A polêmica na Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú na terça-feira não terminou com “baderna” na plateia e a suspensão da sessão, mas foi parar na Polícia Civil por conta de discussões e ameaças. Os vereadores David La Barrica (PRD), Juliana Pavan (PSD) e Nilson Probst (MDB) registraram boletins de ocorrência no final da noite.
Presidente do Legislativo, La Barrica fez BO contra a vereadora Juliana Pavan por injúria. Ele decidiu suspender a sessão por causa de manifestações em plenário que comprometeram o andamento dos ...
Presidente do Legislativo, La Barrica fez BO contra a vereadora Juliana Pavan por injúria. Ele decidiu suspender a sessão por causa de manifestações em plenário que comprometeram o andamento dos trabalhos. A suspensão foi durante a fala de Juliana Pavan na tribuna livre, após ela chamar de “mentiroso” o vereador Gelson Rodrigues (Cidadania), líder do governo na Câmara.
A manifestação provocou gritaria na plateia. Em seguida, La Barrica anunciou a suspensão da sessão e cortou o microfone da vereadora, informando a retomada os trabalhos nesta quarta-feira, às 16h. “O regimento interno da Câmara de Vereadores exige que eu, como presidente, suspenda a sessão em caso de baderna, e assim estava”, explicou depois em vídeo.
Logo após a suspensão, o clima esquentou ainda mais no plenário e La Barrica foi xingado de “covarde” e “vagabundo” pelo público. Juliana Pavan foi à delegacia da Mulher registrar boletim de ocorrência e pedir medida protetiva contra o presidente do Legislativo. Ela avalia que sofreu violência política diante dos demais vereadores e do público ao ter a fala interrompida.
"Sou a única mulher da atual legislatura. Fui impedida de me expressar em uma sessão tão importante para a sociedade, enquanto todos os meus colegas tiveram a oportunidade de falar. Meu microfone foi cortado e a sessão, abruptamente encerrada. Essa atitude autoritária demonstra desrespeito não apenas a mim, mas a todos os cidadãos que represento”, comentou.
O pano de fundo da polêmica é o projeto de lei de autoria do Executivo que prevê anular a lei que proíbe alterações no Plano Diretor em ano de eleições municipais. A legislação foi sancionada pelo próprio prefeito Fabrício Oliveira (PL) em 2017, mas agora ele defende a revogação pra que a revisão do Plano Diretor possa avançar pra Câmara e também atender decisão judicial pra atualização do Plano Diretor.
Delegados não-governamentais no colegiado de revisão do Plano Diretor fizeram um manifesto pra que os vereadores rejeitem a anulação da lei, afirmando que o prefeito quer empurrar “goela abaixo” o novo Plano Diretor às vésperas das eleições. “Acreditamos que mudanças tão significativas no Plano Diretor de Balneário Camboriú deveriam ser feitas com ampla consulta pública e fora do período eleitoral”, destacou Juliana Pavan.
Suspensão após “baderna”
Em nota oficial, o presidente da Câmara, David La Barrica justificou que a sessão foi suspensa após já ter sido interrompida duas vezes, também por manifestações que prejudicaram o andamento da reunião. A primeira parada foi durante fala do vereador Marcelo Achutti (MDB). Depois, a interrupção foi quando Gelson Rodrigues discursava.
“Em todas as interrupções, solicitei a compreensão dos presentes para garantir a ordem e o decoro, permitindo assim o andamento pacífico dos trabalhos legislativos. Após um intervalo, reforcei que, caso houvesse novas interrupções por parte dos presentes, seria necessário suspender a sessão”, argumentou.
A sessão será retomada nesta quarta-feira, às 16h. “Reafirmo o compromisso desta Casa Legislativa com a democracia e o diálogo, garantindo a participação popular de forma ordeira e respeitosa”, completou o presidente.