Hosmany foi indiciado por tentativa de assassinato após dar um tiro contra a cabeça de um morador do bairro Cabeçudas, em Itajaí, no início da tarde de quarta-feira, quando a vítima e o agressor visitavam terrenos à venda no bairro. Ao ser preso, a polícia encontrou com Hosmany a carteira profissional do Conselho Regional de Medicina e uma arma com a numeração raspada.
O delegado Luiz Felipe, que foi o responsável pelo flagrante, esperava a vítima ganhar alta do hospital para entender a motivação da tentativa de morte. Como a vítima não se apresentou na delegacia até o fim do flagrante, o caso agora deve ser repassado para Divisão de Investigação Criminal (DIC) para o prosseguimento das investigações.
A audiência de custódia não fez o interrogatório do médico. A única finalidade do procedimento foi averiguar em quais condições houve o flagrante. “É verificado se o conduzido teve respeitados os seus direitos, de integridade física e de acesso à informação, como uma ligação para o advogado e para a família”, informou a justiça.
Crime em Cabeçudas
A tentativa de assassinato aconteceu por volta das 13h, na rua Tereza Francisca, em Cabeçudas. Aos policiais militares, a vítima, de 59 anos, contou que foi procurada há cerca de dois meses pelo médico, que demonstrou interesse em comprar um imóvel no bairro para construir uma clínica. Os dois saíram para visitar os imóveis à venda na quarta-feira, feriado do Dia do Trabalho.
Durante a visita ao bairro, Hosmany sacou um revólver da marca Smith & Wesson e atirou contra a cabeça da vítima, que conseguiu fugir do carro, lutar com o atirador e com a ajuda de populares conseguiu deter o médico até a chegada da PM.
Já Hosmany alegou que a vítima era quem estava armada e partiu pra cima dele. Os dois estariam brigando por conta de uma instituição de ensino na qual tem “sociedade”. Ainda de acordo com a versão do médico, durante a luta a vítima atingiu a própria cabeça com o disparo. No entanto, as câmeras de segurança desmentem a versão e mostram que foi ele quem atirou.
Pelas filmagens é possível ver que o morador de Cabeçudas aparece com um ferimento na cabeça e contendo Hosmany. A vítima tentar afastar o revólver, enquanto Hosmany tenta tomar a arma. Populares que estavam passando na rua Tereza Francisca ouviram os gritos e ajudaram a vítima. O médico foi imobilizado até a chegada da PM.
Bandidão
O cirurgião plástico Hosmany Ramos tem ficha suja na justiça. Ele ficou conhecido em todo o Brasil, e até no exterior, porque no auge da carreira na medicina, quando chegou a trabalhar com Ivo Pitanguy, se envolveu com o mundo do crime e foi parar na prisão. Ele foi condenado a 50 anos de reclusão e cumpriu pena de 35 anos em regime fechado.
Foi na década de 80 que o mineiro Hosmany Ramos, formado em Medicina no Rio de Janeiro, começou a se envolver em assaltos. Ele roubou um avião e joias, homicídio. O médico também foi acusado de estelionato e contrabando de veículos. Em 1981 ele foi preso, mas fugiu durante a saída temporária no Natal de 1996. Foi recapturado meses depois. No ano de 2008, ele voltou a fugir no indulto de Natal. Enquanto esteve foragido, escreveu um livro e foi preso em agosto de 2009 usando o passaporte falso em nome do irmão falecido, quando tentava fugir para Europa.
Em setembro de 2016, Hosmany saiu da cadeia quando a justiça extinguiu a punibilidade dos crimes. Dois anos depois, ele chegou a se lançar candidato a deputado federal por São Paulo, pelo partido Avante, mas a Justiça Eleitoral barrou a candidatura por ele ser “ficha suja”.
No ano seguinte, voltou a trabalhar com medicina em Tocantins, onde conseguiu registro no CRM, atuando em hospitais e clínicas como cirurgião plástico. Em fevereiro de 2023, voltou às páginas policiais ao ser acusado de furtar um celular.