É de polêmica em polêmica que vive a política brasileira em nível nacional, e os adoradores de conflitos e confrontos. Ao que acontece, o mais importante é causar abalos semana sim, outra também; gerar inimigos, desinformar, mentir, caluniar, fazer do cotidiano uma guerra permanente para acusar os próximos pelos seus temores pessoais. Não se analisa mais o que é feito, mas como pode ser acusado. Tudo mais próximo de uma questão pessoal de caráter psicológico.
Na maré nacional não se sabe sobre processos de privatização de empresas públicas; não se tem ideia sobre a política econômica que surgirá ali em frente: não há plano, programa. É desconhecido o paradeiro da política de segurança, a não ser pela liberação de armas e munições. É confuso, e sempre em circunstâncias de opinião, o que se pretende sobre o meio ambiente: pessoas saem, pessoas entram e é desesperança saber que o pior já se foi. É inacabada a política de relações exteriores. E o Brasil segue.
A batalha que foi iniciada, no momento eleitoral, foi ato de vingança sem pudor às traições do governo anterior. Como ato de revolta, todos os candidatos de sempre se viram deixados para fora do barco a nadar com boia de braço em mar aberto. Iniciado o governo os primeiros passos foram de imposição de causas eleitorais e seus heróis. Em seguida os heróis se tornaram desafetos, saíram como traidores. “Se não concorda comigo, está errado”, numa composição invertida do “Príncipe” [Maquiavel].
Com entrada da pandemia em cena, a falta de informação rigorosa sobre a peste que se anunciava, deu o tom da valsa. Dois para lá, a gripe seria algo para dar tosse e dor de garganta; dois para cá, haveria de haver um kit tratamento suficiente. A dança se desenvolve com os dançarinos pisando nos pés com sapatos de saltos duros. E a discussão cansou. Foi reanimada pela CPI COVID.
Da origem chinesa do vírus às vacinas a orquestra desafinara todos os dias. Era de causar espanto aos menos iniciados em relações externas as formas de tratamento frente aos problemas. Como criança vingativa que não recebe a satisfação de seus desejos, bastava gritar acusações, criar desaforos, gerar tensões, e se imaginar forte por ser agressivo. Trata-se aí, profundamente, de fraquezas, muitas fraquezas.
Do fato de assegurar que não haveria alianças com “parte podre do Congresso”, pela vocalização de pureza de causa para conquista de resultados, cedeu ao mais temido fisiologismo sanguessuga. Hoje, para algumas festas o festeiro não é convidado. Quem grita muito perde a razão, cansa o ouvinte e desgasta as virtudes do gritão.
Disfarces sobre a realidade, mentiras sobre os fatos, invenções de problemas para viver de subordinações aos que aderem, e de revides dos que se opõem, formam a couraça da ação política, do desejo em ódio. O desejo de poder cria baba de raiva que escorre nos cantos da boca acusatória e agora cospem na cara do ouvinte. A política merece condições mais sérias, mais responsáveis. A política é uma sequência de travas e conciliações, mas chega ao ponto de desgaste insuperável quando as opções são de guerrilha.
Não há apenas opção entre combatentes. Na guerra todos perdem, mesmo quem ganha. Hoje, o povo, este ser imaginário, construído para ser uma unidade coesa, e que serve para os palavrórios dos populistas, nada em fumaça. O Barco continua a navegar, com o cheiro acre de sal e cheio de remendos das brigas internas na embarcação. E ainda há muito mar pela frente, e os navegantes nem sabem quanto. Que Deus ajude, e Netuno ampare, apesar dos almirantes!