O processo eleitoral e seus partidos têm demonstrado suas fraquezas. Marcado por várias etapas, cada uma delas toca nas radiações de formação de grupo e de estabelecimento de campo de forças. Em cada uma, os contornos dos confrontos eleitorais vão se definindo: as definições das regras eleitorais [12 meses antes do dia das eleições], a oficialização da pré-campanha e das regras de divulgação de pré-candidaturas, de divulgação de pesquisas, de gastos com publicidade [01.01.22], regras de migração partidária [03.03 até 01.04], data limite para Convenções Partidárias [05.08].
Convenção Partidária resulta de pacto ou acordo entre líderes de Partidos Políticos para formar uma frente de concorrência eleitoral. E, nessas eleições, nunca foi tão difícil observar as correntes de ar constituírem fluxo e orientação. O eleitor fica a velejar no ar, sem rumo. A maioria dos arranjos político-eleitorais ainda está em nuvens de indefinição. E isto parece demonstrar a fraqueza dos partidos, a falta de alinhamento de interesses comuns e de fluidez para orientação do campo político.
As oficinas para composição de acordos ainda andam de lado. Pré-candidatos lançados por Partidos e, sem apoio, andam gritam sem voz ou são despejados [PSDB, MDB, UNIÃO BRASIL...]. Pré-candidatos que indicam e descartam vices. Não há espaço para discussão de Programas Partidários e Programas de Governo. São as urnas eletrônicas, Orçamentos Secretos como pilar de campanha e PEC de apelo eleitoral que se destacam nas conversas sobre as eleições. Programas? Cenários Econômicos? Planos de Desenvolvimento? Não! Nada disso!
Os eventos partidários estão a contornar os interesses partidários ou de grupos partidários. Mas nunca chegamos nas esteiras das Convenções com os candidatos sem definição intensa de formação de campo de forças. É como se o técnico de uma equipe de esporte estivesse, às vésperas das inscrições do campeonato, carregado de dúvidas e desacertos, sem time.
Tudo isso indica que não temos lideranças políticas e eleitorais constituídas, Partidos Políticos bem articulados e com caminhos programáticos a seguir, e que os candidatos nunca estiveram em condições tão fragilizadas como agora. E nesses esboços de candidaturas, cada um tenta gritar ao vento e sozinho suas guidagens eleitorais no espaço sideral. Seus berreiros, por ora sem ecos, são ações de dirigir ou orientar um instrumento astronômico, a visitar o cosmos, para um corpo celeste, cuja esquerda ou direita não têm conteúdo.
Para o eleitor, as indefinições são sinais de fraqueza, de desnutrição política e de morbidade ideológica. Os encantos de outrora, que arrecadavam pessoas e sentimentos e fortificavam o futuro com esperanças, não passam de uma corrida amadora de corredores despreparados para lançar as mãos sobre o futuro. O que temos? Ainda nada, um grupo de fantasmas a puxar correntes para eleitores que, ao seu apelo, demonstram apenas medos de dormir em noites turbulentas.
Discursos que traem as práticas de candidatos à Presidência da República, e que somente dão sombra ilusória no deserto escaldante de areia quente. Ainda sem candidatos à vice-presidente, ainda sem senadores postos, sobram camelos sedentos de dinheiro para candidatos a deputado.
É mais do que necessário apontar a necessidade de revisão constitucional, já atropelada por PECS de toda origem, de interesses pessoais, de necessidades do dia, e de vontade pessoais. É necessário mais do que voto par mudar o Brasil. A política atual é feita de ossos, de esqueletos sentados à mesa, com fome e sem corpo a alimentar.