Olhando para trás podemos observar como os candidatos se colocam no processo eleitoral. Nos idos de 1989, Fernando Collor de Mello se apresentou como o caçador de marajás [linha política e moral] e como um jovem cheio de energia e modernizador [aspectos pessoais]. Tudo isso era usado como plataforma contra as características de um presidente envelhecido, incapaz de atualizar a política e banhado de fatos de corrupção [José Sarney]. Collor caiu em 1992.
Pouco depois, Itamar Franco assume um processo de transição com a meta de garantir estabilidade econômica ao país. Nasce ali o Plano Real [13º Plano Econômico] pelas mãos de Fernando Henrique Cardoso, que assume a presidência em 1995. Passo seguinte foi garantir estabilidade política cujas marcas principais estavam na reeleição e na Lei de Responsabilidade Fiscal. Só tolos podem imaginar que isso corresponderia ao comunismo em qualquer vertente. Não vamos falar sobre tolices.
Um país de terceiro mundo com estabilidade econômica e política é fato raro na história política, posto que isso é coisa de primeiro mundo. E por esta razão, ainda incapaz de colocar a música política e dançar a valsa da estabilidade, redescobrimos a necessidade de agir com diplomacia [fenômeno caro a todos nós, hoje].
Fernando Henrique se elegeu diante de cenário de estabilidade e prosperidade. Mas isso ainda era pouco. Em 2002 a população votou em Lula, um candidato carismático e popular, com atitudes próximas do cidadão comum e, por isso, capaz de sentir seus sentimentos [empatia, coisa quase impossível em FHC]. Foi o período da inclusão social e de redistribuição de renda. Mas o poder envaidece e corrompe.
Findado o período Lula, começamos a reviver os desastres e deslizamentos do areal político. Os presidentes seguintes não conseguiram emplacar nenhuma segurança à população e reiniciamos uma luta rasteira do menos ruim, de que o concorrente é pior do que eu e por isso “eu sou melhor”. Agora João Dória se alimenta das fraquezas de Bolsonaro, o qual tenta imputar à Dória o alvo que o PT lhe serviu em 2018 – maniqueísmo do bem contra o mal.
Até agora não encontramos rumos precisos, metas bem planejadas e organizações para agir de forma eficiente. E ainda continuamos a escrever tolices, falar bobagens e defender ignorâncias. É comum observar políticos com intenções vaidosas, que se consideram em certo grau de superioridade e que dizem saber o que estão fazendo hoje, mas não têm a mínima ideia de aonde chegarão. Depois de eleitos os políticos acreditam estar acima na escala de superioridade e esquecem-se de planejamento e organização. Não sabem mais quais os objetivos. Só tem vontades, pessoais: “eu quero que...”, “eu não quero desse jeito...”
As eleições são feitas pelo contraste da concorrência considerando-se as identidades/imagens dos candidatos. Os desejos pessoais e as vaidades alucinantes, associadas aos vassalos de todo tempo que tentam interpretar as vontades do “rei” e não as metas públicas, se tornam o caminho próprio para o desastre. Numa administração pública, a política cai no lixão venenoso da “esquerda” e da “direita”. Tão pobres de espírito político que se Jesus descesse ao Brasil muito provavelmente seria considerado comunista. A “salvação” política merece autocrítica intensa!