Empresas que desistiram, demora na finalização, cobranças não atendidas pela prefeitura e ameaça ao conserto de embarcações artesanais. Esta é a situação do projeto do Complexo do Pescador ligado à Colônia de Pesca Artesanal Z-26, de Balneário Piçarras, iniciada em 2022 e que, segundo a comunidade pesqueira, se arrasta sem prazo de conclusão. Os pescadores temem ficar sem condições de arrasto e conserto das embarcações. A prefeitura nega o problema.
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A obra do complexo, orçada em R$ 1 milhão, está dentro da área de atuação da colônia, no bairro Nossa Senhora da Paz. Segundo a pescadora e vereadora Adriana Linhares (PSDB), são várias ...
A obra do complexo, orçada em R$ 1 milhão, está dentro da área de atuação da colônia, no bairro Nossa Senhora da Paz. Segundo a pescadora e vereadora Adriana Linhares (PSDB), são várias reclamações dos pescadores ao longo da obra, não atendidas pela prefeitura.
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“Com o defeso do camarão e as obras se arrastando, a carrera está impossibilitada de uso por mais três meses. Os trilhos estão danificados”, denuncia Drica, como é conhecida. “A construção também é extremamente alta, os ventos atrapalham e falamos isso desde o início, mas o pescador não foi ouvido”, observa.
A pesca do camarão encerrou domingo e no período do defeso, quando a pesca é proibida, os pescadores consertam os barcos. “Os carrinhos estão quebrados e isso ameaça o retorno do pescador ao rio Piçarras e ao mar, se não consertarem seus barcos”, aponta.
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A estruturação da nova carrera – espaço de puxada das embarcações – também é questionada. “A carrera atual só serve para puxar o barco na maré cheia. A nova deve ser uma estrutura voltada ao acesso do pescador independentemente de maré”, explica Drica, que trabalha há 15 anos na pesca e foi a primeira mulher a presidir colônia de pescadores em Santa Catarina.
“Se quebrar um leme, se danificar um calafeto, um problema na hélice, como o pescador vai agir?”, questiona. Atualmente, são 42 famílias vivendo da pesca – a Colônia Z-26 chega, entretanto, a 98 associados.
“São 42 embarcações puxadas em três meses. Como vai ficar? E atendemos também Penha e Barra Velha”, pontua o pescador Tomaz.
Prefeitura desmente
A prefeitura de Balneário Piçarras, ouvida pelo DIARINHO, justificou que a altura da estrutura do complexo levou em conta as necessidades dos pescadores, e é baseada no tamanho do “trangone” (mastro) das embarcações. Ventilação e temperatura também foram considerados. “E será possível o caminhão munk entrar para deslocar as embarcações”, frisou a secretária de Governo, Tatiane Felício. Um mezanino metálico entre 6m e 8m também está projetado, para armazenamento de apetrechos.
A prefeitura concordou com a crítica da troca de fiscalizações ao longo da execução da obra, mas justificou que foi relativa à burocracia do processo de contratação de servidor concursado na função de fiscal. E a empresa responsável, segundo a prefeitura, é a mesma do objeto do contrato, a Casa do Inox Serralheria.
A secretária Tatiane e o secretário Orli Júnior, de Obras, ainda pontuaram que o projeto não começou pela carrera por conta dos dias seguidos de chuva em 2023. “Foi priorizada a cobertura, com a possibilidade de fazer os acabamentos mesmo em tempo ruim”, observa Orli.
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Tatiane frisa que os pescadores não ficarão sem condições de conserto dos barcos. “Em 2021 havia apenas uma carrera, e agora há duas. As críticas nos são orientadoras e, assim, podemos melhorar as condições dos pescadores”, completou. A previsão de inauguração é para este semestre.