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Aprendendo a viver com a tecnologia [parte IX]
No final de ano [2019] resolvi deixar de lado mais um bloqueio que mantinha em relação às novas tecnologias e utilizei o aplicativo que o banco me ofereceu no celular. Pela primeira vez utilizei o ‘banco digital’ para ter acesso aos saldos de minhas contas. Não foi uma decisão fácil porque resisti até onde pude para não ficar dependente dessas máquinas. O próximo passo será pagar os boletos também pelo celular no sistema de leitura digital de códigos de barras. No presente momento não pretendo fazer isso, mas sei que o futuro está logo ali na frente me espreitando com seu olhar onipresente, onipotente e onisciente. As agências bancárias vão fechar. Eu nasci no dia 13 de agosto de 1956 e até o dia 18 de outubro de 1977 eu sempre paguei minhas compras com dinheiro. Nesse dia eu assumi o posto de escriturário do Banco Real e junto com a carteira de trabalho assinada ganhei uma conta bancária e um talonário. Um mês depois, com o primeiro salário na conta, sai com minha mãe – Julita Garcia dos Santos – para fazer compras. Era necessário comprar roupas para fazer frente às exigências da empresa e acabamos comprando nas Casas Pernambucanas. Na hora de pagar eu fiquei tão nervoso por estar assinando meu primeiro cheque que errei duas vezes, tendo de fazer três cheques. Mas a partir daí cheque e dinheiro passaram a fazer parte da minha vida sem maiores dilemas. Depois apareceram os cartões magnéticos que os bancos insistiam em mandar pelos correios. Quase na mesma época apareceram os caixas eletrônicos. Uma dupla que recusei desde o início e por muito tempo. Pegava senha, ficava esperando horas, mas insistia em fazer tudo o que tinha de fazer no banco olhando nos olhos de um ser humano até que um dia um caixa me disse que determinada ‘operação’ só podia ser feita no caixa eletrônico. Briguei, resmunguei, pedi para falar com o ‘meu’ gerente. Mas tive de usar o cartão magnético e o caixa eletrônico. No início utilizava a dupla – cartão e caixa – somente para tirar saldos. Muito depois comecei a pagar boletos com códigos de barra e, por último, retirar dinheiro. Foi uma rendição negociada, gradativa e muito parcimoniosa. Mas, acabei me entregando por completo. Acontece que agora aparece esse tal de banco digital dizendo que eu posso fazer tudo o que preciso fazer em um banco sem ir à uma agência bancária. Novamente resisti até onde pude, mas acabei capitulando e usando o tal banco digital para ver meus saldos. Sei que o bloqueio psicológico caiu e que logo ali na frente estarei pagando minhas contas com o leitor de códigos de barras do celular. Adeus agência bancária, adeus cartão magnético, adeus dinheiro.