Diário do Investidor
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Decisões de juros em setembro: um olho aqui e outro lá fora
Por Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset
Reuniões dos bancos centrais dos EUA e do Brasil ocorrerão em setembro e chama a atenção uma discrepância sobre as decisões das taxas de juros que surgiram nas últimas semanas. Lá fora, as discussões oscilam ao redor da magnitude e velocidade de redução na taxa de juros. Enquanto aqui no Brasil, as sinalizações recentes do Banco Central são na direção de possibilidade de alta na taxa Selic, de maneira a convergir a inflação para a meta de 3%.
Nos EUA, o Comitê de Política Monetária (FOMC) já observava uma melhora na inflação e deterioração no mercado de trabalho, condizentes com o início de um ciclo de cortes de juros. No lado do mercado de trabalho, a taxa de desemprego subiu para 4,3%, de 4,1%, acima do esperado pelo mercado e pelo próprio Banco Central Americano (Fed).
Em setembro, o Fed deve reduzir a taxa de juros, dos atuais 5,5% para 5,25%, e continuar com esse ciclo ao longo dos próximos meses. Ainda entendemos que esse processo será cauteloso, de maneira que a taxa básica alcance 4% ao longo de 2025.
E no Brasil?
Por aqui, a taxa Selic permanece em 10,5%, mas as expectativas de inflação continuam acima da meta e com as projeções do próprio Banco Central oscilando acima do patamar de 3%.
Com a proximidade da troca de mandatário (ao final do ano), surgiram dúvidas sobre os próximos passos. A ata da última reunião do Copom trouxe dois cenários possíveis: a manutenção da taxa atual por um longo período; ou uma alta de juros.
Membros do Banco Central indicam que ainda não há uma conclusão sobre a próxima reunião (18 de setembro) e que dependerá de combinação de resultados das expectativas de inflação com taxa de câmbio. Nosso cenário base, na EQI Asset, permanece de juros estáveis, mas a possibilidade de que a taxa Selic alcance 11,5% ao final do ano aumentou.
O que a discrepância nas perspectivas para taxas de juros quer dizer?
Essa discrepância deve levar a uma reação nos preços de ativos, especialmente na taxa de câmbio, levando o real a apreciar em relação ao dólar, buscando patamares próximos de R$ 5,4, que é nossa projeção para o final do ano.
A bolsa brasileira pode se beneficiar do ciclo de cortes de juros nos EUA, ao atrair fluxos de investimentos estrangeiros, dado que entendemos que os preços domésticos estão baratos. Além disso, a curva de juros doméstica deve reagir, reduzindo o risco de inflação mais alta nos próximos anos.
Assim, os investidores e poupadores deverão permanecer atentos ao noticiário doméstico e externo para definir suas alocações de risco nos próximos meses, à medida que a eleição americana se aproxima e tem potencial de mexer novamente com os preços de mercado. Mas esse é tema para uma próxima coluna. Aponte a câmera para oQR code para saber mais: