Itajaí
Pipas provocam quedas de energia em Itajaí e linhas de cerol ferem gavião em Navegantes
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



Não bastasse o apagão decorrente do “ciclone-bomba” que ainda afeta centenas de famílias em Itajaí e região, as pipas e linhas com cerol continuam causando problemas na rede elétrica. Além de provocar quedas de energia no fim de semana, a brincadeira que já feriu pessoas em Itajaí deixou um gavião machucado no domingo, em Navegantes. Os bombeiros militares resgataram o animal no bairro São Domingos. A ave foi encontrada no chão, com um ferimento na asa direita. Ela sofreu um corte ao se chocar contra uma linha de cerol. O gavião foi levado ao parque Beto Carrero, em Penha, onde ficou sob cuidados médicos do veterinário do parque. No mês passado, uma curucaca quase teve a asa decepada em Itapema ao ser atingido por uma linha de pipa. O tratamento pode levar seis meses até a ave se recuperar e voltar a voar. Em Itajaí, no domingo, moradores da rua Alcides Pereira, no bairro Fazenda, sofreram com queda de energia em razão das pipas engatadas na fiação. Uma moradora denuncia que o problema é frequente e quase todo dia tem gente soltando pipa na rua. No domingo, uma das pandorgas enroscou, fazendo piscar as luzes das casas. Foram relatados dois momentos de interrupção. A preocupação dos vizinhos é que os curtos-circuitos possam danificar aparelhos eletrodomésticos. “Geralmente é no fim de semana, mas tendo um dia de sol, tem gente soltando pipa. E não são só crianças que soltam, tem adultos no meio”, relata a moradora. No trecho central da rua, três pipas ainda estão enroscadas na fiação. Fiscalização O uso de cerol é crime previsto no código penal. Em Navegantes, soltar pipa está proibido por decreto em razão da pandemia pra evitar aglomerações e a proliferação do coronavírus. Em Itajaí, uma lei municipal proíbe o comércio de linhas cortantes, bem como a venda e o uso de cerol. As penas previstas envolvem apreensão do material, multa a partir de R$ 1800 e até prisão, no caso de as linhas machucaram alguém. Após casos de pessoas feridas e denúncias entre abril e maio, a prefeitura fez uma cartilha com orientações. Durante as operações “Céu Limpo”, contra as linhas cortantes, ao menos 400 carreteis foram apreendidos pela Guarda Municipal, além de pipas com cerol ou linhas chilenas. Após as ações, as ocorrências com cerol caíram bastante na cidade. A guarda continua fiscalizando. Denúncias podem ser feitas pelo 153 ou 9-8811-9129 (WhatsApp). Apagão persiste Até esta segunda-feira, ainda havia falta de luz em quase mil casas na região devido aos estragos do vendaval da semana passada. Camboriú e Itapema tinham cerca de cem unidades às escuras em cada cidade. Em Ilhota, eram quase 200 famílias sem energia. Em Itajaí e Navegantes, os problemas foram praticamente zerados, segundo dados do monitoramento online da Celesc. A empresa trabalhava com as equipes pra restabelecer o fornecimento nos últimos pontos. Quase 99% do fornecimento tinha sido restabelecido no estado até o início da tarde. A Celesc esclareceu que os serviços mais complexos dependem de caminhões com guindastes e equipes maiores. “São elas que substituem transformadores queimados, colocam postes danificados e reconstroem longos vãos de redes de distribuição”, informa. Segundo a defesa Civil estadual, o “ciclone-bomba” provocou estragos em 188 cidades, além do maior dano elétrico da história do estado, com mais de 1,5 milhão de unidades afetadas pelo apagão. “Dados preliminares indicam que este é o pior desastre provocado por ventos da história do estado, superando o furacão Catarina que atingiu o Litoral Sul em 2004 e o Tornado de Xanxerê, em 2015”, informou o órgão, que ainda trabalha no levantamento de danos.