PESCA

Corvina pode entrar na lista de espécies ameaçadas de extinção

Conselho Nacional de Pesca propôs inclusão; ministério vai decidir

Só mudança de classificação não garante proteção, defende pesquisador 
(foto: João Batista)
Só mudança de classificação não garante proteção, defende pesquisador (foto: João Batista)
miniatura galeria
miniatura galeria

Em reunião na semana passada, o Conselho Nacional de Aquicultura e Pesca (Conape) apresentou proposta que pode incluir a corvina na lista de espécies ameaçadas de extinção. A medida gerou preocupação do Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), que já tinha pedido uma reavaliação do Ministério da Pesca com base em dados atualizados.

A corvina integra o Plano de Recuperação de Espécies Aquáticas Ameaçadas. O documento traz metas, objetivos e diretrizes para garantir a preservação dos animais listados. Atualmente, são ...

Já tem cadastro? Clique aqui

Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais

Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!

A corvina integra o Plano de Recuperação de Espécies Aquáticas Ameaçadas. O documento traz metas, objetivos e diretrizes para garantir a preservação dos animais listados. Atualmente, são 10 planos de recuperação em andamento, contemplando 24 espécies diferentes, em sua maioria de origem marinha. 

Continua depois da publicidade

A reunião do Conape contou com a participação de representantes do Ministério do Meio Ambiente e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O conselho é um coletivo nacional da pesca, formado por entidades da sociedade civil, pescadores e aquicultores, gerido pelo Ministério da Pesca. Caberá ao Ministério do Meio Ambiente analisar a proposta e dar um parecer em 60 dias.

No plano, a corvina está apresentada como “vulnerável” na lista de espécies ameaçadas de extinção. Até então, o peixe tinha classificação LC, sigla em inglês para “menos preocupante”. Para o Sindipi, apesar de a mudança ainda não ter sido oficializada, o anúncio da nova categorização volta a pôr em xeque a atividade pesqueira.

O sindicato lembra que, desde 2022, tem alertado o governo federal e solicitado um plano de gestão para garantir a preservação da espécie e a continuidade da pesca. Em março, em reunião do Comitê Permanente de Gestão da Pesca (CPG Demersais SE/S), o plano de gestão da corvina foi aprovado, mas o documento ainda não foi publicado.

Com a possível inclusão da corvina na lista de espécies ameaçadas, o sindicato diz que o plano de gestão fica em risco. “Embora já tenha sido aprovado do CPG, a partir da publicação da corvina na lista de espécies ameaçadas, o plano de gestão corre o risco de ser transformado em plano de recuperação, ficando sob responsabilidade exclusiva do MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima)”, informa.

Sindipi empenhado no Plano de Gestão da Corvina

Sindicato alerta pra comprometimento da pesca e risco a plano de gestão (foto: Divulgação/Sindipi)
Sindicato alerta pra comprometimento da pesca e risco a plano de gestão (foto: Divulgação/Sindipi)

 

Ainda em março, o sindicato pediu ao Ministério da Pesca e Aquicultura a reavaliação da espécie com base em novos dados. “O Sindipi está mobilizado para auxiliar o MPA na revisão dos dados e garantir que o Plano de Gestão da corvina, elaborado por dezenas de representantes de diversos órgãos públicos, academia e entidades representativas do setor industrial e artesanal, seja implementado”, defende a entidade.

O professor Roberto Wahrlich, da Univali, coordenador do Projeto de Monitoramento da Atividade Pesqueira em Santa Catarina, é quem está à frente do grupo técnico-científico do CPG Demersais SE/S, onde a situação da corvina é debatida. Ele explica que a classificação na categoria "vulnerável" para a corvina está de acordo com os dados disponíveis até a data da avaliação feita em 2022. A metodologia usada na classificação coloca a espécie em risco de extinção.

Continua depois da publicidade

“Outros estudos publicados após essa avaliação, utilizando metodologia de avaliação de estoque, indicam que a corvina do Sul e Sudeste do Brasil se encontra sobrepescada (biomassa menor do que seria sustentável) e sofrendo sobrepesca (mortalidade de pesca maior do que seria sustentável), o que requer medidas de ordenamento para a recuperação dos dois estoques de corvina”, comenta. Ele ressaltou que essas medidas estão previstas no plano de gestão da corvina, aprovado pelo CPG Demersais no mês passado.

A corvina é uma espécie popular, com preço acessível. O peixe costuma ser a opção mais barata ao bacalhau. No Mercado do Peixe em Itajaí, a corvina pode ser encontrada a R$ 19,99 o quilo. A espécie tem peso médio entre dois e cinco quilos e tem pesca mais favorável entre agosto e outubro no litoral de Santa Catarina e do Paraná.

 

Continua depois da publicidade

Pesquisador aponta falta de gestão pesqueira adequada

O professor Paulo Ricardo Schwingel, da Univali, especialista em recursos pesqueiros marinhos, avalia que a classificação da corvina para “vulnerável” aponta para falta de gestão pesqueira, hoje sob responsabilidade dos ministérios do Meio Ambiente e da Pesca.

“Esses órgãos devem fazer a gestão pesqueira adequada, ou seja, devem ser feitas avaliações de estoque com frequência desse recurso pra estabelecer limites de captura ao longo do tempo”, comenta. Para o pesquisador, colocar a espécie no status de “vulnerável” é o mais fácil, diante da falta de capacidade dos órgãos em fazer a gestão pesqueira adequada.

Ele entende que os ministérios e o ICMBio devem trabalhar em conjunto pra recuperar a espécie através de estratégias de gestão pesqueira. “O simples fato de colocar [a corvina] como vulnerável não protege a espécie. É necessário que tenha estudos permanentes da espécie para que se faça a gestão pesqueira adequada”, afirma.

Continua depois da publicidade

Só mudança de classificação não garante proteção, segundo pesquisador (Foto: João Batista)

Em SC, Schwingel integra o projeto Biopesca SC, que estuda há mais de um ano recursos pesqueiros catarinenses, incluindo a corvina, tainha, anchova, peixe-espada, camarões e siris entre as espécies. O projeto é financiado pela Fapesc, com apoio da Univali, UFSC, IFSC e secretaria estadual da Pesca, e seguirá até o fim do ano.

“Esse projeto pretende, já no início do próximo ano, estabelecer dados que podem contribuir para a gestão pesqueira adequada. Nós geramos pesquisa, e o estado está apoiando esse tipo de pesquisa, e esperamos continuar em 2026 pra gerar dados contínuos dessa importante pescaria”, disse o professor. Ele destaca que os dados podem subsidiar tomadas de decisão, ressaltando que é necessário fazer avaliações do estoque pra que seja possível fazer a gestão pesqueira das espécies. O ideal, conforme analisa, é que a entrada de dados seja constante para os planos de gestão.






Conteúdo Patrocinado



Comentários:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Clique aqui para fazer o seu cadastro.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

WhatsAPP DIARINHO

Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






216.73.216.2


TV DIARINHO


🏘️💰 CORRE QUE VENDE! | Com previsão de entrega pra 2031, o Residencial Portovelas já teve 60% dos apartamentos ...



Especiais

COP30 escancara crise de moradia, energia e água em Belém

CRISE NA MORADIA

COP30 escancara crise de moradia, energia e água em Belém

Entidades vão levar a Lula proposta de Comissão Indígena da Verdade de crimes da ditadura

CRIMES DA DITADURA

Entidades vão levar a Lula proposta de Comissão Indígena da Verdade de crimes da ditadura

MTE perde 19 coordenadores e haverá reação se JBS não entrar na lista do trabalho escravo

Ministro do Trabalho e do Emprego

MTE perde 19 coordenadores e haverá reação se JBS não entrar na lista do trabalho escravo

Gilmar Mendes vira principal alvo de Paulo Figueiredo para Magnitsky nos EUA

Lei Magnitsky

Gilmar Mendes vira principal alvo de Paulo Figueiredo para Magnitsky nos EUA

Amazônia enfrenta escalada inédita de temperaturas extremas em áreas ainda preservadas

NATUREZA

Amazônia enfrenta escalada inédita de temperaturas extremas em áreas ainda preservadas



Blogs

Vamos Homenagear o Almirante?

Blog do Magru

Vamos Homenagear o Almirante?

Sugestão às mamães

Blog da Jackie

Sugestão às mamães

Antes de Brasil Expo, fisiculturistas acompanham a “Copa do Mundo” da modalidade em Las Vegas. É o Mr. Olympia em destaque

A bordo do esporte

Antes de Brasil Expo, fisiculturistas acompanham a “Copa do Mundo” da modalidade em Las Vegas. É o Mr. Olympia em destaque



Diz aí

"Nosso projeto é de clube formador, de dar oportunidades aos jovens talentos"

Diz aí, Bene!

"Nosso projeto é de clube formador, de dar oportunidades aos jovens talentos"

“O gargalo que a gente enfrenta é a mão de obra e a qualificação da mão de obra”

Diz aí, Thaisa!

“O gargalo que a gente enfrenta é a mão de obra e a qualificação da mão de obra”

"Comprem em Camboriú porque vai valorizar. Camboriú é a bola da vez"

Diz aí, Pavan!

"Comprem em Camboriú porque vai valorizar. Camboriú é a bola da vez"

"Não pense que eu vou ficar os quatro anos fora da Câmara"

Diz aí, Anna Carolina!

"Não pense que eu vou ficar os quatro anos fora da Câmara"

"Na minha chapa, os candidatos ao Senado vão ser de Santa Catarina"

Diz aí, João Rodrigues!

"Na minha chapa, os candidatos ao Senado vão ser de Santa Catarina"



Hoje nas bancas

Capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.