Bolsonaro foi o único presidente brasileiro que não se encontrou com papa Francisco
Divergências principalmente sobre a Amazônia criaram distanciamento
João Batista [editores@diarinho.com.br]
Ex-presidente lamentou morte do líder religioso em postagem (Foto: Beto Barata/PL)
Durante seus 12 anos de papado, o papa Francisco, falecido na segunda-feira, só não se reuniu com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Todos os demais presidentes brasileiros no período, entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB) tiveram encontros com o pontífice da igreja Católica.
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A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, chegou a participar de evento com o papa em Roma, em 2019, mas não teve agenda exclusiva com Francisco. O evento era um encontro de primeiras-damas ...
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A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, chegou a participar de evento com o papa em Roma, em 2019, mas não teve agenda exclusiva com Francisco. O evento era um encontro de primeiras-damas latino-americanas. Na segunda-feira, Bolsonaro fez postagem no X (ex-Twitter) lamentando a morte do líder religioso.
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“O mundo e os católicos se despedem daquele que ocupava uma das figuras mais simbólicas da fé cristã: o Papa. Mais que um líder religioso, o papado representa a continuidade de uma tradição milenar, guardiã de valores espirituais que moldaram civilizações”, escreveu. “Para o Brasil e o mundo, a figura do Papa sempre foi sinal de unidade, esperança e orientação moral. Sua partida nos convida à reflexão e à renovação da fé, lembrando-nos da força da espiritualidade como guia para tempos de incerteza”, completou na mensagem.
Durante seu mandato como presidente, Bolsonaro divergiu do papa sobre diversos temas, incluindo questões ligadas à preservação da Amazônia, rebatendo inclusive um tuíte de Francisco em favor da floresta e dos povos nativos. Na época, se discutia a criação do Conselho da Amazônia, após casos de incêndios que geraram críticas de autoridades e celebridades internacionais.
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“Foi criado nesta semana um conselho que visa proteger, preservar e desenvolver nossa Amazônia, o que é muito importante (...). E mostrar para o mundo que estamos preocupados com a Amazônia, a Amazônia é nossa. Não é como o Papa tuitou ontem, não, tá?”, comentou o então presidente em uma live na ocasião.
Na época, também foi noticiada uma determinação do presidente pra que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitorasse o Sínodo da Amazônia, encontro de bispos em Roma, em 2019, que tratou de temas ambientais. A preocupação era com possível interferência da igreja na soberania sobre a Amazônia e com denúncias de falta de políticas de proteção à floresta.
Encontros de líderes com o papa
Lula e Janja confirmaram presença no funeral do papa Francisco, no sábado (Foto: Arquivo/Ricardo Stuckert)
Na lista de presidentes brasileiros que tiveram encontros com o papa Francisco, Lula foi quem mais teve proximidade e afinidades. Os encontros foram em 2020, 2023 e 2024. Antes, em 2019, Francisco chegou a escrever uma carta para Lula quando o então ex-presidente estava preso em Curitiba (PR).
O presidente confirmou que irá ao funeral de Francisco, no sábado. Ele viajará com a primeira-dama, Janja da Silva, em comitiva que terá ainda os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso.
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Ainda em 2013, na missa inaugural do papa Francisco, Dilma Rousseff foi a primeira presidente brasileira a se reunir com o recém-escolhido líder da igreja católica. No mesmo ano, ela teve encontro com o pontífice durante a primeira visita do papa ao Brasil, por ocasião da 28ª Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro (RJ).
Em 2014, a reunião entre os dois foi em Roma. No ano passado, o papa voltou a receber Dilma, como presidente do banco dos Brics, no Vaticano. Já o ex-presidente Michel Temer esteve com Francisco em duas ocasiões, ainda como vice de Dilma, em 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude, e em 2014, em missa em Roma, quando viajou representando o governo brasileiro.
Três cardeais de SC votarão na escolha do novo papa
Jaime Spengler, João Braz e Leonardo Steiner podem votar no conclave (foto: Divulgação/CNBB)
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Três cardeais catarinenses estão entre os sete brasileiros que podem votar e ser votados no conclave, eleição que vai escolher o novo papa. No seleto grupo estão Jaime Spengler, de Gaspar, João Braz de Aviz, de Mafra, e Leonardo Steiner, de Forquilhinha.
O conclave não tem data marcada, estimada entre 6 e 11 de maio. Vão participar 138 cardeais aptos a votar, aqueles com menos de 80 anos. Além dos catarinenses, o Brasil integra o colégio de cardeais com o arcebispo de Salvador, Sérgio da Rocha; o arcebispo de São Paulo, Odilo Scherer; o arcebispo de Brasília, Paulo Cezar Costa; e o arcebispo do Rio de Janeiro, Orani Tempesta.
Natural de Gaspar, Jaime Spengler, de 64 anos, é o atual presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Porto Alegre (RS) desde 2013, com nomeação pelo papa Francisco. Em 2024, ele se tornou cardeal, em cerimônia em Roma, entrando para o colegiado cardinalício, hoje com 252 membros.
Arcebispo emérito de Brasília, João Braz de Aviz, de 77 anos, é o mais velho entre os cardeais brasileiros no conclave. Natural de Mafra, é cardeal desde 2012, nomeado pelo papa Bento XVI. Foi nomeado em 2004 pelo Papa João Paulo II como arcebispo metropolitano de Brasília. Participou, em 2013, do conclave que elegeu o papa Francisco.
Nascido em Forquilhinha, Leonardo, de 74 anos, é o atual arcebispo de Manaus, considerado pelo Vaticano o primeiro cardeal da Amazônia. Em 2011, Steiner foi eleito secretário-geral da CNBB e nomeado bispo auxiliar da arquidiocese de Brasília pelo Papa Bento XVI. Ele se tornou arcebispo de Manaus em 2019 e virou cardeal três anos depois, nomeado por Francisco.
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Velório do papa Francisco vai até sexta
Visitação será durante o dia; funeral é no sábado (foto: divulgação/vaticano)
O velório do papa Francisco começou nesta quarta-feira, na praça Santa Marta, no Vaticano, e vai até a próxima sexta-feira. A cerimônia é aberta ao público, com horários predefinidos, pra que os fiéis possam prestar condolências junto ao caixão com o corpo do pontífice.
De acordo com a Santa Sé, o caixão foi colocado em frente ao Altar da Confissão, na Basílica de São Pedro, onde o coro cantou a Ladainha dos Santos em latim “para o repouso de sua alma”. O cardeal camerlengo Kevin Farrel conduziu uma breve liturgia que incluiu uma leitura do Evangelho de João sobre o amor de Jesus por seus discípulos.
Mais de 20 mil pessoas participaram do velório na abertura da cerimônia pela manhã. Os horários informados pelo Vaticano para visitação de fiéis à basílica para se despedir do papa são os seguintes: quarta-feira, até à meia-noite; na quinta-feira, das 7h à meia-noite e na sexta-feira, das 7h às 19h.
Na sexta, porém, o caixão será fechado às 15h. O funeral de Francisco foi agendado para o próximo sábado, a partir das 10h, na Basílica de São Pedro. Do local, o caixão será levado para a basílica de Santa Maria Maior, onde vai ser sepultado em cerimônia mais simples que o normal, conforme pedido do próprio pontífice.
A cerimônia de sábado, conhecida como Missa de Exéquias, marca o primeiro dia do novendiali ou nove dias de luto e orações em honra ao papa. A celebração, no átrio da basílica, será presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício. Ao final, acontecerão os ritos da ultima commendatio e da valedictio — despedidas solenes que marcam o encerramento das exéquias.
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