Lula lá
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o novo presidente eleito do Brasil neste domingo de segundo turno. Na Santa & Bela Catarina, Jorginho Mello (PL) se elegeu governador num resultado esperado. O fato novo aqui foi a expressiva votação de Décio Lima (PT), que chegou a um inédito segundo turno que foi, lógico, ajudado por Lula.
Polarização
Esta eleição presidencial teve características diferentes de todas as outras, haja vista a grande rejeição dos dois principais candidatos que, mesmo alta, manteve isolados em números baixos os outros candidatos no primeiro turno, impossibilitando a subida de uma possível candidatura, a chamada terceira via, fora da polarização Lula x Bolsonaro.
Pesquisas
O resultado da eleição presidencial mostrou a eficácia dos principais institutos de pesquisas eleitorais, demonizadas pelo bolsonarismo, mas que sempre apontaram Lula na frente. Mas o fato é que, na semana final, era visível a apreensão com a possibilidade de uma virada. Agora acabou.
A grande vitória
A vitória de Lula é o resultado do desejo de um brasileiro cansado de um ambiente institucional bagunçado, e bagunçado pelo próprio presidente e seus seguidores, e, também, de uma falta de perspectiva de melhoria na vida dos mais pobres.
Governo errático
Quer queira, quer não, Bolsonaro foi eleito em 2018 com todas as condições de fazer um governo pelo menos regular, que o levaria à reeleição. Mas não. Fez um governo negacionista, errático, brutal, contra tudo e todos, um governo em que só o que contava era o discurso de ódio, característica principal do bolsonarismo. No fim, colheu o que plantou.
Recordar é viver
Foi a então famosa operação Lavajato que, em 2018, deu a Bolsonaro a condição de ascender ao poder sem ter que disputar com seu principal adversário, Lula, uma eleição que lá atrás já teria sido histórica.
Si próprio
A inaptidão política do quase ex-presidente Bolsonaro deu a Lula e ao PT a chance de voltar ao poder agora em 2022. Bolsonaro não pode culpar ninguém, a não ser a si próprio, do resultado deste domingo.
E agora?
Agora é esperar que, de alguma forma, ou por obra de algum milagre, a transição seja, ao menos, democrática. Lula terá pela frente a difícil missão de colar os cacos de um país polarizado e em frangalhos.
Um só país
Se Lula conseguir promover a união, terá deixado, definitivamente, sua marca para a história do Brasil. Acho que a expectativa que nos cabe, cidadãos, é que ele consiga, que ele consiga rapidamente, e que o ajudemos.
Instituições
O Brasil tem que reconhecer nesta página triste de nossa história, ora virada, o papel das instituições brasileiras, especialmente o STF e o TSE, que provaram ser instituições fortes e em consonância com a manutenção em nosso país de uma democracia consolidada. Parece pouco, mas é muito. É o que fez a diferença, aliado a uma imprensa livre e republicana.
O ovo da serpente
O que o brasileiro deve ficar atento é ao ovo da serpente que neste domingo foi afastado, mas que continua existindo, do desejo de parte da sociedade por um regime de exceção, um sistema que vira as costas aos mais necessitado em nome de interesses próprios. Tivemos exemplos tristes disso, desse desejo antidemocrático e insensível ao bem estar social de todos.
Elites?
O magistral Nelson Rodrigues que era jornalista, escritor, intelectual e autor teatral, mesmo tendo sido sempre classificado como reacionário, era um profundo conhecedor da alma brasileira, e humana.
O perigo que nos espreita
Numa de suas frases mais famosas, Nelson dizia: “atrás de todo paladino da moral, vive um canalha”. Rodrigues resume nesta frase genial o ovo da serpente. O perigo que nos espreita sempre.
Um pouco só
Porque, mesmo com a derrota de Bolsonaro, o bolsonarismo continua em quase todo o Brasil. Com uma bancada fortíssima no Congresso e com governadores e lideranças importantes pelo Brasil afora.
Luta continua
Então, a moral da história é que a luta pela democracia e por condições dignas de vida pra todos os brasileiros, principalmente a grande parcela esquecida e que vive à margem pelo estado, não foi resolvida nesta eleição. É uma luta que continua, uma luta de todo dia, e de todos.
Diz que não
O secretário da Fazenda da capital da pedrada e ex-do tiro ao vereador, Camboriú, Fernando Garcia, em contato com a coluna e o blog do JC, afirma que a postagem que fez no grupo de zap-zap governista, não teve em momento algum intuito de fazer assédio eleitoral contra os subordinados da sua secretaria que não votassem pra reeleger o atual presidente Jair Bolsonaro.
Democrata
Fernandinho diz que o “tem quem vê”, feito na postagem ao defender voto em Bolsonaro e a votação nas urnas, foi em alusão ao todo poderoso, o próprio Deus. Garcia jura com os pés juntinhos que é um democrata e que não é da sua índole pressionar quem quer que seja pra que mude o seu sagrado direito de votar.
Indo embora
O anúncio da APM Terminals, de que as tratativas para continuidade da operação no Porto de Itajaí, através de um contrato temporário, foram fracassadas e que, a multinacional vai operar por aqui apenas até o dia 31 do natalino dezembro deste ano, deixou todo mundo que depende do porto pra viver numa angústia danada. Não se parece ter uma luz no fim do túnel.
Funcionários
Quem mais sentiu o amargor do anúncio da gigante do setor portuário foram seus funcionários lotados em Itajaí, que foram avisados na última quinta-feira sobre o término das operações na city, e os trabalhadores portuários, que não confiam nas soluções mambembes apresentadas para a continuidade dos navios e cargas na galinha dos ovos de ouro, ops, no porto de Itajaí.
Sem solução
Tem quem tenha imputado parte da culpa aos próprios Trabalhadores Portuários Avulsos, na pessoa do Ernando Alves Jr., presidente da Intersindical. A liderança dos trabalhadores teria brigado um bocado pela manutenção da Autoridade Portuária Pública e contra a APM Terminals, e agora não tem tido respaldo da Superintendência do Porto para uma solução de verdade.
Foi reclamar
Depois de muito reclamar, durante todo processo, do Governo Federal, e não ter construído pontes para solução dos problemas dos trabalhadores portuários avulsos, Ernando foi pra piramidal reclamar, mais uma vez, agora da CTIL e da Superintendência.
Brigou
Ou seja, Ernando brigou com o Governo Federal, com a APM, agora com a CTIL e com a Superintendência. Política é a arte de construir diálogos e consensos, e pelo jeito, faltou isso a liderança dos TPAs.
Perdas irreparáveis
A perda da APM, com certeza pode ser irreparável em curto e médio prazo. As cargas e os navios não migram para um porto como clientes de um restaurante para outro, ou de um supermercado para outro.
Quem vai bancar?
A descontinuidade das operações, pode fazer com que as linhas que a arrendatária operava por aqui se acomodem em outros portos e nunca mais voltem. Aliás, muitas linhas já foram embora pela insegurança do momento. Quem vai bancar a conta desse prejuízo?
Muito além
Alguns linguarudos de plantão querem colocar a culpa disso tudo na discussão da eleição federal que findou, domingo, em posicionamentos de esquerda ou direita, mas a questão vai muito além disso.
Estratégia e diálogo
A boa política se constrói na base de estratégia e diálogo. E nisso muita gente errou feio, deixando o Porto de Itajaí sem uma perspectiva confiável de bons resultados, como os que a atual arrendatária apresentou nos últimos anos.
Não advogo
Esse pançudinho não advoga para a atual arrendatária, pelo contrário, acho, ops, tenho certeza, que a multinacional está aqui mesmo pra lucrar e mandar pro estrangeiro o fruto do trabalho do povo itajaiense.
Como fica?
E, isso é fato, mas não é por isso que ela precisa ser demonizada por alguns. Como fica a renda da city portuária e pexêra, dos impostos, das pessoas, e os reflexos sociais com a retirada das operações? Quanta imprudência!
Criticaram
Teve linguarudo que também quis criticar o ex-candidato a prefeito e trabalhador portuário Robison Coelho (sem partido), por sua proximidade e apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), como se isso fosse determinante pra saída da empresa. Mas Coelho, pelo que me lembro bem, tá batendo há um tempão na tecla e cantou a pedra do que iria acontecer se a estratégia não mudasse.
Deixou claro
Robison, que de bobo não tem nada, sempre deixou claro que sem a APM ou um grande operador que sustentasse a continuidade das linhas movimentadas no porto de Itajaí, o cenário seria de caos social e econômico.
Pior sem eles
Defensor da APM, Robison sempre disse que se uns achavam ruim o Porto com a APM, iriam ver que sem eles, vai ser bem pior. Também não advogo pro Robison, e torço pra ele estar errado, pelo bem da cidade!
Campanha intensa
O governador eleito Jorginho Mello declarou que apesar da campanha do segundo turno ter sido ser longa, o trabalho no sentido de chegar foi intenso. “Fizemos uma boa campanha, apesar de muito longa, cerca de 30 dias, vocês podem ver pela minha voz que o trabalho foi intenso. Apesar disso, foi uma campanha muito boa. Está tudo encaminhado. Dediquei a minha vida a isso, é o projeto da minha vida ser governador”, declarou.
Resultados esperados
A vitória de Jorginho Mello e a boa votação de Jair Bolsonaro já era esperada na Santa & Bela, um dos estados mais bolsonaristas da federação, mas há de reconhecer que o Partido dos Trabalhadores pela primeira vez na história, pela culpa da direita que se dividiu em quatro candidatos, abrindo espaço para a polarização entre direita e esquerda, num segundo turno histórico aos catarinenses.
Transição adequada
O governador bombeiro, Carlos Moisés (Republicanos), declarou: “Estamos promovendo uma transição adequada para o novo governador que será eleito hoje. Qualquer resultado será bem aceito, pois será a vontade das pessoas”.
Decreto
Moisés já editou um decreto que estabelece o início da transição a partir da nomeação dos designados pelo agora eleito Jorginho Mello. Com a camiseta escrita “don’t quit” (não desista), o governador frisou que o Estado está com as contas equilibradas, mais digital, menos burocrático para os cidadãos, sem aumento de impostos e com projetos bem encaminhados.