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As estações dos moradores de rua


As formas de demonstrar os sentimentos fogem do controle das pessoas que se debruçam sobre a agressividade e a violência, a ignorância e a repulsa. Vestidos com prepotência e opiniões, cultivamos a estética da vida social e denunciamos o que nos parece “inversão” da vida. O resultado, em geral, é a tentativa – que se desgasta ao longo do tempo – de manipulação e da acusação gritada. Há desequilíbrios na postura, na forma de agir, nas cavernas escuras do pensar. As reações ao mundo que está ao nosso redor remontam, peça a peça, à forma segundo a qual fomos educados na família, iluminam as condições pelas quais incorporamos os valores sociais e morais, e resplandecem a escultura do nosso caráter. Tudo isso diz quem cada um é hoje: vem de berço!

Depois da família e dos parentes próximos, passamos boa parte do tempo na escola e lá testamos nosso aprendizado original. A criança, no dia a dia escolar, “divulga” as dimensões da forma na qual foi “temperada”. A saída do ambiente familiar [grupo “fechado”] para a escola [grupo social público] é uma oportunidade de se recondicionar o caráter social. Esta é uma das razões da autoridade moral dos professores e da escola. Adiante, no mundo social extenso, cada um vai se defrontar com desafios relativamente comuns a cada membro de uma sociedade: trabalho e capacidade de relacionamento em equipe, amigos e lealdade, família e comprometimento interno, capacidade de admitir e resolver problemas.

Todo o processo de socialização, forjado especialmente na primeira infância, serve à interpretação e compreensão de como nos tornamos o que somos, os códigos de nossa orientação cultural, os contornos das formas de agir, os conteúdos de observação à Psicanálise. Esses volumes [lat. “volto”, dar volta ou girar, como eram manuseados os papiros e pergaminhos] desenrolam nossas feições sociais.

E é curioso como mudamos nossa forma de sentir e reagir às vidas dos moradores de rua. Durante o período de verão fiscalizamos cada um como se fossem estrangeiros, forasteiros, subclasse ...

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Depois da família e dos parentes próximos, passamos boa parte do tempo na escola e lá testamos nosso aprendizado original. A criança, no dia a dia escolar, “divulga” as dimensões da forma na qual foi “temperada”. A saída do ambiente familiar [grupo “fechado”] para a escola [grupo social público] é uma oportunidade de se recondicionar o caráter social. Esta é uma das razões da autoridade moral dos professores e da escola. Adiante, no mundo social extenso, cada um vai se defrontar com desafios relativamente comuns a cada membro de uma sociedade: trabalho e capacidade de relacionamento em equipe, amigos e lealdade, família e comprometimento interno, capacidade de admitir e resolver problemas.

Todo o processo de socialização, forjado especialmente na primeira infância, serve à interpretação e compreensão de como nos tornamos o que somos, os códigos de nossa orientação cultural, os contornos das formas de agir, os conteúdos de observação à Psicanálise. Esses volumes [lat. “volto”, dar volta ou girar, como eram manuseados os papiros e pergaminhos] desenrolam nossas feições sociais.

E é curioso como mudamos nossa forma de sentir e reagir às vidas dos moradores de rua. Durante o período de verão fiscalizamos cada um como se fossem estrangeiros, forasteiros, subclasse que deformam nossas vidas e nos causam insegurança – como se não fôssemos capazes de feminicídios, violência no trânsito; como se parte da “sociedade normal” não consumisse drogas. Os moradores de rua, no verão, são vistos como estorvos estéticos e sociais, atrapalham nossos ritos e causam muita sujeira: provocam distúrbios sociais. As prefeituras e seus prefeitos, muitas e muitas vezes, postam vídeos ameaçadores de emigração.

Estes mesmo indivíduos, durante o período de inverno e nas fases de “ondas de frio” [diagrama para ilustrar as grandes variações de temperatura] são considerados frágeis, desprotegidos, vulneráveis. Como “desamparados sociais” passam a semear e brotar nossa solidariedade, nossa generosidade protetiva, nossa bondade espiritual. Se não são as mesmas pessoas, continuam sendo moradores de rua. As prefeituras e seus prefeitos, muitas e muitas vezes, postam vídeos demonstrando o quão são cuidadores e solidários.

Nossos sentimentos, formas de agir, sentir e pensar mudam conforme as estações dos moradores de rua. Curioso e interessante tentar entender quem somos pelas formas como agimos. É sempre bom se olhar no espelho e perceber-se no mundo. Valham-nos todas as psicologias!

Sérgio S. Januário

Mestre em Sociologia Política


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