SANTA CATARINA
Delegado que apurou tragédia com balão é demitido e fala em perseguição
Rafael Chiara diz que foi retaliado por se recusar a fazer indiciamentos sem provas
Camila Diel [editores@diarinho.com.br]
O delegado Rafael Gomes de Chiara, que comandou a investigação do acidente com balão que matou oito pessoas em Praia Grande, foi demitido da Polícia Civil de Santa Catarina. A decisão foi assinada pelo governador e, segundo a corporação, não tem relação com o caso do balão.
A Polícia Civil afirma que Chiara foi desligado por causa de processos disciplinares abertos em 2022 e em anos anteriores. Entre as acusações estão o uso de viatura para fins pessoais durante as férias, ofensas contra a Corregedoria e faltas ao trabalho.
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Os processos foram analisados por comissões internas, pelo Conselho Superior da Polícia Civil e pela Procuradoria-Geral do Estado antes de chegar à decisão final. No mesmo dia, outro delegado também foi demitido. A corporação diz que isso mostra que não houve favorecimento ou perseguição.
Mas a defesa do delegado rebate. A advogada Francine Kuhnen afirma que Chiara foi alvo de retaliação política por se recusar a fazer indiciamentos sem provas. Ela diz que, depois da entrega do relatório do caso do balão, o delegado começou a sofrer pressão interna, incluindo ligações do delegado-geral avisando que pediria sua cabeça ao governador.
A defesa também sustenta que o governo reativou processos antigos como forma de punição. “A coincidência não é inocente. É evidente e perigosa”, diz a advogada. Para ela, quando um delegado perde a independência, quem perde é a sociedade.
A nota enviada à imprensa diz ainda que o delegado apenas cumpriu a lei e que a demissão teria usado a máquina pública com interesse político. A defesa promete ir à Justiça para reverter a decisão.
Chiara ganhou repercussão ao investigar o acidente com o balão em junho deste ano. Ele afirmou, à época, que enfrentou pressões dentro da própria polícia por manter decisões técnicas. A corporação nega qualquer interferência e reforça que os processos são anteriores ao caso.
O delegado pode pedir reconsideração ao governador ou entrar com ação na Justiça.
Camila Diel
Camila Diel; jornalista no DIARINHO; formada pela Univali, com foco em jornalismo digital e produção de reportagens multimídia.
