Eis que aparece o homem em sociedade, estabelece padrões de comportamento de domínio da natureza, passa a ocupá-la como se fora um objeto para consumo. Retira dela tudo o que precisa: energia de variadas fontes; alimentos de cultivo intensivo, “criação” de ambientes para lazer... As sobras, os lixos, os dejetos, os resíduos... devolvemos à terra, aos rios, aos mares. Devolvido o resultado em forma de rejeito, seguimos a viver.
As manchetes sobre desastres naturais são abundantes e os relatos em vídeos são coisas surpreendentes. Apesar de tudo, continuamos a manter nossa vida como era antes. E por ser assim, as causas dos desastres – todos sabemos – não são de origem natural. É a “mãozinha” dos homens que passa a “provocar” e a “instigar” os “pesadelos” pelos quais estamos passando.
Sendo as causas dos desastres de origem social, então deveríamos pensar em nossos modelos de desenvolvimento desde nossa relação com o Mundo Natural. Mas, distante disso, continuamos [eu também] sendo “atropelados” pelas exigências da vida do trabalho, pelo cuidado com os filhos, pelos resultados econômicos e financeiros... Mudar é difícil! Especialmente para a vida escurecida pela prepotência e a vaidade, pela luta orientada ao sucesso sem pudor, pelo sentimento de grandeza e do mundo da fantasia criado para sustentar os escalpos psicológicos.
As crises de pandemias pelas quais passamos recentemente, os furacões que mostram a força da natureza sobre nosso modo de viver, os alagamentos e enchentes em todas as partes do mundo, o degelo dos polos, as altas temperaturas que se tornam fenômenos críticos à nossa vida social... Todos esses eventos se tornaram drásticos, severos, críticos. Se antes imaginávamos dominadores do Mundo Natural, capaz de exercer sobre ele toda a sorte de atividades, agora podemos perceber que estamos a nos defender dos fenômenos de força natural que sacodem nosso modo de viver.
Tudo isso nos possibilita acreditar que, para sermos grandes como seres humanos, precisamos ser pequenos no atual estágio das relações com a Natureza. Reclamar de nós mesmos e acusar o outro pelo que acontece ao meu redor é a parte mais infame do comportamento humano. A sensação de ser juiz de todas as causas que me afligem e encontrar logo um para condenar por minhas angústias e tristezas me coloca fora do processo no qual eu mesmo sou parte das causas e dos resultados.
Por séculos nos colocamos fora da Natureza e a culpamos das coisas logo que chamamos os percalços de viver de Desastres Naturais. Da Natureza e seus efeitos estou eu envolvido integralmente. Dos desastres em minha vida serei substantivamente o responsável. Meus sorrisos são impulsos meus. Minhas lágrimas também! Reclamar é para os tolos! Já passou o tempo de entender quem somos!