Tempero baiano
Eliezer conquistou o paladar peixeiro com recheio nos pastéis e simpatia com a clientela
Kombi do pastel atende na Atalaia faça chuva ou sol
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Há 10 anos, o baiano Eliezer Bispo dos Santos, de 58 anos, resolveu que estava na hora de deixar Salvador, sua cidade natal, após presenciar um assalto violento. Ele aceitou o convite de um amigo e veio trabalhar na construção civil em Rio do Sul. Na viagem, trouxe os dois filhos mais velhos; depois, o restante da família. Após anos trabalhando em atividades diversas, como marmorista e cozinheiro, ele teve um revés terrível: a morte do filho em um acidente de moto, aos 24 anos. Foi aí que ele decidiu se mudar para Itajaí e trabalhar por conta própria.
“Não tinha mais sentido ficar em Rio do Sul, ainda mais porque eu não tinha conseguido emplacar minha barraca de lanches. E eu sempre quis construir uma escada para eu mesmo subir”, justifica. O início desta escalada foi vendendo geladinho em 2019. Com todos precisando trabalhar, a matriarca Jaqueline pesquisou receitas na internet e encheu o isopor com geladão gourmet, feito com quatro tipos de leite e em porções de 250g. Foi um sucesso instantâneo e o dinheiro possibilitou pagar o aluguel de uma Kombi para vender pastéis, caldo de cana e água de coco.
Mas numa cidade em que não faltam vendedores de pastel, como se diferenciar? A resposta veio do que ele gostaria de encontrar por aí: bastante recheio, massa sequinha e preço bom. Assim nasceu o Bom Pastel, no caminho para Cabeçudas. Ali, todo dia chega alguém que prova e se torna cliente, como Mário Viana, de 64 anos. “Eu saio do Nilo Bittencourt para vir aqui. Como gosto de pastel de queijo, sei que aqui não será de vento. Uma vez queimei a boca em outra barraca por causa do vapor”, contou.
Outro cliente é Ronaldo Reis, de 42 anos. Ele trabalha com eventos e sempre que passa por Cabeçudas para e pede o de carne com queijo. “O pastel dele é mais crocante e tem recheio da primeira à última mordida”, garantiu. Já Mirela Martire, de 43, pediu um caldo de cana.
Eliezer cativa pela simpatia e simplicidade, características que agradam os surfistas que frequentam a praia faça chuva ou sol. A confiança é tamanha que muitos deixam seus pertences na Kombi de Eliezer para encarar as ondas da Atalaia. “A prefeitura não queria deixar, disse que ali era reservado para os surfistas, mas argumentei que eles gostam que eu fique ali, traz segurança,