atrativos pedalando.
“A vista panorâmica destas vias vai gerar um boca-a-boca de propaganda muito grande, porque de bicicleta as pessoas vão poder interagir com o ambiente à sua volta”, considera.