Isaque Caetano, de 23 anos, busca sua irmã, Ana Paula, que completou 38 anos em junho. Ele conta que a menina foi arrancada dos braços da mãe, Maria Vandelina dos Santos, no dia do seu nascimento, em 21 de junho de 1986.
Ana Paula teria sido uma das muitas vítimas de uma quadrilha de tráfico internacional de bebês que atuava na década de 80 na região, enviando crianças para Israel e alguns países da Europa ...
Ana Paula teria sido uma das muitas vítimas de uma quadrilha de tráfico internacional de bebês que atuava na década de 80 na região, enviando crianças para Israel e alguns países da Europa.
Sem notícias da filha desde então, Maria e Isaque decidiram trazer a história à tona na esperança de que, com a internet, possam finalmente localizar Ana Paula.
Isaque relatou ao DIARINHO que sua mãe, na época com 34 anos, morava no bairro Fazenda, em Itajaí. Recém-separada, Maria estava grávida de cerca de sete meses quando saiu da consulta e foi abordada por duas mulheres que se apresentaram como enfermeiras.
Elas ofereceram carona até o hospital em Balneário Camboriú, onde o médico constatou que ainda não era o momento do parto. As mulheres, então, ofereceram levá-la de volta para casa, mas teriam desviado o caminho e a levaram a uma casa em Camboriú.
Na casa, Maria foi mantida em cativeiro por dois dias, sem contato com ninguém além das duas supostas enfermeiras. Depois, foi levada ao hospital de Tijucas, onde, segundo Isaque, médicos e enfermeiros envolvidos no esquema realizaram uma cesárea sem consentimento, tirando a bebê Ana Paula do ventre de sua mãe. Maria foi anestesiada e, ao acordar, a filha já teria sido levada. Maria nunca chegou a ver o rosto da filha.
Atualmente, a família mora em Blumenau. Maria Vandelina teve mais quatro filhos, mas nunca desistiu de reencontrar Ana Paula. Eles não sabem para qual país a bebê foi levada, mas qualquer informação pode ser encaminhada para Isaque pelo e-mail isaque.caetano961@outlook.com ou pelo telefone (47) 98898-6062.
Líder do esquema morreu em São Paulo
Arlete Honorina Vitor Hilú, de 78 anos, considerada a líder do esquema de tráfico de bebês nos anos 80, morreu em dezembro do ano passado em Porto Feliz, São Paulo. Ela traficava crianças recém-nascidas de diversas cidades brasileiras, como Itajaí, Tijucas e Curitiba, para Israel, Canadá e Europa. Estima-se que algumas crianças eram vendidas por até US$ 10 mil. Suspeita-se que Arlete tenha sido responsável pelo tráfico de cerca de três mil crianças para Israel.
Antes de falecer, ela foi condenada por tráfico de crianças, falsidade ideológica e formação de quadrilha. Cumpriu parte da pena de quatro anos e oito meses de prisão e foi a única condenada pelo esquema.