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Coluna Exitus na Política

Coluna Exitus na Política

Por Sérgio Saturnino Januário - pesquisa@exituscp.com.br

“Débora: poder sem dono”


Já se ouviu muito que a Administração Pública deve funcionar como se fosse uma empresa privada. É fato que a burocracia [bureaucratique] pública é um fardo processual com toneladas de documentos, imensidão de pedidos e tragédias de informações. É o Necessitado que precisa informar o Funcionário Concedente e provar com papéis oficiais sua necessidade; é o Necessitado que precisa pedir, solicitar, requerer e contar com a boa vontade do Funcionário Concedente; é o Necessitado que precisa entender as tramas dos setores diferentes e dissociados, das condições de ter que esperar a resposta de amanhã. O processo de Administração Pública, em nossa cultura política, tem o fervor da concessão pessoal e da boa/má vontade. Serve para punir os divergentes e abençoar os próximos.

Como fizera Débora, a Política, diferente da empresa privada, não tem dono. A Política é realizada por relações de poder, por territórios de luta, por campo de força. A Política carrega todos como passageiros e a durabilidade de cada personagem depende das relações estabelecidas. Débora, a única juíza mulher de Israel, foi decisiva na vitória dos Hebreus contra os Cananeus. Devorah ou Devorar [nome em hebraico], significa abelha, inseto pequeno que pode provocar muitos danos aos inimigos e que trabalha para uma colmeia em atitude de união e comprometimento. Em paralelo, um sábio pescador já declarara: “Não fale de quem te faz a comida, e não destrate quem fala da tua vida”.

Política é uma organização que exige que as boas relações possam provocar a permanência. Política é a arte da negociação e liderança, como um composto de líquidos diferentes. Liderança diz respeito à direção partilhada e à condução dos dias de amanhã. Liderar é mais do que se colocar em posição de estrutural de ser detentor de posto de poder ou chefia; é produzir o comportamento de co-mando. Liderar é uma atividade funcional, de acordo com as posições estruturais.

Se os objetivos do mando não se fortificam nos co-mandados a percepção imediata é de que a vontade pessoal do chefe se sobrepõe às relações da colmeia. A liderança, como processo, é um vem-vai de estímulos mútuos entre diferenças individuais, possibilidades de influência e controle da energia humana. Tudo isso em nome de desejos e causas comuns. E os membros de um grupo precisam identificar esses desejos e causas. O tempo tende a deteriorar o processo de liderança e a desgastar os sistemas de apoio. E os contextos e situações vão arregalando os olhos dos mais próximos. Quando a relação entre os postos de chefia e controle perdem a funcionalidade e se contraem em condição estrutural [manda quem pode] o comando deixa de ser consistente e determinante. Ao invés de concordâncias, assinam-se ofícios!

A Política é um vulto e cada contexto apresenta as condições de mando/co-mando. E como ferro exposto ao relento, atrai ferrugem. O processo de manutenção de liderança e poder é mais intenso e pesado do que o da conquista. À medida que o “Poderoso Chefe” permanece no poder mostrará suas fragilidades, suas incompetências e seus dilemas pessoais. Suas vulnerabilidades acometem-se como identidade.

Uma empresa privada tem dono e relações hierárquicas que funcionam pela propriedade e relacionamentos. A Política não tem dono, e dependerá exclusivamente das relações estabelecidas entre os membros. Na Política não se manda, se co-manda! Débora, a despeito de seu posto, não devorava seus críticos ou oponentes! Ave Débora!


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