A premissa do filme “Drive” é simples e clara. Ryan Gosling interpreta um motorista que trabalha como mecânico e dublê para filmes de Hollywood durante o dia, mas que, à noite, utiliza o seu talento por trás do volante para ser piloto de fuga em assaltos. Porém, engana-se quem acha que esse é mais um filme de ação. Com um estilo de vida solitário, o protagonista passa a maior parte do longa sem ao menos conversar com as poucas pessoas com as quais é obrigado a interagir – como o seu chefe na oficina que lhe propõe ser piloto em uma corrida bancada por dinheiro sujo.

A vida do personagem de Gosling irá virar de ponta a cabeça quando ele começa a se envolver com a vizinha Irene (Carey Mulligan), que trabalha como garçonete, e seu filho, cujo pai (Standard Gabriel) está na cadeia. Apesar de ter conhecimento da dinâmica familiar, o motorista acaba se apaixonando por Irene e criando um relacionamento forte com mãe e filho. Por isso, quando Standard retorna da cadeia, o protagonista se vê em uma situação delicada, chegando até a ajudar o rival a pagar uma dívida com outros criminosos. Mas, como o crime acaba dando errado, a vida de todos os envolvidos é ameaçada.

Apesar de protagonista, o personagem de Gosling não possui um nome, talvez para ressaltar que é alguém com diversas facetas e sem uma identidade única. Além disso, a introspecção é um dos traços mais característicos do piloto, um sujeito de poucas falas, mas que utiliza as expressões para se comunicar, principalmente quando ao lado de Irene. Com uma ética própria, o protagonista é um trágico anti-heróis pós-moderno que, ao mesmo tempo em que ajuda a vizinha a carregar as sacolas de compra, é capaz de esmagar a cabeça de uma pessoa com o próprio pé. O filme está disponível na Netflix.