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Um bloco para fazer a diferença
O deputado Vicente Caropreso (PSDB) nunca gostou que chamassem a reunião de 11 deputados que votavam com o governador Carlos Moisés de bloquinho de forma avulsa, já que representavam mais de um quarto do parlamento estadual. O quase ex-líder Caropreso, pois a ideia é de um rodízio no comando, está otimista para que, em 2020, Paulinha da Silva (PDT), Rodrigo Miniotto (PDT), Altair Silva (PP), José Milton Scheffer (PP), Nilson Berlanda (PL), Nazareno Martins (PSB), Moacir Sopelsa (MDB), Valdir Cobalchini (MDB), Sérgio Motta (Republicanos) e Jair Miotto (PSC) ganhem reforço de peso na iniciativa. Os novos integrantes seriam, de acordo com o tucano, os sete deputados restantes da bancada do MDB (Ada de Luca, Fernando Krelling, Jerry Comper, Luiz Fernando Vampiro, líder; Mauro De Nadal, vice-presidente da Assembleia; Volnei Weber e Romildo Titon) e até o petista Fabiano da Luz, que ganhou espaço entre os ponderados. A REAÇÃO CONTRA O JUIZ DE GARANTIAS Fernando Marcelo Mendes, presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), na foto à esquerda com o hoje ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública), e o ex-presidente da entidade, Roberto Veloso, fez coro às críticas de que o Juiz de Garantias, previsto na Lei Anticrime, traz mais problemas do que soluções ao Judiciário brasileiro. O maior problema está na estrutura, principalmente na Justiça Estadual, que, em pequenas comarcas, onde atua muitas vezes um único magistrado na Vara Criminal, terá que fazer um rodízio. Tudo para garantir que quem comece a análise da investigação da Polícia Judiciária (Civil ou Federal), remete o inquérito ao MP e tome as devidas decisões para determinar os mandados de prisão temporária ou preventiva, autorize busca e apreensão ou delações premiadas, não seja o mesmo que julgará a denúncia feita pelo Ministério Público. Isso altera a estrutura do Judiciário em todas as jurisdições. Moisés aplaudirá Confirmada a engenharia anunciada por Caropreso, o que já foi o bloquinho ganhará uma enorme força em plenário, com metade dos votos, e com um campo vasto para assegurar novos integrantes, que lhe garantiriam, por baixo, a maioria simples. Um feito e um trunfo para Moisés em um ano de eleição municipal capaz de aumentar a temperatura na Assembleia. Sem compromisso O que este bloco em processo de crescimento tem de importante é a falta de compromisso, embora tenda a votar com Moisés. O grupo será, desde que formalizado, um contraponto à oposição, que, curiosamente, foi robustecida a partir da ruptura da bancada do PSL, partido do governador, onde quatro dos seis integrantes, mesmo que votem as matérias enviadas pelo governo, declaram-se independentes. Eles se atacam sozinhos A versão de que o governo de Jair Bolsonaro e seus apoiadores mais radicais abriram mão faz tempo do papel da oposição para gerar suas próprias crises bateu na porta do ministro Abraham Weintraub (Educação), que replicou, via Twitter, uma postagem do youtuber conservador Nando Moura. O que Weintraub reparou, mais tarde, é que Nando havia chamado o presidente Jair Bolsonaro de “traidor” por manter a figura do “Juiz de Garantias”, na Lei Anticrime, contra a vontade do ministro Sérgio Moro. É muita viagem Weintraub justificou que está em viagem em um navio e que foi um engano, já que a internet oscila. E emendou que um irmão gravará um vídeo para esclarecer a gafe, sinal de que o ministro vale-se de um reflexo dos ativistas digitais, curte pelo indivíduo e não exatamente pelo conteúdo, ponto inicial para qualquer tipo de tragédia de adesão. A origem incomoda A ira dos mais radicais com Bolsonaro, que justificou em uma rede social que não pode ir sempre contra o Congresso, é muito mais do que um blá, blá, pró-Moro, alvo da proposta legislativa. O autor da emenda que acrescentou a figura do “Juiz de Garantias” é o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que um dia teve como assessora a ex-vereadora Marielle Franco, assassinada ao lado do motorista Anderson Gomes, e uma voz favorável ao ex-presidente Lula (PT), motivo de muitos discursos exaltados de extremistas. E o prazo A Lei Anticrime entra em vigor dia 23 de janeiro do ano que vem, em pleno período em que os magistrados estarão em retorno às suas atividades, depois do período de festas e durante as férias de muitos deles. Adequar a estrutura para atender a lei, que não se aplica a casos de menor potencial, será um desafio redobrado, enquanto se discute se valerá para os casos já em andamento no Judiciário.