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Lá o parlamentar, aqui o eleitor...


A tão clamada crise de representação política, segundo a qual o eleito não representa o eleitor e, na mesma medida, o eleitor não exige ser representado (embora reclame na poltrona diante da TV), é umas das características de nosso enredo político: “o jogo de faz de contas”.

Durante as eleições o eleitor vira personagem importante, se torna mesmo um protagonista na política, o destaque principal. Neste período o eleitor se posiciona como quem julga e avalia, como aquele que concede e permite. O candidato, inspirado numa ocasião especial, pede o voto, implora por diálogo, quer ser ouvido, faz propostas, seduz com desempenho artístico. O eleitor, na sua ala, exige que o candidato peça o voto, que diga que necessita das pessoas, que será o principal meio para que as esperanças possam se realizar e tudo o mais.

Depois das eleições há candidatos que, por sua derrota, reclamam da população que o traíra, reclamam de seus grupos que foram incapazes. Outros, por estarem eleitos, desarmam as estruturas de sedução, desfazem os diálogos, passam a afirmar que “seu gabinete está aberto para todos”, deixam de pedir qualquer consentimento ao eleitor, e viram donos dos votos que receberam.

Um exemplo desta distância se deu quando os deputados federais, ao declararem seus votos relativos ao impedimento da presidente em aviso prévio, esqueceram-se de falar em nome do eleitor. Porque esta relação só é estabelecida durante a eleição. Assim, conclamaram seus familiares, os principais interlocutores na tomada de decisões do cotidiano político (já que as grandes decisões são tomadas pelos partidos e suas chefias).

A crise de representação é marcada pela falta de correspondência entre eleito e eleitor depois das eleições. Ocorre pela distância entre população e parlamentares (municipal, estadual ou federal). E pela falta de ousadia do eleitor em exigir a representação, e ainda provocar a continuidade do diálogo eleitoral depois de votar. Este vácuo também é caracterizado pela dificuldade de acesso ao parlamentar (enviar mensagens para causar pressão não é suficiente como único caminho).

Por outro lado é difícil mudar a dinâmica da representação se as estruturas políticas não a promovem e se transformam em verdadeiro divórcio. Enquanto o tempo de mandato for do eleito e não do eleitor, enquanto não pudermos destituir eleitos que não nos representam, enquanto não houver a instância do voto de desconfiança pouco restará a fazer. A mediação entre eleito e eleitor se fará no máximo por comissionados que terão a função especial de tentar traduzir os desejos do eleitor, mas no período mais próximo das eleições.

Precisamos de uma reforma do estado brasileiro, de uma revisão da constituição federal que se demonstrou capaz de absorver vícios de conduta; que permite que pessoas possam utilizá-la como um patrimônio pessoal. Torna-se fundamental uma reforma política capaz de reposicionar o cidadão, no mínimo o eleitor.

*Agradeço novamente à Daniella Medeiros pelas críticas à versão original deste artigo.

Sérgio é mestre e professor da área de sociologia política e estrategista político na empresa Existus Comunicação e Pesquisa.


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