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"No meu quintal, não!"


* Márcio Cristiano Dornelles Dias

A manifestação recente nas redes sociais contra a ocupação de terrenos por um empreendimento no Canto do Morcego (na verdade a ocupação e o empreendimento são na Brava Norte), é mais um evento semelhante ao NIMBY (Not In My Backyard, que significa “no meu quintal, não”, em português tradução livre).

O NIMBY é uma expressão usada em outros países para definir a oposição de um grupo de pessoas contra determinada obra ou atividade no entorno de onde se vive. Porém, o “direito defendido”, muitas vezes, é só o pretexto para a manutenção de privilégios de alguns.

O NIMBY pode ser praticado em grupos de ativismo que se dizem a favor do meio ambiente, por exemplo, de forma que a mobilização consiga barrar desde a construção de um determinado empreendimento imobiliário ou até a abertura de novas vias que necessitem de supressão de vegetação, mas seriam importantes para setores da cidade e poderiam proporcionar amplas compensações ambientais.

Apesar de ser legítima em alguns casos, há manifestações que geram muito mais prejuízo do que se imagina. E isso se deve ao motivo da resistência exagerada e alarmista a mudanças necessárias. É comum que iniciativas atacadas sejam benéficas para a população da cidade e da região como um todo – como um complexo residencial com moradias de alto padrão, que contemple um shopping de serviços e gastronomia e até mesmo um colégio conceituado, que segue a legislação e contribui para a valorização do bairro –, mas por motivos simplesmente ideológicos, alguns projetos são alvo de manifestações contrárias.

Para angariar apoiadores e influenciar a opinião pública, as pessoas desse movimento chegam a “aumentar um conto” sobre os verdadeiros impactos dos projetos, afirmando, sem comprovar – é claro –, que a vegetação será toda suprimida, faltará água no bairro e sombra na praia, por exemplo. Tudo para convencer que o projeto será um desastre na área.

O prejuízo citado acima mora aqui: esse movimento (sem comprovar) pode gerar a paralisação ou até a desistência do projeto.

Com numerosas regras a serem respeitadas no Brasil (leis, decretos, portarias e resoluções, instruções normativas etc.), e com a fiscalização do Poder Público, parece inaceitável que esse movimento seja recorrente, alardeie inverdades e interrompa a construção de empreendimentos legalmente aprovados, fundamentais para dar suporte ao crescimento de um bairro.

É compreensível o receio de que a verticalização excessiva altere as características atuais da Praia Brava. Mas não se pode pretender que os terrenos hoje desocupados permaneçam assim, sob pena de se gerar – aí sim – impactos negativos com ocupações desordenadas e clandestinas.

Impedir a urbanização razoável da Praia Brava é promover um boicote contra o futuro de Itajaí, já que essa área, servida de todo tipo de infraestrutura, na melhor praia da região, subutilizada na maior parte do ano e a meio caminho das duas cidades polos da região, é não só a área mais valorizada do município: é também a mais propícia para um crescimento comedido e necessário, capaz inclusive, de proporcionar contrapartidas ambientais relevantes.

Em seu livro “Os Centros Urbanos” – A Maior Invenção da Humanidade”, Edward Glaeser, professor de economia de Harvard, constata: cada vez que se proíbe a construção de novos empreendimentos compatíveis e estudados para se adequar a realidades locais, a cidade vai-se tornando mais cara e excludente. E isso provoca a perda de oportunidades de desenvolvimento para as cidades, a criação de favelas e ocupações ilegais ao seu redor.

 

* Márcio Cristiano Dornelles Dias, advogado, atua há 20 nos na Praia Brava.


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Comentários:

usuario

Paulo Nascimento

19/06/2021 09:32

Belo testo Dr. Márcio , esses Nimbys, são pequenos grupos que dizem representar todos os moradores da Praia Brava, uma inverdade , são pessoas que a anos vem prejudicando o desenvolvimento de nossa cidade, impedindo os empresários de gerar empregos e riqueza para nossa cidade, principalmente na Praia Brava. Usam varias formas de impedir que as construtoras desenvolvam seus projetos, primeiro não queriam as pavimentações das ruas, depois entraram com ação pública para impedir o subsolo inviabilizando os projetos , depois, outra ação para impedir o solo criado , agora vieram com o absurdo do tal do sombreamento, como se a sombra não fosse benéfica para o bem estar das pessoas. Esquecem eles que tem milhares de pessoas desempregadas. Todo esse absurdo em nome do meio ambiente, só se preserva com o desenvolvimento sustentável. Viva a Brava, ela é de todos.

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