A Política é a Arte da Esperança. Não é à toa que a principal atividade de candidatos em campanha eleitoral ou em gestão pública é apresentar promessas ou afirmar que tais foram cumpridas. Promessa tem correspondência direta com credibilidade, legitimidade social, confiabilidade, com moral e ética. Se prometeu será cobrado; e se não cumprir poderá vir a estar sem credibilidade, em não ser confiável, ou não poderá me representar por não ter cumprido sua palavra.
A esperança não anda por caminhos tortos e requer um conjunto de estabilidades no tempo e no comportamento. E, então, eis que as regras estão orientadas ao revés deste fundamento. A política, como instituição e no caso brasileiro, é um folguedo ou uma folia que encena as relações de interesses de pequenos grupos e de oportunismos sem fim.
Para celebrar a fidelidade partidária o Congresso cria as “Janelas Partidárias” pelas quais os políticos podem migrar livremente entre partidos num período de 180 dias antecedente às eleições. Não há ideologias orientadoras, não há programas partidários, não há compromissos com o passado pessoal e nem com o futuro dos eleitores: oportunismos gerais e interesses íntimos indizíveis. Partidos Políticos, servem como chão a ser pisado e não como organização que orienta; serve ao interesse do indivíduo de acordo com as “riquezas” do momento. Esquerda e Direita passam muito longe da luminosidade e do calor do sol.
Mas isso não basta! Agora serão processadas as Primárias Eleitorais, período no qual serão escolhidos [ou “votados”] os candidatos que serão colocados ao dispor e ao sabor dos eleitores e suas conveniências. Até lá o eleitor é um ser sem prioridade, sem protagonismo, sem prestígio; até lá não haverá promessas para o futuro, nada será pedido ao eleitor. Enquanto isso, no interior dos terreiros dos partidos, entre animais que ciscam e bichos que se devoram, os cotovelos produzem os acertos para a escolha dos candidatos.
Os eleitores surgem, por encanto, depois das primárias! Serão dispostas as promessas nas prateleiras; o dedo indicativo de condenação ao adversário estará em riste; as agressões verbais, morais, éticas explodirão e alguns eleitores, por necessidade de guerra, entrarão em combate. Os interesses por um Programa de Desenvolvimento do país estarão dispensados frente à luta no “Coliseu das Propagandas Eleitorais” entre leões famintos por carne e sangue e homens famintos por pão. O espetáculo colossal passará a escárnios de desventuras, tal qual o “Posto Ipiranga” e o “preço da gasolina”.
Eleitores não são cidadãos e nem cidadania há. Caso assim fosse os Fundos Partidários seriam respeitosos no volume e na fiscalização, os Fundos Eleitorais seriam dignos de cidadania, de hospitais e de escolas. Eleitores servem de claquete e não de respeitável plateia. Eleitores, usados, não conseguem aderir ao futuro do país, porque se grudam, como carrapatos, em lutas de pessoas sem caráter, sem qualquer característica de um estadista, sem qualquer prerrogativa democrática e que vivem às sombras do trono da corrupção no passado e no presente. Eleitor, por não ser cidadão, tem que lutar por si mesmo, com seu próprio esforço, olhando, ao final do dia, os calos nas mãos e sentindo as dores do cansaço dia!
A política é a Arte da Esperança, e o eleitor, no Brasil, brasileiro, não tem política!