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O mundo é moral


O mundo é moral
(Foto: Inteligência artificial)

A política é movida por eventos. É preciso estar preparado para interpretar, compreender e explicar cada movimento neste universo tão específico e capaz de absorver as mais variadas cargas de energia que se desprende aqui e ali. Quando alguém vai lhe contar algo sobre o tempo da política virá antes um evento e depois a data. E aqueles que se destacam nas ondas desse mar são os que melhor aproveitam a conjugação de forças de ventos, maré, distância entre pontos [ilhas e refúgios], as características das embarcações [cada uma] e o conhecimento sobre técnicas de navegabilidade.

A legitimidade moral e legal de cada navegador é um dos elementos mais fundamentais para se estabelecer percepção de liderança e parâmetros para juízos de valor, julgamentos populares, determinantes morais, avaliação de reputação. O que se faz nos porões, como se faz e as razões das ações, distante dos olhos dos outros, é diferente dos atos de aceno no convés e diante do timão. O íntimo desprotegido é sempre causa de desequilíbrios entre o “pensamento pessoal” e “demonstração pública”. Se os comportamentos são divergentes haverá o incompatível, manipulável, inconsistente, desajustes... entre “o que se é” e “o que se deseja parecer ser”. A reputação entra em declínio e o público se vê perturbado e carregado de incertezas, riscos e perigos. Um furo insolúvel no casco!

Nesta última semana ocorreram divulgações de comportamentos e articulações relativos a um grupo interno ao redor de Jair Bolsonaro. Filho-deputado-autoexilado e influente religioso são atores principais, com participação coadjuvante [Braga Neto assina mensagem na qual usa “telefone-fantasma” para entorses]. Uma espécie de “núcleo-duro” [intransponível, reservado a si]. As divulgações marcam o insólito privado do “núcleo-duro”, suas realidades e intenções, necessidades particulares e motivações. Formalizam, frente a dispositivos jurídicos, um conjunto de provas de condenação. A maior parte sobre reputação sem veios jurídicos.

Ao público em geral se revelam os princípios das ações feitas em esconderijos sem escotilhas. As divulgações-manchetes têm por efeito fundamental a desmoralização, os déficits de reputação, as diferenças entre manifestações públicas e intenções íntimas, os caminhos traçados para se obter objetivos, os descontroles ante ameaças, as desavenças internas em ventanias sem controle, a necessidade de ação e as urgências. O limite se dá pelo processo de julgamento [início de setembro], da altíssima probabilidade de condenação, dos movimentos de terceiros [pré-candidatos com boias de braço infantis]... Tudo urgente, apressado.

A aceitação pública da provável condenação se desloca das leis ou nos movimentos dos juízes julgadores, e se encarna em valores morais manifestos nas divulgações-manchetes internas ao “núcleo-duro”. A partir de agora, digam o que disserem, diga quem disser, venha o que vier, os filtros sociais, éticos e, sobretudo, morais, darão as orientações para as avaliações. O juízo legal vai parecer ser consequência dos juízos morais. Com isso, em parte se afastam intenções políticas ou pessoais de juízos e seus resultados. Os princípios morais arrecadam prevalência no mundo social e político. 

O barco afunda pelos tamanhos dos furos morais! As provas legais estão afundadas na moralidade. Você não é o que diz ser! Você é o que você faz, especialmente no íntimo de sua privacidade mais nuclear. Eis você diante de você! Eis os olhos a lhe avaliar. O mundo é moral!

Sérgio S. Januário

Mestre em Sociologia Política

 


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