Em qualquer ambiente institucional, público ou privado, a estrutura possibilita a organização. Na construção de uma casa, o conjunto das partes mais resistentes determinam a disposição espacial [quartos, salas, banheiros, cozinhas, corredor]. Os planos de uso estarão adequados aos espaços criados nas estruturas. Sofás, pias, camas, armários indicarão as formas de uso de cada ambiente.
Na medida que nos acostumamos com as coisas e seus lugares, parece difícil recriar os ambientes. Uma reforma aqui, outra ali, e a mudança de móveis não alteram as ordens criadas ali. Somos capazes de viver naquelas condições por muitos anos. As coisas e a vida se acomodam e passamos a ver sem observar. Naturalizamos o mundo social e a vida política.
No mundo político, a “Casa-Estado” é a estrutura para a construção da casa da vida política. O desenho da construção, a engenharia e seus cálculos de segurança possibilitam a execução da obra. Se o pé direito será elevado, como igrejas, então farão com que as pessoas se sintam “pequenas” diante da “vastidão” do teto. As Estruturas Constitucionais indicarão a forma de uso dos ambientes políticos, a distribuição dos poderes e as responsabilidades.
Sistemas de controle são necessários para que as partes funcionem. Para cada ambiente haverá formas de acesso; para cada parte uma função essencial. O Regime Político, ou as formas de organização e distribuição de responsabilidades são orientadores de funcionalidade. Se o Estado será constituído por modelo Presidencialista ou Parlamentarista, reverterá em arranjos de cada ambiente da “Casa-Estado”.
No Presidencialismo há concentração do Poder e a estabilidade é possível na gestão e avaliação dos resultados: Presidente e Governo serão sistematicamente avaliados. Caso algo dê errado, o processo de recuperação de estabilidade é doloroso, prolongado, dispendioso. Os impedimentos de Presidentes são o caminho “belicoso” para tentar reencontrar a “paz”. O evento eleitoral contém componentes de sorte, e os erros se tornam sofrimentos longos. Voto e sorte é acaso; voto e consciência política é reflexão.
O Parlamentarismo desconcentra o poder político e o Primeiro Ministro é o representante que, por sua origem, vai ao Parlamento para defender as políticas de governo e as formas de uso dos “ambientes” políticos. Está em busca permanente de coalisão, estabilidade. Caso algo dê errado, o processo de recuperação de equilíbrio das forças é relativamente rápido, pouco doloroso e menos dispendioso.
Mas quando o projeto da casa a ser construída não prevê a forma de organização e funcionalidade de modo rigoroso e preciso, a “Unidade Habitacional” não produz estabilidade. Quartos servem para tomar banho, cozinhas são feitas dormitórios e salas podem ser utilizadas para preparar refeições. E, de tempos e tempos, pela falta de comodidade, as mudanças dos móveis não encontram a funcionalidade esperada.
Na “Casa-Estado” Brasil é difícil acomodar as coisas: o projeto “Presidencialismo de Coalizão” não protege a política. O Plano Constitucional tem espírito parlamentarista, mas o corpo é presidencialista: não formam unidade. Na casa “Presidencialismo de Coalizão”, de cor verde e amarela situada na avenida Brasil, na cabeceira da cama tem uma torneira a gotejar no colchão: ali ficam pratos sujos.