BLUMENAU
Crime no supermercado: Morador de rua foi perseguido e esfaqueado pelas costas, mostram novas imagens
Investigações afastam tese de legítima defesa em crime que aconteceu na frente de uma criança
João Batista [editores@diarinho.com.br]
Novas imagens de câmeras de monitoramento analisadas pela polícia sobre o caso do vendedor de paçocas Giovane Ferreira da Silva Oliveira, de 29 anos, assassinado na sexta-feira passada, em Blumenau, em frente ao supermercado Giassi, mostram que a vítima foi esfaqueada pelas costas. Ele levou ao menos 15 facadas, em golpes desferidos por Gleidson Tiago da Cruz, de 41 anos, que continua preso.
Um vídeo mostra o início do ataque, quando o assassino, com uma faca em punho, corre atrás do ambulante, ainda na calçada da rua Antônio da Veiga. Na imagem, Gleidson aparece ao lado da filha de dois anos quando persegue a vítima. O vendedor de doces, que vivia na rua, fugiu pra área do supermercado. Ele tenta escapar, mas cai no chão após sofrer várias facadas.
Durante o crime, a criança fica sozinha, a alguns metros do pai e da vítima. Ainda caído, o ambulante segue sendo esfaqueado, sofrendo novos golpes. Após o crime, o assassino sai do local com as mãos sujas de sangue e vai ao encontro da filha, que estava sozinha na calçada. Esse momento está nas primeiras imagens que viralizaram sobre o caso. Mais tarde, o agressor é preso em flagrante pela Polícia Militar.
Segundo o processo, os indícios apontam que a faca seria do assassino e não da vítima, como indicavam informações que se espalharam inicialmente nas redes sociais. Para a Justiça, não há evidência de que a faca seria do ambulante. As novas imagens também afastam o argumento de legítima defesa, versão que ganhou as redes sociais após as primeiras imagens do crime começarem a circular.
“Inviável dizer que o indiciado agiu em legítima defesa, ao menos neste momento embrionário das investigações, porque não há nenhum elemento concreto até o momento que pudesse corroborar tal versão”, diz o despacho do juiz Eduardo Passold Reis.
A Polícia Civil ainda vai analisar imagens do circuito interno do supermercado na investigação pra esclarecer o caso.
Conforme relatos de testemunhas, Gleidson teria sido abordado pelo vendedor quando estava indo pro Giassi com a filha. Giovane teria oferecido uma paçoca à menina e isso iniciou a discussão entre os dois homens. Gleidson entrou no supermercado e, depois, na saída, teria ocorrido uma nova discussão com o vendedor, que acabou assassinado.
Em depoimento, o assassino, preso em flagrante, preferiu ficar em silêncio. No sábado, ele passou por audiência de custódia e a prisão foi mantida pela Justiça, com a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva.
O advogado que atua na defesa de Gleidson iria recorrer. Ele alegou que a vítima teria colocado o doce “na boca da criança”, o que teria motivado a discussão, e que o vendedor ainda teria chutado o carrinho de bebê e feito ameaças. As imagens do vídeo não mostram essas cenas.