Há ameaça de nova paralisação se salários não forem pagos. Prefeitura diz que empresa não tá prestando contas de grana pública
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
Ônibus saíram da garagem e voltaram a circular pelas ruas de Itajaí (Foto: João Batista)
Funcionários trancaram saída dos ônibus da garagem da Transpiedade
(fotos: João Batista)
Durou cerca de 10 horas a paralisação do transporte coletivo de Itajaí que ferrou trabalhadores e estudantes nesta quinta-feira. A greve não tinha sido anunciada previamente, pegou a todos de surpresa e trouxe à tona o atraso no pagamento de salários dos 200 funcionários do Consórcio Atalaia e o fato de que a empresa que detém a concessão do transporte público de Itajaí supostamente não presta contas do cerca de R$ 1 milhão que recebe mensalmente de subsídio.
Por volta das 15h, os vereadores de oposição Rubens Angioletti (PL) e Osmar Teixeira (PSD), ambos pré-candidatos à prefeitura, usaram as redes sociais para anunciar o acordo entre os ...
Por volta das 15h, os vereadores de oposição Rubens Angioletti (PL) e Osmar Teixeira (PSD), ambos pré-candidatos à prefeitura, usaram as redes sociais para anunciar o acordo entre os funcionários do consórcio Atalaia e o fim da paralisação.
Os funcionários cruzaram os braços alegando falta de pagamento de salário e do vale-alimentação. O problema, segundo a empresa, foi causado por conta da falta de repasse do subsídio mensal que deveria ser pago pela prefeitura, em atraso desde outubro de 2023. Sem qualquer aviso ao Sindicato dos Motoristas, os colaboradores decidiram fazer a paralisação com apoio dos dois vereadores.
“Fiz tudo que pude para ajudar. A prefeitura, que deve mais de R$ 3 milhões para a Transpiedade, diz que vai pagar até sexta. Assim que a prefeitura pagar o que deve, a empresa pagará o que falta dos salários dos motoristas. Se não pagarem, a paralisação volta no sábado”, disse Angioletti nas redes sociais.
Osmar Teixeira também gravou um vídeo explicando a decisão dos funcionários. “Um gesto de confiança mediante a palavra que está sendo dada, da prefeitura e da empresa. Se até amanhã não cair o valor, retorna a paralisação”, disse Osmar.
A empresa confirmou o fim da greve e informou que os ônibus voltaram a circular imediatamente. Não foi informado o número exato de grevistas, mas a empresa afirmou que um grupo de motoristas impediu os demais ônibus de sair da garagem, inclusive barrando os trabalhadores que não aderiram à paralisação.
Consórcio não prestou contas do dinheiro recebido, afirma prefeitura
A prefeitura de Itajaí disse, através de nota oficial, que foi surpreendida pela paralisação e o impedimento do funcionamento do transporte escolar. A medida foi tomada, segundo o município, sem o devido aviso legal prévio de 72 horas, conforme determina Lei Federal sobre greve, assim como a manutenção de 30% das atividades do serviço essencial.
Em relação ao pagamento do subsídio para o transporte coletivo, a prefeitura afirma que foram feitos quatro repasses ao Consórcio Atalaia referentes aos meses de outubro, novembro, dezembro de 2023 e janeiro de 2024.
O atraso no repasse referente aos últimos meses estaria ocorrendo pela falta de pontualidade na prestação de contas dos serviços prestados pelo consórcio. “Importante destacar que para receber o subsídio a empresa concessionária precisa apresentar planilhas detalhadas de prestação de contas para análise”, informou a prefeitura.
A administração ainda afirmou que as planilhas de prestação de contas de fevereiro e março ainda estão sendo analisadas. Já a planilha com a prestação de contas dos serviços prestados no mês de abril ainda não foi disponibilizada pela empresa.
Em nota à imprensa, o consórcio Atalaia alegou que nos últimos 90 dias houve atraso no pagamento do subsídio mensal.
O subsídio é uma "ajuda" mensal que deve ser repassado pela prefeitura pra cobrir os custos da operação de transporte, pois só o valor das passagens não cobre os gastos. O repasse é previsto na concessão, cujo contrato foi firmado em 24 de abril de 2023.
O consórcio alega que a dívida soma “volumes de recursos expressivos e vultosos que estão inviabilizando a operação do sistema”. “Tal ausência de pagamento, por parte da prefeitura, tem impactado significativamente a operação do transporte público, afetando inclusive a viabilidade de manutenção do contrato em vigor e o pagamento dos colaboradores”, alega.
Dois mil alunos afetados pela paralisação
A paralisação do transporte coletivo de Itajaí não afetou somente a vida dos trabalhadores que tiveram de arrumar outro jeito para chegar ao trabalho, mas também impediu que dois mil estudantes fossem para a escola.
A Secretaria de Educação informou que embora o pagamento do transporte escolar municipal esteja em dia, os veículos usados no deslocamento são do mesmo grupo do Consórcio Atalaia. Os motoristas escolares foram impedidos pelos grevistas de saírem da garagem com os carros.
Segundo o motorista Clauberto Moura, de 47 anos, os motoristas do transporte escolar estão com 100% do pagamento em dia, mas os ônibus escolares ficaram parados.
Pela manhã, uma negociação entre trabalhadores, representantes da empresa e Polícia Militar tentava a liberação do serviço para as escolas. Mas só no período da tarde, com o acordo para o fim da paralisação, os ônibus escolares voltaram a operar.
Ao DIARINHO, Clauberto alegou que o movimento não tem liderança, sendo iniciado pelos próprios trabalhadores, incluindo funcionários da manutenção e de serviços de limpeza. Segundo Clauberto, até quarta-feira os trabalhadores receberam apenas 25% do salário, com a promessa do vale-alimentação, que era para ser pago no dia 7, cair na conta até essa sexta-feira.
Sindicato surpreso com paralisação
Os trabalhadores alegaram que o sindicato da categoria não deu apoio à paralisação. Em nota, a diretoria do Sitraroit afirmou que foi surpreendida pela mobilização. “Ficamos surpresos com a paralisação repentina tendo à frente vereadores da cidade, que deveriam conhecer a legislação, já que o sindicato está em negociação coletiva e na busca de resolução para o atraso salarial”, afirmou.
O sindicato frisa que paralisações são a última alternativa e são divulgadas com antecedência aos órgãos públicos. “Todas as paralisações são como único remédio para a resolução de conflitos, mas tomando todos os cuidados para minimizar os transtornos à cidade”, ressaltou. Na noite de quinta-feira, o sindicato e os trabalhadores se reuniram em assembleia, mas o resultado da reunião não tinha sido divulgado até o fechamento da matéria.
Os vereadores Rubens Angioletti (PL) e Osmar Teixeira (PSD) negaram que tenham ficado à frente da paralisação, como acusou o sindicato da categoria. Ambos afirmaram que foram procurados pelos trabalhadores, que alertaram sobre o risco de a cidade ficar sem transporte devido à falta de pagamento de salários.
“A empresa está fazendo contato com a prefeitura e com o sindicato há vários dias. A própria prefeitura e o sindicato sabiam que isso iria acontecer a qualquer momento”, justificou Rubens. Osmar relatou ter provas das tentativas de contato com o governo municipal pra evitar a paralisação.
Os vereadores ressaltaram que o movimento só aconteceu porque os motoristas não receberam uma resposta com o compromisso de acerto dos salários. “O movimento é legítimo. Eles iniciaram, revoltados, porque a situação já vem acontecendo há alguns meses”, disse Osmar.
Angioletti ainda informou que houve uma reunião com o gerente da empresa e com o vereador Douglas Cristino (PDT), líder do governo na câmara, para resolver o impasse e dar fim a paralisação do transporte coletivo.
prefeitura paga um dinheirão para o transporte publico de Itajaí levar meia duzia de pessoas pela cidade... e os vereadores como sempre so querem fazer muvuca sempre culpado a prefeitura, mas eles nao fazem nada para melhorar situaçao do transporte publico e o dinheiro gasto para transportar ninguem ja que ninguem mais usa transporte publico em itajai....
Somente usuários cadastrados podem postar comentários.
Dando seu ok, você está de acordo com a nossa Política de Privacidade e com o uso dos cookies que nos permitem melhorar nossos serviços e recomendar conteúdos do seu interesse.