A ideia é discutir o processo de revisão e renovação do contrato de concessão do trecho norte da rodovia, administrado pela Arteris Litoral Sul, por mais 15 anos, até 2048, a partir de 2033. A Fiesc é favorável à repactuação do contrato, mas apontou a necessidade de adicionar novas obras na concessão pra melhorar a segurança e a fluidez na rodovia dentro do modelo discutido pelo Ministério dos Transportes.
Segundo estudo técnico da entidade, os investimentos previstos pelo governo federal são insuficientes para garantir as melhorias no novo período da concessão. “Acreditamos que a renovação do contrato é a melhor solução para SC. No entanto, o estudo mostrou que as obras e melhorias contempladas na proposição não atendem às necessidades dos catarinenses”, ressalta o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar.
Trecho norte
Na BR 101 Norte, o estudo mostrou que vários trechos terão nível de serviço “F”, o pior na escala de avaliação, quando a demanda passa da capacidade da rodovia, muito antes do fim no novo prazo de concessão. Para evitar essa defasagem, foi proposta uma séria de obras, que permitiria uma avaliação nota “D”, com níveis mais adequados de segurança e fluidez na rodovia.
Entre as obras estão melhorias e intervenções como terceiras faixas, vias laterais, adequações em entroncamentos com outros acesso, novas pontes e viadutos, que seriam executadas por ordem de prioridade. O presidente da Câmara de Transporte e Logística da Fiesc, Egídio Martorano, lembra que o custo de uma rodovia ineficiente não entra no dia a dia dos motoristas, mas eleva os custos de transporte e fretes, por exemplo.
Além de melhorias na 101, outras obras no entorno foram consideradas estratégicas pra desafogar a BR. Entre elas, a ligação da rodovia Antônio Heil com a BR 101, em Itajaí, já com licitação concluída pelo governo estadual, o corredor portuário de Itajaí, ligando a 101 ao porto, e melhorias no acesso ao Porto de Itapoá.
Outras propostas abrangem implantação de serviços e medidas pra prevenir e atender acidentes, como sistemas de inteligência de tráfego, socorro rápido com “motolâncias”, fiscalização contra ocupações em áreas às margens da rodovia, que comprometem a ampliação da malha viária, e bloqueador de visão de acidente pra evitar a lentidão causada por motoristas curiosos.
Pedágio mais caro
A Fiesc reconhece que colocar mais obras na proposta do Ministério dos Transportes terá aumento no valor do pedágio, mas acredita que a tarifa ainda será uma das menores do país e sugeriu alternativas pra minimizar o reajuste. Uma das ideias é a implantação de pedágio “free flow”, com cobrança por quilômetro rodado.
Foi sugerido um estudo pra avaliar a adoção do modelo. “A adoção do pedágio por quilômetro rodado seria uma medida justa para o usuário e também para a concessionária, já que tem potencial de elevar receitas que podem ser revertidas nas obras que estamos pleiteando”, comentou Martorano.
Outra proposta é de pedágio com tarifa variável. Nesta opção, a tarifa base teria um acréscimo nos horários de pico e seria reduzida nos horários de menor movimento da rodovia. A medida serviria pra combater os congestionamentos, estimulando os motoristas a viajarem em diferentes horários, diluindo o tráfego ao longo do dia.
Custos bilionários para os usuários
Segundo os estudos da Fiesc, a falta de capacidade na BR 101 e vias laterais vai resultar em um custo de R$ 155,7 bilhões para os usuários de 2033 até 2047. A conta inclui custos de combustível, operacionais, de tempo de viagem com os congestionamentos e prejuízos com acidentes.
O custo dos congestionamentos para o usuário ao longo do período estendido da concessão (de 2032 a 2048) seria de R$ 32 bilhões a mais na comparação entre a proposta do governo federal e a proposta com mais obras sugerida pela Fiesc.
“R$ 14,6 bilhões de custos adicionais provocados por filas, congestionamentos e acidentes”, explica o engenheiro de tráfego Lucas Trindade.
Corredor Norte vai custar R$ 9,2 bilhões
O Corredor Litorâneo Norte, uma rodovia paralela à BR 101, é defendido pela Fiesc como medida para atender ao crescimento econômico do estado para as próximas décadas. A construção da obra, porém, tem desafios que passam pelo custo e conclusão dos projetos. No trecho que vai de Joinville a Tijucas, com 144 quilômetros, a estimativa é de R$ 9,2 bilhões, entre obras e desapropriações.
O engenheiro e consultor da Fiesc, Ricardo Saporiti, fez uma análise das propostas em estudo pelo governo estadual. Para ele, o ponto crítico da rodovia paralela, até o momento, é que não existe licitação para o projeto de engenharia do trecho que ligaria a estrada ao contorno viário da Grande Florianópolis, recém-inaugurado.
Os quatro lotes com projetos licitados vão de Joinville à rodovia Antônio Heil (SC-486), entre Brusque e Itajaí, somando 90 quilômetros, prevendo até um túnel no trecho. “Sem o segmento de Brusque até o Contorno Viário, de 44 km, a alternativa para desafogar o trânsito não vai funcionar. O trânsito será direcionado para a rodovia Antônio Heil, gerando mais tráfego no entroncamento com a BR101”, avalia Ricardo.
Os projetos executivos da rodovia entre Joinville e Itajaí tiveram licitação ainda em 2022. As obras ainda dependerão da liberação de dinheiro. No momento, estão sendo licitados os estudos ambientais para o trecho, em trabalho que deve ser estender por dois anos após a contratação. Ricardo lembra que a estimativa “otimista” de conclusão das obras seria de quatro anos, levando o prazo de entrega pra 2031