Diz aí, Celso Praun!

"Toda a equipe do prefeito Robison é contra a privatização do Semasa"

O diretor-geral do Semasa, Celso Praunm foi entrevistado pela jornalista Fran Marcon e pelo engenheiro sanitarista Victor Silvestre. Falta de água, investimento nas estações de tratamento e preparação para atender o crescimento populacional do município f

Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]

FOTOS: FABRÍCIO PITELLA
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"Falta água em Itajaí porque a população cresceu muito, os investimentos não foram devidamente compensados como deveriam ter sido feitos nos últimos anos."

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"Falta água em Itajaí porque a população cresceu muito, os investimentos não foram devidamente compensados como deveriam ter sido feitos nos últimos anos."

 

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Qual o panorama administrativo que o senhor encontrou ao assumir o Semasa?

Celso: Encontrei um panorama totalmente diferente do que eu vivia na iniciativa privada. Há profissionais muito comprometidos, servidores efetivos altamente qualificados. A parte administrativa também se mostrou interessante e consciente, porém, vamos implementar diversas reformas. Trabalharemos com um plano de ação, adotando processos e métodos que na vida privada trabalhamos diariamente. Vamos implantar uma série de mudanças administrativas no Semasa. [O que essas mudanças buscam?] Essas mudanças buscam que o Semasa todo se conheça. Queremos que a área de administração conheça o funcionamento da área de saneamento, que o saneamento compreenda a área de cortes e assim por diante. Dividindo o Semasa em cinco ou seis equipes de estudo, que irão estudar a captação, pré-sedimentação e estoque, entre outros aspectos. A ideia é segmentar as atividades para formar equipes multifuncionais, com planos de ação bem definidos, processos organizados e métodos estruturados.

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Hoje, qual seria a principal preocupação do Semasa e qual o plano de ação dentro da autarquia?

Celso: Fizemos uma transição ampla e bem concisa. Nestes 60 dias, nossa principal preocupação era que não faltasse água na cidade. Mesmo assim, com o calor e com a dificuldade no abastecimento, estamos enfrentando dificuldades conscientes e adotamos vários planos para mitigar essa situação. Um dos principais problemas que encontramos foram os vazamentos, dos quais conseguimos estancar entre 60% e 70%. Além disso, estamos implementando um plano para instalar caixas d’água em unidades de saúde e escolas, garantindo abastecimento nesses pontos essenciais. Nossa grande preocupação no momento é a necessidade urgente de água e a baixa pressão que tem afetado a cidade hoje. [Para as pessoas que estão nos acompanhando entenderem: por que falta água hoje em Itajaí?] Falta água em Itajaí porque a população cresceu muito, os investimentos não foram devidamente compensados como deveriam ter sido feitos nos últimos anos. Atualmente, temos uma vazão de 1200 litros por segundo, quando, na realidade, precisaríamos de 1450 litros por segundo. Falta água porque falta processo, falta investimento. Apoiados pelo prefeito Robison, até final de novembro nós vamos investir, vamos investir e tentar acabar ou diminuir muito essa falta de água na cidade. [Nesse feriadão de carnaval, tivemos localidades que sofreram com a falta de água, como a Praia Brava e o Morro Nossa Senhora das Graças. Por que esses locais foram mais afetados?] São os pontos de rede que chamamos; como a Praia Brava, que normalmente é o primeiro lugar a ficar sem água e o último a voltar. Isso acontece devido à sua posição na rede. Além disso, o crescimento populacional da Praia Brava foi muito grande nos últimos anos. Talvez o planejamento não tenha atingido o crescimento que era necessário. Já no Nossa Senhora das Graças, a falta de água é um problema histórico, especialmente na parte mais alta do morro, onde as pessoas mais reclamam. Na semana que passou, resolvemos esse problema; fizemos uma troca no abastecimento. Hoje, todos os moradores do Nossa Senhora das Graças têm acesso à água. Temos até uma reservação que colocamos em cima do morro; hoje não falta água no Nossa Senhora das Graças.

A Praia Brava terá um novo reservatório de água do Semasa?

Celso: Sim, estamos trabalhando nisso, não apenas na Praia Brava. Estamos direcionando investimentos para a construção de alguns reservatórios, principalmente na Praia Brava. A prefeitura possui um imóvel que provavelmente será cedido para o Semasa, e já temos um projeto em andamento. Já visitamos o local com o secretário de Obras. Vamos trabalhar em cima do morro do Crea para fazer uma reservação. O primeiro projeto, imediato, é a construção de uma Estação de Tratamento de Água (Eta) com capacidade inicial de 250 litros por segundo, já ampliando para 500 litros por segundo. Chamamos esse projeto de "ETA 500", mas é um projeto modular, começando com 250 litros. Esse projeto será modular, 125 mais 125 litros cada, podendo trabalhar com muita ou pouca água. Esse investimento incluirá uma estação de tratamento de lodo e outras melhorias essenciais. Estamos abordando o sistema como um todo, por isso contamos com um grupo multifuncional. [Essa é a licitação que vocês anunciaram há duas semanas? A licitação para a Eta compacta?] Sim, essa é a licitação. O processo já está na fase final. Nossa meta é concluir toda essa fase até o final de março, com o projeto finalizado, orçamento definido e a licitação fechada, para então iniciarmos as obras o quanto antes. [Qual será a localização das novas Etas?] No nosso terreno no São Roque. Vamos fazer ali as duas Etas de 250.

 

Para atender à população sem água, o Semasa tem instalado caixas d'água em escolas e UPAs e como medida para tentar amenizar a falta de água tem desligado os chuveiros da orla. Qual a eficiência dessa medida?

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Celso: Seguimos as regras estabelecidas por lei para essas ações. Instalamos caixas d’água na grande maioria das escolas, em várias UPAs e alguns pontos críticos onde a há necessidade de água potável. Colocamos aproximadamente 17 caixas d’água. [E os chuveiros da orla foram desligados?] Achamos por bem mostrar para a população a necessidade de economizar a água. Além disso, estamos correndo atrás de vazamentos. Entre 1º de janeiro e 15 de fevereiro, encontramos entre 300 e 350 vazamentos, variando entre pequenos e muito grandes. Estamos com uma força-tarefa muito grande para solucionar esses vazamentos. Essas medidas aumentam a nossa disponibilidade do produto para distribuir para os consumidores. [Na questão do vazamento, vocês têm reavaliado a gestão dos contratos, considerando a busca por redução de perdas de água e um modelo baseado em performance?] Sim, diversas possibilidades estão sendo discutidas. Temos grupos de trabalho avaliando diferentes estratégias, incluindo a implementação de cashback para consumidores que economizarem água. Isso tudo depende de lei, depende de aprovação e está em processo de estudo. Mas tudo após o término da licitação da Eta. Temos outros projetos andando.

O que mais preocupa: o sistema de abastecimento de água ou o tratamento de esgoto? Como está a implantação da rede coletora? Ela segue suspensa desde o ano passado?

Celso: Sim, a implantação da rede coletora está suspensa e isso é uma preocupação. Assim que resolvermos a licitação da Eta, com a entrega dos 250 litros por segundo, voltaremos a tratar com prioridade a questão do saneamento e do esgotamento sanitário. Estamos distribuindo e vamos atacar todos eles: esgoto, reservação de água, controle da salinidade e melhorias na barragem. [Mas por que a implantação da rede coletora ainda está suspensa?] Ela está andando, mas sem celeridade. A celeridade estamos dando à Eta e à água. Acredito que até o final de março retomaremos todos os processos. Há processos de 2022, 2018 e até projetos de 2011 que precisam ser revisados e acelerados. [Hoje, qual o percentual instalado da rede coletora?] Atualmente, 36% da cidade conta com rede coletora. O marco estabelecido é atingir cerca de 80%. Nós não temos coleta, mas já temos instalado mais 40%, faltando apenas a ativação desses trechos. Além disso, estamos atuando em conjunto com a Caixa Econômica Federal e explorando novas oportunidades de financiamento, como o novo PAC voltado para esgoto.

Há uma conversa entre as secretarias de Obras e Semasa para evitar o constante e temido “abre e fecha” de buracos nas ruas da cidade?

Celso: Eu diria que essa conversa envolve três secretarias, incluindo também o Urbanismo. Inclusive, surgiu até um slogan para essa parceria: Urbrasa – Urbanismo, Obras e Semasa. Criamos uma equipe multifuncional das três secretarias trabalhando de forma integrada. Não podemos garantir que um órgão nunca precisará abrir e o outro fechar um buraco, pois, em casos de emergência como um vazamento, a secretaria precisa fazer. Mas Celso, Tarcísio e o João Paulo estão muito inteirados e o prefeito em cima, cobrando e participa também. Um dos exemplos é o binário da Praia Brava, os três já estão trabalhando juntos e o prefeito cobrando. O prefeito é chefe geral!

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O senhor é a favor ou contra a desvinculação de recursos do Semasa?

Celso: Não. O Semasa é uma autarquia, não se estudou essa possibilidade. O Semasa é do município, é a prefeitura, é uma autarquia da prefeitura. Pode ter sido estudado na gestão passada. Na nossa gestão não se estudou. [Como o senhor avalia o fato de o Semasa, mesmo com superávit, acabar cedendo valores do seu orçamento para outras pastas do município, como ocorreu com os R$ 50 milhões que viraram alvo de uma CPI?] Talvez essa seja uma das questões da falta de investimentos no Semasa. O prefeito quer investimentos no Semasa. O prefeito não apoia retirada. Temos até uma conversa para ele devolver uma parte desses valores em imóveis. O Semasa vai precisar de imóveis para fazer reservação, a prefeitura tem imóveis. O prefeito está trabalhando nisso. Isso é uma promessa de campanha.

O senhor é favorável à privatização do Semasa?

Celso: Nunca. Toda a equipe do prefeito Robison é contra a privatização. Não se fala em privatização. [Qual o atual contrato vigente de operação e manutenção? Ainda é com a empresa Ambiental?] É com a empresa Ambiental. Ele foi renovado agora. Temos um grupo de trabalho que está revendo todas as situações. Nós estamos controlando as equipes da Ambiental, onde eles vão e como vão. Hoje, nós temos um diretor de relacionamento com clientes que está atuando em cima, junto com a Ambiental.

A barragem da cunha salina precisará ser refeita ou passará por nova manutenção?

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Celso: Temos um grupo de trabalho em cima. Uma equipe de mergulhadores tentou, 15 dias atrás, verificar a situação, mas em função da turbidez da água não conseguiu ver nada. Vamos fazer a manutenção ou reforma. Tem comportas que não têm mais condição. Tem algumas comportas abertas, com passagem pelo lado. Nós estamos fazendo um processo de inventário, mas nós vamos reformar. Nós estamos fazendo uma grande reavaliação da Loa, com outra equipe. [Já se tem o montante de investimento planejado pela administração no Semasa?] Nós vamos investir com o recurso do Semasa, R$ 50 milhões. Temos conversa com a Caixa Econômica, na casa de R$ 200 milhões. Fora isso, agora com o novo PAC, tem outras verbas, outras possibilidades de captar recurso, desde que o dinheiro não seja muito caro, porque senão a gente endivida o Semasa. Nós temos sempre cuidado com a saúde financeira do Semasa. Isso envolve o investimento, não inviabiliza, mas envolve o modelo de investimento. A gente tem na casa, dos dois juntos, cerca de R$ 300 milhões.

Itajaí depende da captação de água do rio Itajaí-Mirim, mas quando chove muito, o rio sofre interferência dos resíduos que descem de várias cidades do Alto Vale. Além disso, a qualidade da água do rio não está entre as melhores. Como estão os estudos para uma nova fonte de captação para abastecer a cidade?

Celso: A questão da turbidez, que é a sujeira na água, ela vem desde Botuverá e Brusque, e tem um processo de colocar boias no rio para ir segurando os troncos. Tem um projeto em estudo, mas ele virá após o processo de reanálise da barragem. Tem os produtos químicos; Brusque tem as empresas têxteis, a gente tem que cuidar também. A nossa necessidade de captação não precisa mudar. A gente precisa ir um pouco mais para cima para tratar e cuidar da água. [Reservar mais?] Reservar sem dúvida. É um projeto grande, precisamos fazer algumas reservações na Praia Brava, na Itaipava e em alguns locais distintos que a gente vai fazer reservação. [Como está o incentivo de as pessoas terem a sua própria reservação – a caixa d´água?] O nosso departamento social tem trabalhado muito nisso. As pessoas não têm caixa d’água. Elas estão ligadas na rede direta. Qualquer alteração, falta de água, leva um pouquinho de sujeira para a rede. A equipe social está trabalhando, tem projeto também. [Tem um levantamento de quantas famílias não têm caixa d'água em Itajaí?] Não, não temos. Até porque é uma obrigatoriedade. Tem muita gente que diz que tem e não tem.

Como preparar a cidade para atender mais 300 mil habitantes e ainda fornecer água pra Navegantes?

Celso: A gente precisa planejar. Hoje, Itajaí está com 287 mil habitantes. A gente imagina que Itajaí vai ter 350 mil, junto com Navegantes chegue em quase 400 mil. Nós temos uma série de planos. Nós temos que ter mais reservação, mais captação e esgoto. Esse conjunto de planos que a gente está trabalhando, de forma multifuncional dentro do Semasa, projeta 350 mil habitantes. Nós temos um grande cliente, que é a GDC, que nós temos que botar sempre dentro dos nossos planos. Nós temos Cabeçudas, com muitos investimentos previstos para o bairro. Temos um apoio da Apobrava sempre por dentro do que vai acontecer na Praia Brava. Nós estamos pensando também em Itaipava. [Falando em Navegantes, o município tem problemas com vazamentos. Pelo SNIS, que é o Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento, a cidade estava acima da média nacional...] A gente vai conversar alguns assuntos e talvez a interação entre as duas equipes seja bem-vinda. Nós vamos continuar abastecendo Navegantes, não tenha dúvida, mas hoje Navegantes compromete o abastecimento de Itajaí. Itajaí sente falta. Nós temos que tentar, em conjunto, achar uma saída para que não falte água nem para Navegantes, nem para Itajaí, nem para Praia Brava, nem para ninguém. [Corre o risco de Itajaí não abastecer Navegantes?] Não, de jeito nenhum. É um cliente, é um parceiro, é uma cidade coirmã. A nossa questão é melhorar, tanto para Itajaí como para Navegantes.






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