Urgente
Greve surpresa para ônibus e tranca os terminais de Itajaí
Passageiros ficam sem ônibus para voltar casa ou vir ao centro trabalhar
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]













Os ônibus do transporte coletivo de Itajaí voltaram a circular por volta das 17h de sexta-feira, após permaneceram por cerca de cinco horas parados nos terminais do município. No começo da tarde, os funcionários do Sistema de Ônibus Local (Sol) bloquearam os três terminais da cidade, impedindo a saída e a entrada dos coletivos do transporte público integrado, devido ao atraso no pagamento dos salários. Conforme o dinheiro ia caindo nas contas, os ônibus eram liberados e seguiam viagem com os passageiros.
O motivo da greve surpresa foi o atraso de um dia no pagamento dos salários. O quinto dia útil do mês caiu na quinta-feira, mas até o meio-dia de sexta, os trabalhadores do Consórcio Atalaia ainda não tinham recebido. Diante disso, cruzaram os braços ao meio-dia, bloquearam os acessos aos terminais e deixaram os passageiros sem transporte.
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A Atalaia Transportes Coletivos, concessionária do transporte público de Itajaí, informou que a paralisação foi causada pelo que classificou como um “suposto atraso” nos salários. Segundo a empresa, tanto ela quanto o sindicato da categoria entendem que o quinto dia útil de março foi nesta sexta-feira. Já os trabalhadores contaram sábado, dia 1º de março, como dia útil.
Apesar das dificuldades financeiras, que seriam reflexo do não pagamento integral do subsídio previsto em contrato em 2023 e 2024, na gestão anterior, a concessionária garantiu que segue comprometida com o serviço público e com suas obrigações contratuais.
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A Atalaia reforçou que não há pendências de pagamento relacionadas à atual administração, mas destacou que os atrasos passados afetaram o equilíbrio financeiro da empresa. Por volta das 17h, todos os funcionários já tinham recebido o salário e a operação foi retomada.
Greve é ilegal, diz sindicato
O Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Rodoviário de Itajaí (Sitratoit), que é o sindicato da categoria, classificou a greve como ilegal e destacou que não participou da paralisação. “Fomos surpreendidos com a paralisação. Segundo os motoristas, a empresa não efetuou o pagamento do salário. Nós entendemos que o quinto dia útil é hoje. A Justiça não considera a falta de pagamento motivo para uma paralisação ou greve. O sindicato não foi comunicado, fomos pegos de surpresa. A empresa tem até as 18h para pagar os salários. A paralisação é ilegal e o sindicato não vai participar. Não participamos de paralisação ilegal, que pode gerar uma multa de R$ 100 mil a R$ 200 mil”, declarou a entidade.
Repasse em dia
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Itajaí, ainda no meio da tarde de sexta, informou que os pagamentos estavam em dia com a empresa e dentro das normas estabelecidas. “Ainda na quinta-feira houve uma reunião com representantes do Consórcio Atalaia sobre os trâmites de pagamento. O município acompanha a situação e espera que, ainda hoje, o impasse seja resolvido, evitando maiores prejuízos à população”, completou a nota da secretaria.
Passageiros foram surpreendidos
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Os passageiros foram surpreendidos com ônibus atravessados nas saídas e entradas nos terminais dos bairros Fazenda, Ressacada e Cordeiros, impedindo que motoristas que não concordaram com a greve pudessem trabalhar, por volta do meio-dia de sexta. Os locais ficaram lotados de idosos, estudantes e de pessoas impedidas de voltar para casa ou de chegar ao trabalho.
A aposentada Maria da Luz, de 73 anos, foi ao centro pagar contas. Pela manhã, os ônibus circulavam normalmente, mas ao tentar voltar para casa perto do meio-dia, foi surpreendida pela paralisação. “Eles avisaram que só voltam a trabalhar se o dinheiro cair na conta. Vou esperar um pouco, senão vou chamar um Uber”, contou a usuária, que voltou pra casa de motorista de aplicativo.
Já o aposentado por invalidez Leandro Cardoso, de 26 anos, ficou indignado. Enquanto comia uma coxinha, disse que veio ao centro para trocar um ventilador com defeito e não conseguia voltar para o bairro Cordeiros. “Se eles quisessem, deveriam entrar em greve de manhã, não no começo da tarde. Agora vou ter que ir a pé?!”, reclamou.
Ao DIARINHO, motoristas reunidos no terminal da Fazenda contaram que a empresa tem atrasado o pagamento dos salários todos os meses, mesmo com a prefeitura alegando que os repasses estão em dia. Eles também afirmaram que o depósito do FGTS estaria em atraso desde outubro de 2024.