A previsão de sol se confirmou, mas o céu claro foi ofuscado pela "névoa" que atingiu Santa Catarina na quarta-feira. O climatologista do laboratório da Univali, Sergey Araújo, explicou que, logo no início da manhã, tratava-se de um nevoeiro marítimo na região. Porém, no meio da manhã, a paisagem começou a ficar esfumaçada.

Além do horizonte ofuscado, algumas pessoas passaram a sentir o ar mais seco, com presença de fuligem ou até odores no ambiente. Mas por que as queimadas que ocorrem no Norte do Brasil chegam até o Sul?

O engenheiro sanitarista e ambiental Victor Valente Silvestre explica que, de fato, não é comum que a qualidade do ar seja tão afetada por aqui. "Mas os ventos predominantes em alta altitude, muitas vezes, não conseguem passar pela Cordilheira dos Andes e acabam sendo redirecionados para a região Sul", explica.

Victor comenta que essa fumaça é composta por partículas finas de fuligem que não têm peso suficiente para descer da atmosfera. Essas partículas bloqueiam a passagem da luz solar, criando um microclima de efeito estufa. "A luz solar que passa e seria naturalmente refletida para a atmosfera acaba sendo refletida de volta para a superfície. Para a saúde humana, isso significa um ar mais pesado e de baixa qualidade", complementa.

Quanto tempo vai ficar essa fumaça?

Nem Victor Silvestre nem Sergey Araújo podem precisar por quanto tempo a fumaça vai atingir a região Sul do Brasil. O que ambos garantem é que as condições climáticas terão total influência sobre isso.

O climatologista afirmou que a previsão de chuva para o final de semana pode amenizar a situação. "A chuva limpa a atmosfera, mas, logo em seguida, com a mudança nas condições do tempo, os ventos voltam a soprar do quadrante Norte e trazem a fumaça de volta", explica.

"A previsão meteorológica não indica grandes volumes de chuva para as áreas afetadas pelas queimadas. Por isso, é possível que esse fenômeno persista por mais algumas semanas ou até durante todo o próximo mês", acrescenta Victor Silvestre.

Problema global

O engenheiro ambiental Victor Silvestre destaca que as queimadas são problemas globais e, por isso, as políticas públicas voltadas para a causa ambiental são fundamentais. "Outro ponto importante é que não adianta criar políticas simplistas. A matéria ambiental é complexa e exige soluções complexas também", alerta.

Victor ainda ressalta que a tecnologia pode ser uma grande aliada para identificar focos de incêndio e infratores. "Temos focos naturais e outros provocados por ação humana", conclui.

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