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Coluna Exitus na Política

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Por Sérgio Saturnino Januário - pesquisa@exituscp.com.br

Os disfarces da linguagem


Vivemos sob muitas pressões. A capacidade social do indivíduo conviver sob congestionamentos sociais, emocionais e psíquicos está relacionada ao sistema de cooperação ou de concorrência. As forças sociais que mantêm um grupo de pessoas unido são invisíveis tal qual a força da gravidade. Invisíveis como os desejos e valores culturais e morais nas interações entre indivíduos que proporcionam as formas de enfrentamento das muitas tensões que nos envolvem por dentro e por fora. O “laboratório” Grande Irmão é um exemplo deste fato.

Neste “laboratório” tudo se concentra na exposição de relações de conflito. Uma atração e tanto! Os jogos estimulam a concorrência, a lógica dos comportamentos se revela pela autodefesa, a desconfiança entre os membros provoca a fragilidade dos laços sociais e os incentivos aos confrontos torna aguda a agressividade e a violência. Num grupo no qual ninguém pode confiar em ninguém, cada um é juiz de cada um e a morfologia da culpa flutua como ar à beira das narinas e dentro dos pulmões. Os problemas se tornam insuportáveis e sem esperança de solução dialogada; altruísmo e empatia não são nem mesmo pensados. Democracia não nasce em um Estado de guerra. O conflitante deve ser eliminado e o conflito permanece.

A linguagem conduz o enredo e o confronto conduz o roteiro. “Eliminação” no “Paredão” são formas de expor a tensão dos conflitos. Próprio do autoritarismo mais perverso e covarde, “prisioneiros ...

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Neste “laboratório” tudo se concentra na exposição de relações de conflito. Uma atração e tanto! Os jogos estimulam a concorrência, a lógica dos comportamentos se revela pela autodefesa, a desconfiança entre os membros provoca a fragilidade dos laços sociais e os incentivos aos confrontos torna aguda a agressividade e a violência. Num grupo no qual ninguém pode confiar em ninguém, cada um é juiz de cada um e a morfologia da culpa flutua como ar à beira das narinas e dentro dos pulmões. Os problemas se tornam insuportáveis e sem esperança de solução dialogada; altruísmo e empatia não são nem mesmo pensados. Democracia não nasce em um Estado de guerra. O conflitante deve ser eliminado e o conflito permanece.

A linguagem conduz o enredo e o confronto conduz o roteiro. “Eliminação” no “Paredão” são formas de expor a tensão dos conflitos. Próprio do autoritarismo mais perverso e covarde, “prisioneiros” são colocados de pé, vendados, sabendo do golpe fatal. Expostos ao fuzilamento, os semblantes de pavor e tormenta contraem os músculos da face e provocam a pior de todas as dores: saber que em instantes um deles será “extinto” da vida exposta, da luta, da probabilidade de obter a recompensa final. A eliminação de um conflitante é parte da vitória provisória dos “não eliminados”.

O sacrifício de um como salvação dos outros e o retorno triunfante de não ter sido eliminado causa profunda emoção. Não ser eliminado não é o mesmo que aprovação. Não há ganho, elevação de alguém à vitória final. Apenas, por ora, não fora fuzilado. Há, por certo, um alívio, logo constrangido pelo recomeço dos confrontos.

Sendo “laboratório” é mais fácil gerar os extremos de nossas angústias, formas de sentir, agir e reagir aos fluxos de confrontos e constrangimentos sociais. Acessar a vida de alguém sem nenhuma proteção social é a mais intensa invasão da mais íntima privacidade. Exceto o Grande Irmão, entre os participantes, ninguém controla ninguém e, por isso, cada um é visto como inimigo traiçoeiro. Não haverá solidariedade e socorro diante do Grande Irmão. Todos, prisioneiros, estarão sob infindável e insolúvel dilema: suas escolhas existem, necessariamente, em prejuízo dos outros. A agressividade, a dissimulação, a manipulação e a vingança são a água da piscina onde cada qual se refresca e sorri aos outros.

O reino do Grande Irmão provoca o lobo existente nas entranhas do ser humano. Cada um dos concorrentes tem o rosto encoberto por um véu durante um entardecer nebuloso, escuro e desconhecido: não conhece a si mesmo. Lobo que devora lobo. Selecionar alguém para o sacrifício do “Paredão”, porta mais próxima da “Eliminação”, é a maneira de salvar a própria pele. E todo o disfarce vive nas sombras da posição da pergunta “Quem você quer que fique na Casa”? Por verdade, você precisa eliminar alguém.

Nas eleições que se avizinham, pelo ponto contrário, as urnas não são “Paredões” e o voto não é uma forma de salvar a própria pele. Votar é, como escolha, a seleção do futuro de todos! Voto é ato privado de efeito coletivo. Quem vota é eleitor, cidadão, e não lobo!


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